K.O

Festa

É preciso muita coragem e força para encarar todos os desafios que o mundo do MMA feminino tem a oferecer, a longa caminhada de julgamentos até o topo não é nada curta, e se manter sendo favorita também não é fácil, mas parece que a queridíssima Peixinho entende um pouco sobre isso. A trajetória de sua carreira ainda está no começo e muitos já a chamam de lenda, por nunca ter perdido nenhuma luta até aqui, a baiana levou esse título. Mas é realmente merecedora? Ser uma lenda não é apenas estar invicta diante dos seus oponentes, mas saber perder quando chega o momento e ter humildade com as pessoas que passam por nosso caminho. Bom, de humildade a baiana não entende muito, além de ser extremamente competitiva, não aceita que ninguém fique em seu caminho, vem demonstrando comportamentos um tanto quanto desrespeitosos perante a suas rivais, tirando sarro e postando indiretas em redes sociais, aliás, redes sociais é um marco da nossa lutadora, não é mesmo? Santo é quem nunca passou por seus comentários e memes, na maioria das vezes desnecessários, no twitter. Talento ela tem de sobra, isso não entramos em discussão, mas precisa entender que uma carreira não se constrói somente nos rings, será que o ego da lutadora irá permitir que ela continue sendo a favorita? Um conselho como telespectadora é o que eu faço: Chegar no topo não é fácil, porém o mais difícil é se manter nele. Cuidado, Peixinho, você mesma pode dar o K.O definitivo em sua carreira.

Máteria por: Gabriela Hebling

Fechei minha expressão na mesma hora em que Natália terminou de ler aquela matéria para mim, não era a primeira crítica que eu recebia dessa jornalista, ao que parece ela tinha algum tipo de problema comigo, o pior era que a desgraçada tinha uma relevância dentro do mundo das lutas e ser massacrada por ela dessa forma não era nenhum pouco bom para minha reputação. O silêncio se fez presente na sala, Natália continuava lendo os comentários em voz baixa, ela nunca me deixava ter noção sobre eles porque dizia que as pessoas eram muitos cruéis, Victor e Clarisse me olhavam apreensivos e eu não sabia o que dizer a eles.

Queria que tivesse uma forma de mudar os pensamentos das pessoas em relação a mim, eu não era nada disso que diziam nas mídias, mas ninguém estava interessado em saber da verdade e sim apenas dos boatos. Como por exemplo, quando espalharam que eu tinha batido em fotógrafos sendo que era mentira, aconteceu bem no início das lutas e eu já fui taxada de a "descontrolada", foi um perrengue pra fazer com que todos esquecessem do ocorrido e agora que tudo estava nos eixos essa jornalista não sai do meu pé. Nunca tínhamos nos encontrado pessoalmente e ela insistia em escrever sobre mim como se me conhecesse a anos.

- Precisamos rebater isso de alguma forma. - Eu quebrei o silencio de vez. - E se eu tuitasse sobre?

- Carolina, você é burra? Isso foi um dos pontos que ela citou na matéria, não comece a se enterrar. - Clarisse, minha irmã, jogou na minha cara. - Se pelo menos tivesse um jeito de mostrar que você é o oposto disso tudo. - Ela completou num suspiro.

- JÁ SEI! - O grito animado de Victor nos chamou atenção. - Vocês nunca se encontraram pessoalmente, não é? - Eu respondi que não. - E se a convidássemos para a sua festa de aniversário? Pensa bem, é o momento perfeito para tirar essa impressão de vez que ela tem de você.

- Você acha que eu vou agradar alguém no dia da minha festa? Mas nem morta!

- Carol, Carol, Carol, é só algumas horinhas, ela vem, vocês conversam e em poucos segundos essa jornalista vai tá comendo na sua mão. Ninguém resiste ao charme da Peixinho!

- Olha, eu não queria dizer nada, mas Victor pode ter razão. - Olhei incrédula para Nátalia. - Deixa eu explicar, sua festa é o evento mais próximo que temos, fazer uma festa só pra agradar a jornalista seria bajulação demais, porém, no seu aniversário é exatamente isso que temos que fazer. Bajular, mas de forma discreta. Fazer ela se sentir confortável, e você vai ter que ser uma santa.