Intensidade No Ar

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Há dois dias atrás combinamos a entrevista com Gabriela, nesse meio tempo Clarisse conversou sobre os detalhes via WhatsApp, eu estive bastante focada nos meus últimos treinos aqui em Salvador, fiz algumas propagandas para a empresa de Sergio, meu principal patrocinador e namorado de Clarisse. Ele foi um dos primeiros a me apoiar desde o início da carreira, arrumou lutas e por sempre estar metido nesse meio, me apresentou o dono de uma das maiores academias de lutas de São Paulo, Diego Wantowsky, que hoje já o considerava como meu melhor amigo além de treinador. Se tem uma pessoa a quem eu devo toda minha carreira, definitivamente é esse cara.

Eu me preparava em frente ao espelho para a entrevista com Gabriela, o nervosismo que sentia era um pouco desconhecido, já não sabia distinguir se essa ansiedade era por conta das perguntas que ela iria me fazer ou por finalmente revê-la. Tenho que confessar o fato de que nesses dias o rosto da jornalista não desaparecia da minha mente, o que já estava me deixando irritada, aparentemente sua feição ficou gravada em eterno replay. Sai dos meus devaneios quando Natália bateu na minha porta informando que a jornalista tinha chegado, respirei fundo e fui ao seu encontro.

Minha equipe tinha montado uma espécie de estúdio improvisado na minha sala, tinham duas câmeras e aquelas coisas de iluminação, pelo que eu entendi a entrevista seria transmitida ao vivo para algumas plataformas digitais. Eu não esperava por toda essa repercussão quando a entrevista foi anunciada, tinham pessoas dizendo que de todos os confrontos esse era o mais esperado, as vezes a galera exagerava, não era como se eu e Gabriela fossemos sair aos tapas em frente as câmeras. Eu espero. Por falar nisso, a jornalista se encontrava elegante hoje, bem mais do que no dia da minha festa, estava usando um macacão laranja e óculos que eu duvidava serem de grau, mas a deixava com uma expressão mais formal e séria, senti como se estivesse prestes a confessar o meu maior pecado quando ela me olhou por cima daquela armação redonda, nossos olhares se encontraram e foi como se magnetizassem, mas o contato foi quebrado por Clarisse que veio falar de canto comigo, pedindo para que eu fosse sincera e tentasse segurar minha língua em algumas perguntas, ela queria que eu causasse uma boa impressão.

Me sentei em uma poltrona, era uma de frente pra outra com uma mesinha ao centro, nela tinha uma leve decoração com um jarro de flor e dois copos de água, eu já me sentia com a garganta seca e ainda nem comecei a falar. Gabriela ajeitou os óculos no rosto e tomou uma postura mais séria, então começou a fazer uma pequena introdução.

- Olá a todos os telespectadores, hoje estamos com uma convidada que sem dúvidas dá muito o que falar, seja dentro ou fora dos rings, Carol Peixinho é o seu nome. Bom, o intuito dessa entrevista não é puxar o saco de ninguém, vocês me conhecem, espero respostas sinceras independe do tema, vou logo pedindo para que vocês também mandem algumas perguntas e ao longo do nosso tempo irei seleciona-las para ler. Antes de tudo, gostaria de informar que se a convidada não se sentir confortável com algum questionamento, peça para sair, entendido?

- Como você deve saber eu nunca fugi de nenhum confronto. - Me antecipei em falar.

- Bom começar sabendo que você leva suas relações com a mídia como se fossem inimigos, ainda bem que já estávamos gravando e eu não preciso inventar nada. - Ela retrucou. Merda, eu precisava ter cuidado com minhas palavras porque essa mulher tinha uma lábia tão forte que faria eu duvidar das minhas próprias respostas. Respirei fundo e tentei manter a calma, percebi que isso vai durar mais tempo do que eu imaginei.

Então a primeira pergunta veio.

- Me fale como e por que decidiu seguir a carreira de lutadora?

- Eu sempre gostei de me manter em forma, gosto muito de passar meu tempo na academia, comecei a fazer boxe e então Sergio, meu primeiro patrocinador, disse que eu teria um futuro promissor se tentasse a carreira como lutadora, logo pensei, porque não? Então a partir daí tive minha primeira luta, depois que senti toda aquela adrenalina não consegui mais parar.

K.OOnde histórias criam vida. Descubra agora