Um segundo.
Bastou um milésimo de segundo para o desgraçado que sequer sei o nome tirar minha vida.
Isso é tão injusto, estou com tanta raiva.
Annie continuava chorando comigo nos braços e logo alguns pedestres apareceram para tentarem me socorrer. Alguns ligaram para a emergência e enquanto os observava olhei para trás e vi uma luz branca muito forte que vinha do céu. Algo dentro de mim dizia que deveria seguir aquela luz, mas quando olhei para Anastasia ali tão frágil, sozinha, com os olhos cheios de lágrimas decidi que ficaria ao seu lado até o fim, se é que esse já não é o fim.
Segundos depois a luz se foi ao mesmo tempo em que a ambulância chegou. Me aproximei de Ana e depois de engolir em seco, tentei falar com ela.
- Annie? Está me ouvindo? - Indaguei mas ela agiu como se não estivesse me vendo.
- Posso ir na ambulância, doutor? - Perguntou ao médico que assentiu com a cabeça e rapidamente, ela entrou no local junto com a maca que trazia meu corpo.
Haviam vários equipamentos em mim e a todo momento durante o caminho, os médicos faziam massagem cardiáca no meu peito, mas parecia que de nada adiantava.
- Não me deixe Christian, por favor. - Ana suplicava cobrindo as mãos para sufocar um grito - Eu te amo tanto...
- Estou aqui Annie, aqui. - Falei sentando-me ao lado dela que continuou me ignorando afinal, não está me vendo mesmo.
Ninguém está me vendo.
Alguns minutos depois chegamos ao hospital e acompanhei Anastasia para dentro do local. Ela sentou-se na recepção ainda muito alterada. De repente uma enfermeira surgiu e a levou para algum local para lhe dar um chá de camomila prometendo que ela ficaria mais tranquila.
Caminhei pelo hospital lotado de pessoas e parei em frente ao quarto onde meu corpo estava coberto por um lençol.
Não havia somente um corpo lá e sim, vários outros.
- Olá! - Um senhor disse parando ao meu lado.
- Espera, o senhor está me vendo? - Franzi a testa enquanto olhava para o velhinho de cabelos brancos e estatura baixa.
- Sim, devia ter seguido a luz sabia?
- O que tinha naquela luz? Quem é o senhor?
- Meu nome é Peter e estou aguardando minha esposa que está no quarto ao lado tendo uma parada cardiáca. Depois de quase dez anos, finalmente vamos nos reencontrar. Optei por não seguir a luz e passei anos vagando pela terra acompanhando a vida dos outros. Foi divertido, mas cansativo também. Se a luz aparecer novamente não exite e siga-a.
- Credo! - Fiz uma careta, me afastando dele quando Ana apareceu novamente, fisicamente mais calma, mas dava pra sentir o quanto minha morte estava doendo para ela.
Ela entrou no quarto onde estava meu corpo, conversou com o médico e desabou nos braços dele chorando amargamente e repetindo não diversas vezes, que me queria de volta.
- Oh Ana, por quê não consegue me ver? - Perguntei fustrado - Amor... - Me aproximei dela - Será que não está sequer sentindo a minha presença aqui?
- Obrigada por tudo de qualquer forma, doutor. - A morena passou a mão pelos cabelos curtos, bagunçando-os, limpou o rosto molhado com um lençinho e veio na minha direção, me fazendo sentir algo extremamente esquisito ao passar dentro de mim.
Sim, dentro de mim.
Ela simplesmente passou por mim, dentro do meu corpo e saiu pelas minhas costas.
Fiquei meio tonto com aquilo, mas logo consegui me recompor e ir atrás dela.
[...]
Nossa casa ficou cheia de pessoas durante toda a madrugada.
Amigos, parentes, colegas de trabalho.
Todos consolaram a Annie que teve uma noite bastante difícil, sequer conseguindo dormir mesmo depois de ter sido medicada. Meus pais, minha irmã, Mia, e todos os outros estavam arrasados com a minha perda.
O único lado bom nisso tudo - se é que existe algum - Foi me dar conta do quanto fui querido enquanto estive nesta terra.
E enquanto todos sofriam, eu estava ali ao lado deles sem poder ser ouvido, sem poder dizer que sinto muito pelo que ouve, que queria muito poder voltar atrás, não reagindo àquele maldito assalto, mas acho que teria feito a mesma coisa de novo pois não saberia me controlar ao ver a mulher da minha vida sendo agredida por aquele maldito na minha frente, ainda mais porque sempre fui um tanto quanto estourado.
Na tarde seguinte passei pela situação mais bizarra que uma pessoa poderia passar ao acompanhar meu próprio velório e enterro.
Se bem que agora não sou mais uma... Pessoa.
Na verdade, nem sei mais o que sou.
Meus pais choravam e minha mãe segurava minha mão o tempo todo enquanto o reverendo falava palavras tristes e lindas. Ah... Como queria sentir o toque da minha mãe por mais uma única vez que fosse. Jack consolava Ana o tempo todo, lhe dando um pouco do carinho que sei que ela deve estar precisando muito. Quase todos choravam e tentava conversar com eles de todas as formas, gritava o mais forte que conseguia até, mas ninguém me ouvia e alguns até atravessaram meu corpo, me deixando estranho de novo, tonto e fraco por diversas vezes.
Estou me sentindo mais sozinho do que nunca agora.
E realmente estou.
[...]
Já de volta ao nosso apartamento, Bella estava com minha irmã, Mia, e Jack conversando.
- O que pretende fazer agora cunhada? Quer dizer, ex-cunhada. Pretende continuar morando aqui? - A morena de olhos vibrantes questionou pondo sua mão no ombro de Anastasia.
- Eu - Annie suspirou olhando ao seu redor - Não sei. Essa casa era nosso sonho, sabe? Não sei se conseguirei me desfazer dela algum dia... - Voltou a chorar - Aqui sinto como se Chris ainda estivesse comigo, entende? É loucura não é?!
- Não é não. Também sinto como se meu maninho estivesse aqui. - Mia disse chorando também.
- Pois para mim isso é loucura. - Jack retrucou demonstrando que era tão cético quanto eu sou ou... Era - Christian não está aqui.
- Estou sim. - Respondi mesmo sabendo que ninguém ouviu, mas não nem aí pois continuarei falando pelos cotovelos.
- Nós sabemos, Jack. - Ana se levantou e foi até o quarto mexer nas minhas coisas, seguida por eles. - Tenho que me desfazer de algumas coisas pra não ficarem velhas agora que o Chris, enfim. Christian tinha tantos ternos, tantas roupas... Acho que ficaria feliz se eu doasse parte de suas coisas para instituições de caridade, pra quem realmente necessita. - Tentou esboçar um sorriso mas não conseguiu.
- Ficaria sim, amor. - Assenti com a cabeça.
- Posso cuidar disso, se quiser Aninha. - Mia sugeriu já que está no último ano de sua faculdade de moda e entende bastante do assunto pois todos os anos, costuma realizar bazares beneficentes de roupas e sapatos.
- Obrigada Mia. - A morena agradeceu tentando sorrir, enquanto Jack começou a mexer nas minhas gavetas.
- E se quiser posso cuidar dos documentos, dos papéis do Grey. Como trabalhei muitos anos com ele, entendo mais desse assunto que você, querida. - O loiro deduziu.
- Pode ser, mas outro dia Jack. - Todos saíram do nosso quarto - Daqui umas semanas pensamos nisso.
- Semanas? - Jack engoliu em seco.
- Sim, algum problema? - Ana deu de ombros.
- Não, claro que não. - Meu amigo sorriu - Que tal irmos tomar um café? Os três?
- Ta bom, vamos. - E amparada por Mia, Annie saiu do nosso apê acompanhada de Jack.
O problema foi que ela fechou a porta depois que saiu.
Tentei abrir mas minha mão não consegue encostar em nada físico e... Espera! Sou um fastasma e fantasmas atravessam portas do mesmo jeito que as pessoas conseguem atravessar meu corpo, simples assim.
Coloquei a mão na porta e tentei atravessa-la, mas tirei rapidamente quando senti outra coisa estranha, como se o material da porta tivesse entrado na minha mão. Tentei de novo lentamente mas conforme ia enfiando meu corpo dentro da porta, a madeira dela entrava dentro de mim e sentia como se estivesse sei lá, sufocando, era muito ruim.
- Que droga! - Resmunguei olhando para o teto quando de repente ouvi um barulho.
A maçaneta da porta estava girando e de repente surgiu alguém que jamais pensei que fosse ver de novo na minha frente.
O bandido que me matou ontem.
- Filho da mãe! - Trinquei o maxilar e fechei os punhos - O que faz aqui hein? Como sabe meu endereço? - Perguntei mas fui ignorado como estou sendo nas últimas horas.
O bandido entrou devagar, fechou a porta e olhou para os lados.
- Por que fez isso comigo seu desgraçado? Por quê destruiu minha vida? Assassino maldito! Eu tinha família, sabia? Sonhos, projetos e por sua causa tudo foi para o ralo! Eu odeio você!!! - Gritei cheio de raivs tentando dar um soco nele, mas como não consigo tocar em nada físico, minha mão apenas atravessou o corpo dele que subiu as escadas até meu quarto.
- O que está procurando? - Ele abriu duas gavetas e a vasculhou com certeza em busca de algo. Mas o quê seria?
Dinheiro não deve ser porque nossas economias sempre ficaram guardadas no banco.
Céus, o que esse cara realmente quer comigo e com minha mulher? Fui tirado dos meus devaneios ao ouvir outro barulho. Deixei o canalha no quarto e desci até a sala, tomando um susto ao ver a maçaneta girar novamente e Ana entrar na nossa casa... Sozinha.
O assassino está no quarto agora e Annie, na sala.
Será que ele vai tentar fazer algum mal à ela?
Não sei como mas não irei deixar que ele a machuque, eu juro.************************************
Capítulo emocionante, não?
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Eterno Amor
FanfictionO que você faria se do nada sua vida virasse de cabeça para baixo? Foi o que aconteceu com o jovem Christian Grey que até aquele momento se sentia o homem mais feliz da face da terra. Tinha acabado de conseguir uma promoção no emprego e ido morar c...