Capítulo 5

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O que está acontecendo?
Era o que me perguntava enquanto via Jack conversando normalmente com o homem que atirou mim, como se fossem velhos amigos. 
E são. 
- Impossível! - O canalha negou - Na noite em que matei esse tal de Christian a rua estava vazia, cara! Tenho certeza disso! 
- Mentiroso! - Jack rosnou fechando os punhos, visivelmente - Alguém viu você matando o Christian, Clark! Disse que não era pra matar, que era só para pegar aquilo para mim e deixa-lo em paz! Por quê foi fazer aquela merda toda?! 
É isso. 
Jack foi o mandante do crime... Mas como assim ele não queria que eu morresse?
O que ele realmente queria tirar de mim? 
- Porque o imbecil do seu amigo reagiu, já te expliquei em detalhes dias atrás. Se ele tivesse ficado na dele, não teria morrido mas foi bancar o machinho quando enfiei a mão na cara da vadia dele e por isso, teve o que mereceu! 
- Não ouse se dirigir a Ana desta forma escrota, criatura. Era só pra você ter pego aquela maldita senha, só isso. Pra que eu pudesse pegar o dinheito que desviei da empresa e pagar aqueles traficantes que não saem mais do meu pé, agora é o meu que está na reta cara. 
Espera... Tiraram minha vida por isso?
Por causa de dinheiro pra pagar traficante?
Na adolescência Jack teve alguns problemas com drogas, mas achei que estivessem devidamente superados, nunca poderia imaginar que ele roubaria dinheiro do trabalho pra pagar uma dívida dessas. 
Não consigo acreditar no que está acontecendo aqui, diante dos meus olhos. 
Jack mandou esse tal Clark me assaltar pra conseguir a senha do dinheiro que  escondi.
Agora tudo faz sentido. 
É por isso que ele mandou o bandido na minha casa outro dia e é por isso também que pediu a Ana para ficar com meus documentos todos, é por causa desta maldita senha. 
Mas se depender de mim, esse filho da mãe nunca vai ter essa senha. 
Eu juro. 
- Por que fez isso comigo, Jack? Pensei que fosse meu amigo, meu brother!! Eu tinha uma vida, família! Tinha sonhos cara e você tirou tudo de mim por causa de dinheiro?! Como teve coragem?! - Gritei desesperado sentindo uma raiva intensa dentro de mim, misturado com uma tristeza tão profunda que sentia como se não houvesse chão abaixo dos meus pés. 
E não havia mesmo. 
- E agora? O que quer que eu faça? - Clark perguntou olhando para os lados a fim de ter certeza que estavam sozinhos, mas não estão. 
Para o azar deles, estou aqui ouvindo toda a sujeirada deles de camarote. 
- Amanhã quero que vá atrás de uma tal de Grace, que se diz mãe de santo mas na verdade é uma charlatã que deve ter visto o crime que você cometeu e agora, está tentando se dar bem em cima disso. - Jack deu sua ordem - E... - Engoliu em seco - Faça o que tiver que ser feito para que aquela vaca cale a boca e suma da face da terra de uma vez por todas. 
Jack quer que Clark mate Grace. 
Céus, como não pude perceber que o homem a quem tinha como amigo era um verdadeiro monstro? 
Acho que já ouvi o suficiente e por isso, os larguei e voltei para casa. 
Olhar para Annie é o único alento que tenho neste inferno todo, mas o fato de não poder toca-la e conversar com ela dói tanto, mas tanto... 
É uma dor sem fim, literalmente. 
Quando cheguei em casa Ana não estava lá. 
Onde será que foi?
Sentei no sofá e minutos depois, ela entrou em casa com uma cara de poucos amigos.  
- Não acredito que me deixei enganar de novo. - Murmurou fustrada cobrindo o rosto com as mãos, parecendo com vergonha de alguma coisa que fez. 
- O que aconteceu amor? 
- Christian... - Passou a chorar sentando-se ao meu lado - Queria tanto que estivesse realmente aqui, preciso tanto de você, do seu abraço agora. 
- Estou aqui, Annie. - Tentei toca-la em vão, mais uma vez. 
- Ai, ai... - Secou as lágrimas rapidamente quando a campainha tocou, foi até a porta e a abriu - Jack?
O que esse maldito faz aqui?! 
- Ana, não deixe ele entrar!! - Falei, mas como sempre ela não me ouviu. 
- Entra Jack. - Deu passagem para que ele entrasse em casa. 
- Está tudo bem, Ana? - O filho da mãe perguntou beijando a bochecha dela carinhosamente. 
Daria qualquer pra conseguir dar um soco na cara desse lixo imundo agora. 
- Não, fui na delegacia hoje Jack.  
- Não acredito que você fez isso, mas que palhaçada, Anastasia! - James reclamou  indignado. 
Claro né, ela ir na delegacia é o primeiro passo para que ele seja desmascarado. 
- Fez bem em ir, amor. - Sorri. 
- Eu tinha que ir. Fiquei com medo depois do que ouvi de Grace, mas logo que cheguei lá me arrependi. Contei tudo para o delegado que me mostrou a ficha corrida daquela mulher. É uma trambiqueira, tem vários processos nas costas até por falsidade ideológica. Como pude acreditar nela? - Ana sentou-se com ele no sofá - Acho que queria tanto que o que ela contou fosse verdade, queria tanto me comunicar com Edward que meti os pés pelas mãos. - Deu de ombros. 
- Pois é querida. - Jack pôs a mão em cima da dela sob meus olhares de ódio - Estou com sede, que tal me oferecer um cafézinho daquele que só você sabe fazer? 
- Já volto. - Ana foi até a cozinha preparar tudo. 
Devia era dar veneno para esse assassino de merda. 
Jack ajeitou seus cabelos e em seguida, desabotoou cinco botões de sua camisa. 
Cinco botões?! 
É impressão minha ou esse idiota está pensando em seduzir a Ana? 
- Prontinho! - A morena avisou voltando à sala e pondo a bandeja com as xícaras de café e açucar sob a mesinha de centro. 
Jack pegou sua xícara em mãos e enquanto Anastasia estava distraída adoçando o próprio café, aproveitou para derrubar um pouco em sua camisa. 
- Oh, que desastrado eu sou, desculpe por isso Ana! - Se fez de vítima. 
Revirei os olhos. 
- Acontece Jack! Vou pegar um pano pra você se limpar. - Educada, a morena foi se levantar mas ele segurou seu braço. 
- Espera querida... - A fez se sentar novamente - É só eu fazer isso que resolve. - Tirou sua camisa na frente dela que sem graça, desviou o olhar. 
Não, Jack não vai ter coragem de fazer isso comigo. 
- Annie - Segurou as mãos dela. 
- Que foi? - Perguntou não entendendo nada quando ele foi se aproximando de seu rosto. 
Ele acha que vai beijar a minha mulher? 
Não posso permitir isso. 
Estava com tanta, mas tanta raiva naquele momento que fui pra cima de Jack soca-lo. 
Não o acertei mas curiosamente consegui acertar o porta-retrato que estava no rack e com o impacto do meu soco, o mesmo caiu no chão. 
É isso! Pra conseguir tocar as coisas, preciso estar com muita, mas muita raiva ou sob emoção forte e é por isso que aquele fantasma do trem conseguiu fazer aquilo comigo. 
- O que foi isso? - Ana afastou-se de Jack, ficando de joelhos no chão para pegar minha foto - Está maluco, Jack?! Sou mulher do seu melhor amigo, jamais teria nada com você. 
- Ex-mulher! Christian está morto e nós, vivos. Precisamos seguir em frente Ana! Não acha que está na hora? 
- Não, isso é um erro. Amo Christian e não pretendo ser de outro homem nunca mais, muito menos de você. - Abraçou o porta-retrato - É melhor você ir embora, Jack. - Foi até a porta, girando a maçaneta - Por favor, vá embora. 
- Okay, como quiser. - Incomodado, Jack pegou sua camisa e saiu da nossa casa. 
- Boa amor! - Comemorei batendo palmas.  
[...]
Após toda aquela cena horrorosa de James dando em cima da minha Ana fui procurar a mãe da paz na casa dela, logo na manhã seguinte.  
- Grace? - A chamei enquanto ela se alimentava na cozinha de casa. 
- Ah não! Não acredito que teve a audácia de voltar aqui! - Parou de comer olhando para todos os lados a minha procura - Por sua causa um monte de fantasmas andam me procurando para se comunicarem com suas famílias! Entram e saem do meu corpo sem permissão, como se eu fosse um mero objeto! E tudo por sua culpa! Odeio você com todas as minhas forças, Christian Grey! 
- Terminou o drama? - Ironizei revirando os olhos - Veja pelo lado bom, agora você não precisa mais enganar ninguém pois realmente se tornou uma sensitiva que conversa com espíritos. Enfim, vim aqui por outro motivo. As coisas mudaram muito pois ontem descobri quem foi que mandou me matar. 
- E o que eu tenho a ver com isso? - Voltou a comer. 
- Simples! A pessoa que me matou está querendo matar você agora.  
- QUÊ?! - Ela quase engasgou com a comida. 
- Aquele meu amigo que te falei, Jack, ele é o responsável pela minha morte e tudo por causa de um dinheiro que ele andava desviando da empresa onde trabalhávamos. Eu descobri e... - Alguém bateu na porta.
- Quem será? Será que é o.... 
- Com certeza é o cara que quer te matar. - Deduzi. 
- O que faço agora? - Grace perguntou sussurrando. - Olha a confusão que você me meteu! 
- Não é hora de achar um culpado pra tudo isso, você precisa se esconder... Deixa eu pensar.  
- Céus... - Ela começou a tremer, enquanto tirava a mesa para que quando o bandido entrasse, pensasse que não tem ninguém em casa. 
- Calma, você vai ficar bem! Er... Já sei, se esconde dentro do guarda-roupa! Você é muito pequena e magrinha, vai caber lá com certeza. - Foi a melhor ideia que pude ter no momento. - Rápido!  
- Okay! - Grace concordou saindo correndo para se esconder. 
Segundos depois, a porta foi aberta e Clark tirou uma arma do bolso, olhando para os lados. 
Ainda bem que as irmãs de Grace não estão em casa, caso contrário também correriam grave perigo de vida. 
Clark revistou a casa toda em busca de Grace, mas por enquanto ainda não a achou. 
Quando ele entrou no quarto, percebi que se não fizesse algo ele iria acabar encontrando e matando a ex-charlatã. 
Me concentrei no vaso que havia no criado-mudo da cama e usei toda a minha força e raiva para atingi-lo. Por sorte, consegui e o objeto caiu no chão assustando Clark que arregalou os olhos. 
- Que horror!!! O vaso se mexeu e caiu sozinho! - Gritou saindo correndo da casa bastante assustado. 
Um assassino que tem medo do sobrenatural... Vai entender. 
[...]
- Ele foi embora mesmo? - Grace indagou minutos depois de sair do armário, ainda com medo de toda aquela tensão. - Tem certeza?  
- Sim e não vai voltar tão cedo, pode confiar. 
- Você quer minha ajuda ainda? Estou disposta a fazer qualquer coisa, desde que você prometa que não vou acabar assassinada como você. 
- Prometo que se fizer o que preciso, vai acabar tudo bem! - Garanti sorrindo por mais uma vez, conseguir o que queria.  
[...]
O esquema era bem simples, fruto de uma ideia que tive durante a noite enquanto velava o sono da minha doce Annie. 
Já que Grace tinha se metido em encrencas no passado não foi difícil para ela conseguir um disfarce de madame com um vestido muito elegante, jóias falsas e afins. 
Em seguida ela usou uma de suas antigas identidades falsas e fomos até o banco mais próximo. 
No caminho alguns a olharam com estranhamento já que ela estava falando sozinha, quer dizer, comigo. Mas como sou fantasma ninguém estava me vendo ao lado dela e obviamente, acharam que ela era doida de pedra. 
Até falava pra ela ficar quieta, mas mãe da paz é uma verdadeira matraca.  
Chegando lá ela se passou pela dona da conta que eu havia feito para esconder o dinheiro, dizendo para o gerente que queria fecha-la. O funcionário do banco estranhou afinal, na conta onde estava o dinheiro roubado tinha quase um milhão de dólares. 
Dei as instruções para Grace que pediu para que todo aquele dinheiro se transformasse em um simples cheque ao portador e em seguida, saímos discretamente do banco tomando cuidado para não sermos assaltados por nenhum trombadinha. 
- Não acredito que estou com um milhão de dólares dentro na bolsa! - A morena exclamou enquanto caminhávamos na calçada. 
- Fala mais alto que passa um trombadinha e rouba você, Grace. Mas falando sério, você não pode ficar com esse dinheiro de jeito nenhum. 
- Que? Por quê não posso ficar com essa grana? Ia mudar a minha vida, sabia? Sem contar que fui eu quem resolveu toda essa treta, já que você como defunto não consegue colaborar muito. 
- Porque é um dinheiro maldito, Grace. Por causa desse dinheiro, perdi minha vida. Sem contar que se ficar com ele e alguém descobrir o trambique que fizemos, vai ser mais fácil te pegarem e você será presa, esqueceu? 
- Droga, é verdade. - Grace concordou murchando um pouco - O que farei com todo esse dinheiro, então? - Questionou no mesmo momento em que passaram duas freiras ao nosso lado. 
- Sabe o que deve fazer, não é? 
- Vou dar esse dinheiro todo para simples freiras? Que vida injusta!
- O dinheiro vai para a caridade. Vai ser bom pra você pagar um pouco dos seus pecados que são muitos, aliás! - Brinquei entre gargalhadas. 
- Argh, que merda! - Mesmo a contra-gosto, mãe da paz foi até as freiras, que ficaram muito felizes ao receberem a poupuda doação - E agora? O que pretende fazer, Christian?
- Partirei para a segunda parte do plano. Agora mesmo irei até Jack me vingar dele do jeitinho que o canalha merece. 

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Penúltimo capítulo, amanhã posto mais!!

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