Cama de Rosas - Parte III

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Obrigada por acompanhar esse romance. É recomendado que escute as músicas de acordo com a história.



https://www.youtube.com/watch?v=nfeUHpgIG1g

Flamenco árabe


    Viajamos por longos anos, voltei ao Deserto do Saara que com suas areias escaldantes me fez como que por magia, parte dele, era sedutora a forma como assim como na Espanha, dançávamos todas as noites e adquiríamos novos hábitos. Além do inseparável violão, Jon havia aprendido com os outros ciganos que encontramos em nosso caminho, a tocar Derbak, era um instrumento de percussão muito usado nessa região, como sempre, ele tocava e eu dançava com meus snujs, ainda que outros ritmos, debaixo de outros céus, outros ventos... Nossos olhares se cruzando enquanto seu instrumento, fosse o violão ou derbak, instigava o meu quadril a chacoalhar as moedas, era tão intenso como da primeira vez. Amor de lua cheia, total verdade nas nossas vidas, amor de calor de fogueira.

    Entre lenços, incensos, sob céus estrelados ou enluarados, grama ou areia, calor abrasador ou frio congelante da noite do deserto, eu o amava cada vez mais. 

   Jon estava ajeitando a nossa tenda, pois havíamos acabado de percorrer mais um caminho para estarmos perto de um oásis de águas cristalinas e árvores de sombras mais amenas, Juliet e eu havíamos tomado banho com ervas e flores, sequei meus cabelos ao sol, minha mãe foi alimentar Juliet enquanto eu fui até Jon.

-Quer ajuda, meu amor?

Ofereci um damasco recém colhido.

-Quero um beijo...

Fiquei na ponta dos pés e sorrindo, beijei sua boca. Ele afundou o nariz em meu pescoço.

-Nunca nenhum outro doce perfume me torturou mais que o seu cheiro, cigana...

Ele me abraçou e se embolou nos meus cabelos.

-Vem, vamos terminar isso logo, tem um lago maravilhoso aqui perto, você precisa relaxar, veio guiando Andaluz, Ventania e toda a caravana até aqui! 

   Terminamos de ajeitar nossa tenda tudo em seu devido lugar, Jon estava exausto, era fim de tarde e fazia muito calor como sempre, logo mais esfriaria, a temperatura no deserto durante o dia beirava a 50ºC e a noite chegava a 0ºC, era uma queda considerável, por isso muitos beduínos usam tantos turbantes mesmo no calor, dessa forma poderiam se proteger do sol e do vento morno e seco, nós não fomos acostumados com turbantes, mas acabamos nos adaptando a lenços. Jon usava um lenço de algodão, na maioria das vezes negro amarrado na cabeça e deixava que suas pontas caíssem pelos cabelos e ombros, as vezes branco.

   Eu preferia algo mais leve, parecido com um Hijab, o lenço das mulheres árabes, cobria o rosto e o restante da pele, guardando do sol e dos homens do deserto, por ser casada, preferia os mais escuros. Aprendi com elas a usar o kajal forte nos olhos, já que na maior parte do tempo em que estava com o véu, era apenas os olhos que apareciam.

   A água era cristalina como jamais vista em  qualquer terra por onde andamos, inacreditável como no meio do deserto podíamos ter tâmaras, damascos e figos tão tenros. Me sentei na beira do lago, Jon se despiu e mergulhou espirrando água em mim.

-Ei!

-Te molhei?

Ele perguntou sacudindo os cabelos pra molhar mais.

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