⍆ Prólogo

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O cheiro de madeira envelhecida penetrou sobre meu olfato no instante em que abri a porta do escritório da mansão Bianchi

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O cheiro de madeira envelhecida penetrou sobre meu olfato no instante em que abri a porta do escritório da mansão Bianchi. A luz ambiente estava baixa, definhando ainda mais o lugar de aparência antiga. Ao longo das paredes, era possível observar a fina camada de poeira que cobria as dezenas de prateleiras de livros intocáveis. Por mais que fosse conservador em diversos aspectos, eu odiava o quão milenar aquele cômodo se encontrava, não vendo a hora de ter o poder de reformá-lo ao meu gosto.

Eu estava atrasado para a reunião, e tinha plena consciência do quanto Franklin Bianchi odiava impontualidade, porém, eu tinha sérios motivos para justificar a minha demora. Por conta de um problema no casino de apostas ilegais que eu administrava ao lado do meu irmão, no sudoeste de San Diego, acabei demorando para ir embora, pegando um tráfego enorme até a casa que eu chamava de lar.

Os pares de olhos resignados se viraram na minha direção quando fechei a porta com cuidado, ouvindo o ranger do assoalho sob meus pés enquanto caminhando a passos lentos até a única cadeira vazia, ao lado de Carter, que abriu um sorriso de tubarão ao me ver chegando de mansinho. Os outros membros do alto escalão da máfia já se encontravam a postos, na espera da minha presença para dar início à reunião designada por Franklin.

— Eu acho que você está atrasado, bro. — alfinetou, levando até os lábios o cigarro que balançava entre seus dedos, dando uma longa tragada ao esperar minha resposta, assim como todos os outros presentes na sala.

— Tive alguns problemas para resolver no Seven Mile Casino. Um dos nossos homens acabou se envolvendo numa briga e fui obrigado a intervir antes que as coisas saíssem do controle. — expliquei de forma sucinta, sem querer entrar em detalhes sobre como eu lidava quando os negócios saíam do controle. — Ao contrário de você, que não se deu o trabalho de aparecer por lá hoje. — devolvi, dando um aceno discreto para o nosso pai, não passando despercebido pelos olhos atentos do mais novo.

Carter Bianchi era apenas dois anos mais jovem que eu. Os olhos azuis do homem brilhavam diante de um novo desafio, sempre disposto a cumprir qualquer ordem de Franklin. Ele amava o jeito como cuidávamos das coisas, não tendo a menor capacidade de percepção do quão condenável poderia ser a vida dentro da máfia ao olhos de um cidadão normal.

Para os outros, isso era um sinal claro de alguma psicopatia.

Para nós, era uma linhagem.

Sangue.

Família.

Desde crianças éramos introduzidos nessa vida onde tudo acontecia de acordo com a vontade do nosso boss, patente essa que Franklin herdará de seu pai, e que em breve eu herdaria como primogênito. Nossos negócios não eram simples, assim como as extensões que rodavam quase todas as classes sociais possíveis, desde o chefe de uma gangue num bairro da periferia, até políticos e membro do governo.

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