- Lyah!
- Já vou, mãe!
Enxuguei as mãos no avental e deixei as louças por lavar. A essa altura e de onde o som vinha ja era quase certo que eu sabia do que se tratava.
4, 3, 2… Contei mentalmente.
- Filhinha, olhe a bagunça que está esse porão. Seu irmão esta ajudando seu pai, e eu estou costurando umas roupas de encomenda… Será que voce não poderia aproveitar que eles estão fora...
Fazia mais de 2 semanas que o Frederich fugia da responsabilidade de arrumar tudo sozinho. E pra falar a verdade, nosso pai também não queria que ele fosse. Não era predileção a ele, mas ao porão. Mania de guardar o desnecessário e medo de perder algo. O porão era pequeno, mas cabia inúmeras coisas que só serviam para acumular poeira. Pra falar a verdade até que eu sentia uma certa vontade de colocar a mão na massa, ou melhor… nos livros. E me livrar de tudo que não parecesse útil.
- Tudo bem, mãe. - Espirrei assim que terminei de falar - Eu vou dar um jeito nisso agora.
- É por isso que eu te amo, vou até lavar seus pratos.
- Sei bem... Não vou me esquecer desse imenso favor que me faz.
Nos olhamos e rimos. Desci as escadas com cuidado. Os degraus não eram tão seguros como deveria ser. Aquela casa era antiga, e o porão foi construído para abrigar a familia de possíveis guerras. Ela não chegou a enfrentar cenas desse nivel. Nunca precisei me esconder de alguem, além claro, dos momentos que brincava quando era criança. Suspirei enquanto olhava ao redor. O trabalho seria grande. Teria a manhã toda pra mim, ja que meu pai só voltaria pela tarde. Peguei uns caixotes e enchi com paginas soltas de livros que provavelmente nem existiam mais. Toda a manhã foi assim subi para pegar meu almoço e desci novamente. Havia algumas estantes que estavam lotadas de livros, fui em direção a uma dela, coloquei o prato sobre uma pilha de livros, e decidi conferir um por um, mas por descuido, e meu tipico jeito desajeitada de ser, acabei batendo o cotovelo sobre o prato que foi parar aos pedaços no chão. Me agachei rapidamente para pegar os cacos, antes que meu pai visse. A essa altura ele ja estaria em casa. Foi nesse momento que minha atividade foi interrompida... Quando no lugar de um livro vi uma caixa na estante. Seria algo normal, te confesso. Até que tirei ela de lá. Sobre a capa por tras da poeira que tentei remover com a mão, havia uma cruz formada por duas espadas.
- Será que é o LIVRO? - Cochichei cheia de esperança e curiosidade.
Lembrei de que quando criança via meu pai exortando minha mãe acerca de um livro, não havia outro nome. Só o chamavam assim, como se esse nome bastasse para identifica-lo e diferencia-lo. Eu sabia, que se alguem me visse com o Livro, tentariam tirar de minhas mãos. A caixa estava amarrada apenas por um barbante. Como pode esse livro só ter essa proteção? Tudo de encaixou quando vi que o livro tinha cadeado, mas não tinha a chave. Na capa do livro o mesmo desenho que havia na caixa, só que dessa vez com cores e relevo.
- Lyah, filha! Esta tudo bem?
Assustei-me quando ouvi a voz de minha mãe se aproximando da porta do porão. Foi o tempo necessario para colocar o livro e a caixa dentro do caixote cheio de papeis soltos. Empurrei garantindo que nao ficaria nenhuma brecha para fora.
- Ouvi um barulho e depois um silencio total, nem seus espirros mais…
- Ah mãe, eu derrubei o prato sem querer, e acho que me acostumei com a poeira.
- Tudo bem, vou levar essas caixas pra Fred jogar fora…
Ela ia arrastando o seu livro junto.
- Não precisa - falei enquanto segurava o caixote -...é, ele nao vai ter gloria nenhuma sobre meu trabalho duro. Nao vou facilitar para ele nao.
Minha mãe riu e assentiu enquanto subia os degraus.
Suspirei aliviada enquanto pegava novamente a caixa. Aproveitei e a enrolei em uma das colchas que estavam no porão. Subi as escadas e me assegurei de fechar a porta.
- Pra onde esta indo?
Era meu pai, tomei um belo susto.
- Oi pai!! Estou levando essas colchas pra lavar. E nem tente entrar, ja tranquei com chave. O senhor só verá depois de terminado.
- Tudo bem, mas quero conferir cada coisa que voce quer jogar fora, viu?
Relaxei os ombros.
- Não se preocupe, tudo será conferido pelo senhor. Com licença.
Dei as costas imediatamente e fui ao meu quarto. Com a porta trancada tirei o livro daquele emaranhado de colcha. Procurei por uma dica no proprio livro de onde poderia estar a chave. Só que não havia nada. Quando finalmente acho algo interesante, ele esta com fechadura. Sensação de frustração total. Tudo nesse pedaço de terra que os outros insistiam em chamar de reino era monótomo demais.
- Que raiva!
Joguei o livro sobre minha cama, a chave caiu fazendo um barulho como o de uma pequena moeda. Provavelmente estava entre as folhas. Me certifiquei de que a porta estivesse bem fechada, peguei a chave - que tinha uma estrela de 6 pontas em uma das extremidades - , me sentei no chao com o livro a minha frente e destranquei a pequena fechadura, revelando que ali não havia meras palavras. Mas palavras com poderes.
E ai povo!! O que acharam do primeiro capitulo? Pra voce quais serão as primeiras palavras que ela vai ler? Se gostar, da uma estrelinha e se nao gostar comentem o motivo!!! Beijocas, até a proxima!

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Sobrenatural
AdventureNão subestime o seu desejo de transformar o mundo. Pode ser que o seu mundo dependa disso para mudar. Um livro pode mudar o destino de uma pessoa? O de Alyah sim. Uma garota que vive num mundo perfeito demais. Atraves de suas indagaçoes ela chega a...