Amor diabético

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  E para uma diabética você era minha insulina e meu açúcar simultaneamente; ao mesmo tempo que podia me salvar podia me matar em diversas situações. Havia momentos que você era necessário, e havia horas que sua exceção me causava riscos; em circunstâncias que eu necessitava de açúcar você me trazia insulina, e em situações que eu morreria de hiperglicemia você me presenteava com doces.
  É possível eu ficar um ano inteiro sem ingerir uma unidade sequer de insulina e acreditar que meu pâncreas seria como meu coração e iria se curar sozinho, mas ao passar do tempo sua ausência e seu excesso juntos foram me deixando cega trazendo uma retinopatia diabética, não me permitindo enxergar todas as suas falhas, aliás o amor sempre foi cego. Sua ausência me trouxe medo e voltei com meus medicamentos, porém decidi tomá-los em excesso com medo de nunca mais te admirar, e sua ausência e excesso juntos novamente me deixaram no hospital por uma hipoglicemia que me levaria a convulsão; você afeta a parte do meu cérebro que me mantém sã.
  E para uma diabética você era minha insulina e meu açúcar ao mesmo tempo; com ao passar dos anos aprendi a lidar com minha doença e a administrar minhas doses e desejos. Tomava unidades corretas suas não permitindo que você tomasse controle total do meu corpo, e te consumia com moderação para que não alterasse um mapa glicêmico tão saudável. Você pode tanto me matar como me salvar na mesma medida que preciso tanto da sua ajuda quanto da sua ausência.

Aos diabéticos que amam,
Julia Antenucci.

Minhas lágrimas em letrasOnde histórias criam vida. Descubra agora