Fugindo p. II

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__ Me passa o celular Gustavo.

Gustavo fez o que Tulio pediu sem dirigir a palavra ao irmão; Tulio foi até a galeria e analisou o mapa, circulado de laranja estava o centro do morro, que ligava para os becos que a mãe havia informado.

__ Tulio, você não acha que é meio arriscado? Mamãe não vem aqui a mais de vinte anos.

__ Você prefere se arriscar tentando fugir, ou morrer amanhã de manhã?  Porque se quiser pode voltar,  mais eu vou seguir em frente, e não vou fazer  mamãe e papai correrem perigo pra virem nos buscar. Vai seguir comigo ou não?

__ Vou...mas primeiro, me perdoa pelo o que eu falei mais cedo.

__ Guto, quando a gente chegar em casa a gente conversa sobre isso.

__ Tem certeza?

__ Tenho, agora vamos entrar naquele beco ali. Fica atrás de mim ok!?

__ Tá!

Gustavo e Tulio desciam o beco olhando o movimento, haviam algumas pessoas ali, e quando passavam por elas, aproveitavam o escuro para esconder o rosto. O complexo do Alemão é a maior favela do Rio de Janeiro, e eles ainda tinham muito chão pra andar.

__ A gente tem que se disfarçar, ou irão ver que é a gente Tulio.

__ Você tem razão.__ Tulio concordou com o irmão._ Vamos prestar atenção no local em que passarmos, qualquer roupa masculina que a gente ver, temos que pegar ok.

__ Tá bom...Agora vamos, temos apenas a noite para andarmos desapercibidos.

Gustavo tinha razão. Os rapazes descia o morro observando cada casa, cada pessoa e faziam de tudo para se tornarem invisíveis aos olhos dos moradores. Em alguns pontos, eles encontraram camisetas e bermudas estendidas num varal, não contaram conversa, se trocaram rápidamente e em um piscar de olhos, os rapazes já não estava ali.

Tulio gravava cada local que passava, e isso era um bom sinal, ele tinha um grande talento em ser observador, já Gustavo tinha um enorme talento em conquistar as pessoas ao seu redor.

__ Que horas são?

__ Uma e dez da manhã. Guto, agora temos que tomar cuidado e andar sempre em locais mais escuros, quem estiver acordado a uma hora dessas não são apenas moradores.

__ Verdade...Tulio, eu estou com medo. E quando amanhecer? E eles perceberem que não estamos mais lá; o que vamos fazer?

__ Não sei, mais temos que encontrar alguém de confiança.

__ Olha quem tá falando, o cara mais antisocial na face da terra.

__ Vai começar Gustavo?

__ Tá bom, desculpe. Vamos adiantar...

Os irmãos andaram muito, e notavam a cada andada que o sol estava aparecendo, e com ele a preocupação daquele novo dia.

Naquela hora do dia, a procura de alimento estava o senhor Aristides de setenta e cinco anos, um homem bondoso, só que frequentemente anda em situação difícil, tendo que criar as duas netas de dezessete e dezenove anos que perderam os pais recentemente. Seu Aristides era um senhor aposentado, mais que passava grande necessidade com as netas, foi ele quem encontrou os irmãos Kross, que dormiam recostados num canto duma lanchonete.

__ Ei meu jovens, precisam de ajuda?

__ Ham...?__ Tulio pulou assustado.__ Gustavo, acorda...

__ Meu nome é Aristides.__ Falou o idoso meio cabreiro.

__ Eu sou Tulio, esse é meu irmão, Gustavo.

__ Vocês precisam de ajuda? Está um dia de chuva hoje, não é bom ficar na rua em dias de temporal.

__ O senhor nos daría abrigo até a chuva passar?__ Gustavo falou fazendo cara de doente.

__ Claro, venham comigo. Minha casa não é um castelo, mas da para ajudar.

__ Não há problema nisso, um abrigo a essa hora vai ajudar muito.

Gustavo sempre tão simpático, conquistando aquele senhor; enquanto isso, na casa do Kurynga, HD e Aranha foi até o porão levar o café da manhã dos irmãos.

__ Isso não é bom!

__ É péssimo! Os desgraçados conseguiram achar a passagem.__ HD logo se preocupou.

__ O que iremos fazer HD?

__ Reúna os caras lá na boca, encontro vocês lá, vou passar no escritório do chefe.

HD foi ter com Kuringa, enquanto Aranha convocava os outros pelo rádio. Gustavo e Tulio nem imaginavam o alvoroço em que eles se meteram.

__ Como assim, eles escaparam?

__ Eles descobriram que havia uma passagem atrás da geladeira.

__ Como vocês deixaram isso acontecer? Eu mereço, eu mereço trabalhar com uns merdas como vocês. Ahhhh.__ Kuringa arremessa um copo na parede.

Kurynga e HD saem rumo a boca com alguns homens; era visível no rosto de Kurynga que ele estava bastante irritado, ele poderia matar alguém só para diminuir o estresse.

__ Prestem atenção aquí...quero que vocês vasculhem o morro atrás daqueles dois. Falem com os caras de la das entradas, quero tudo fechado por la, andem seus merdas. Fábinho, quero você liderando as buscas na parte de baixo.

__ Sim senhor!

__ HD, você vai pra zona norte do morro com o pessoal, façam o arrastão por lá. Corrente, você vai com os outros para a zona oeste.

__ Chefia, o Complexo é enorme...

__ Cala a merda da boca Aranha...vocês tem duas semanas para encontrar aqueles desgraçados. E HD, ache eles, ou você quem vai pagar com a vida. ANDEM!__ Gritou, o monstro.

@@@@@@

Os gêmeos escaparam, mas agora Kurynga e sua trupe estão atrás dos meninos. Qual a opinião de vocês sobre isso? 😁😈😏

 Netos do Tráfico _ ConcluidoOnde histórias criam vida. Descubra agora