conexão

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Toda a ideia de encontrar o dito "amor eterno" parece tão fora do imaginável e possível, porém não é a realidade nesse caso. A ideia de uma alma gêmea é concreta e real, sendo comprovada no décimo sexto ano de existência.

Cada caso é completamente distinto do outro, a conexão poderia se dar de diversas maneiras, não é regra geral ter alguma marca física que comprove a existência de sua cara metade, a maneira como é estabelecida pelo cosmos; um fruto do acaso.

A maioria dos amigos e colegas de Karla já têm a conexão estabelecida. A melhor amiga apresenta uma tatuagem na área do antebraço com o que seria a marca escolhida por sua alma gêmea. No caso, traços finos e escuros formam uma árvore cheia de detalhes e frutos caindo aos seus pés adornam o antebraço de Bethany; uma forma de encontrar sua cara metade mais rapidamente, afinal, o mesmo desenho está no membro oposto.

Ela vê os amigos com felicidade, sem conseguir mascarar totalmente o sentimento de ansiedade e medo crescer em si. Seria como Bethany, ou como o amigo Giovanni, com coordenadas levam até o outro marcadas em seu pulso? Ou como Richard, as primeiras falas trocadas tatuadas na clavícula?

São tantas formas, só a ideia deixa sua cabeça a um turbilhão, doendo as têmporas.

Seu aniversário foi há três meses, e cada dia sem algum sinal da sua união é uma tortura.

Não que fosse um cenário completamente distinto para Paul.

Apenas seu melhor amigo está com a marca, uma data. Paul supôs para o amigo, Will, tratar-se do dia que conheceria o amor de sua vida, poderia ser tantas coisas, mas preferiu partir para o óbvio.

Paul é um garoto tranquilo, medroso e tímido. Preso demais em seu mundo imaginário e fantástico para notar e perceber as mudanças naqueles ao seu redor. Seus recém dezesseis anos, feitos no último sábado, estão sendo focados em seus estudos e na persuasão a uma faculdade. Não quer ter tempo para pensar em alma gêmea.

Ambos ainda têm visões.

Karla normalmente sempre vê as mesmas coisas. A imagem do que aparenta ser um garoto sentado a uma escrivaninha escrevendo; nunca consegue decifrar seu rosto, observando apenas seus arredores, admirando o gosto do rapaz, exposto nos pôsteres pregados à parede acima da cama de solteiro, revelando seus apreços musicais.

The Strokes.

Toda semana parecia ter um novo adicionado à coleção, e Karla se impressiona sempre em como ele consegue ter espaço para novos.

Quando criança eram praticamente só cenas dele fazendo atividades típicas de uma criança. Ela notara que uma das principais foi deixada de lado: o desenho. Isso a deixa um tanto triste, por sempre ter gostado deles, contudo sabe que em algum momento poderá perguntar sobre.

Os sonhos de Paul são tomados pelas imagens de uma garota tocando um violão um tanto quanto velho, a julgar pela madeira desgastada nas extremidades e pelas cordas torcidas ao topo do braço do instrumento, em aparente tentativas de afiná-lo apesar das cordas antigas.

Ela está sempre com um coque.

Consegue decifrar algumas características chaves de sua aparência, em especial os dedos ásperos e machucados de tanto tocar, mas nada além disso. Ela compartilha do hábito de ter suas bandas e músicos prediletos presos à suas paredes, e Paul sorri ao notar alguns conhecidos.

Arctic Monkeys. The Kooks. Twenty One Pilots.

No fundo, Paul se contorce para saber quem seria ela.

O dia para ele segue de maneira usual. Toma café sozinho, pega o ônibus até a escola, escuta sua playlist pela milésima vez naquela semana ー e só é quarta-feira ー a fim de evitar conversas desnecessárias com seus colegas. Não que fossem conversar com ele. Já é praticamente de conhecimento geral a ideia de Paul ser antisocial, e todos tinham completa ciência de sua timidez, então ninguém tenta abrir alguma chance diálogo.

soulmateWhere stories live. Discover now