Capítulo 2

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Terça-feira, dia 19. Estava saindo da aula de Química quando uma pessoa me chamou:

— Ei! – Disse Wendy Brandon, em meio a tantos alunos andando para lá e para cá procurando suas salas de aula. Ela estava perto do bebedouro do corredor segurando seus livros, usando uma jaqueta verde escura com o broche em formato de folha que eu lhe dera de presente no Natal e por baixo dela a camisa verde clara, uma saia de couro, botas cano longo com salto e obviamente a sua marca registrada: o fecho escrito "Rainha" preso de lado no longo cabelo loiro.

— Olá – eu disse.

— Oi – ela respondeu meio fria. Eu não via Wendy desde a véspera de Natal, e antes disso ela costumava me odiar, mas ela mudou desde que eu havia descoberto sua identidade secreta como uma jogadora de TK, a Rainha da Terra, Verônica. Quando as aulas voltaram nós nos víamos nos corredores e intervalo sem dizer uma palavra, apenas uma simples troca de olhares.

— Então – ela começou a dizer e fiquei aliviado porque aquele silêncio já estava desconfortável – eu preciso falar com você depois da aula, no intervalo, atrás das arquibancadas do ginásio...

— Ok... – eu respondi e ela seguiu o fluxo de alunos, eu também e me dirigi para a aula de História.

                                                                                            ***

Não havia ninguém no ginásio e minha escola não tinha regras quanto aos alunos estarem fora do refeitório no intervalo, desde que estejam dentro da propriedade e não fazendo coisas erradas, estava tudo ok. Atrás das arquibancadas do ginásio tem um espaço onde era possível se esconder, só que estava tampado com uma lona.

— Psiu! – Ouvi e me virei, Wendy estava atrás da lona que aparentemente tinha uma leve abertura permitindo entrada no espaço entre as arquibancadas e a parede. Me juntei a ela.

— Olá novamente – eu respondi e ela me puxou mais para dentro.

— Finalmente posso falar com você a sós – ela disse – não me entenda mal, só não quero que fiquem inventando histórias sobre nós dois.

— Eu entendo, mas o que você acha que vão pensar se nos pegarem aqui escondidos. "Wendy e Eric escondidos na arquibancada, tendo uma conversa amistosa como amigos!" Sinceramente eu acho pouco provável.

— Não se preocupe, hoje é o dia do "fast-food" a maioria não vai perder a chance de comer pizza, hambúrguer e cachorro-quente de uma só vez, estão muito ocupados no refeitório.

Eu sabia daquilo e parte de mim se sentia triste, afinal pizza de graça é irrecusável, mas sabia o drama que Wendy teria feito se eu não tivesse aparecido.

— Bem, antes de você falar – comecei – eu devo dizer que na nossa última conversa eu fiquei bem confuso, até que entrei no jogo e descobri que o seu livro voltou. Sabia que não ia abrir o Reino tão facilmente.

— É sobre isso que queria falar – Wendy começou a explicar – Tem alguma coisa de errado com o meu livro. Eu sei não explicar o que é, apenas que... ele está diferente.

— Pelo que eu soube, você disse que está normal e que o Dragão permanece selado, não é? – Indaguei.

— Sim, é que...espera, como soube?

— Eu tenho uns amigos que fazem parte da Sétima Força, na verdade eu até vou para o Recrutamento de domingo.

— Oh...que surpresa... enfim, é verdade que o Livro continua normal como sempre, eu fui até um lugar remoto e testei, invoquei o Dragão e ele me obedeceu como de costume, só que...

— Ele agiu diferente? Sua mana caiu um pouco mais? O HP se alterou? Alguma coisa desse tipo? – Eu questionei com vária perguntas, pois não conseguia entender o que Wendy queria dizer.

— Não nada assim, era como se.... – ela ficava procurando a palavra – Ahhhh! Eu não sei como explicar, é como se estivesse faltando alguma coisa, sabe antes eu sentia uma presença...

— Ok, calma, acho que agora entendi, talvez seja só coisa da sua cabeça.

— Eu não sei, pode ser. Vim falar com você, porque...bem você é o único na escola que joga TK além de mim, pelo menos que é meu amigo...

Ela ficou vermelha, acho que eu era a única pessoa com quem ela realmente poderia conversar sobre esse tipo de assunto.

— Não se preocupe – eu disse colocando minha mão no ombro dela – sou sim seu amigo e pode deixar que eu ajudarei no que puder.

— Obrigada.

— Você contou aos outros Líderes sobre isso?

— Não, Skyros só relata o essencial, como horários das buscas, trotes feitos por outros jogadores, etc. Talvez eu conte isso na próxima reunião.

Saímos de trás das arquibancadas e fomos caminhando de volta para o Refeitório, senti um pouco de fome e Wendy me ofereceu uma barra de chocolate.

—É Belga. – Ela afirmou. Peguei a barra e comi.

— Realmente – afirmei – é um chocolate delicioso.

— Ganhei no ano novo de uns amigos dos meus pais – ela contou – e como foram suas festas? Vi que ganhou um par de óculos novo e muito bonito por sinal.

— Presente dos meus tios e ganhei um livro de TK feito por fãs.

Até o Intervalo acabar, ficamos contando histórias das festas de fim de ano.

The Kingdoms: Caçadores Insolentes (Primeiros Capítulos)Onde histórias criam vida. Descubra agora