secondo.

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DONGHYUCK


"Preciso de tempo para substituir o que eu afastei."


Assim que acordei sabia que seria um dia agitado, normalmente é, mas desta vez mais do que o normal, o céu estava azul demais e o sol forte demais, resumindo um dia perfeito. O fato de ser perfeito é o que me faz sentir estranho.

Quando as coisas estão tão perfeitas é por que algo vai dar errado, já estou acostumado todos os dias são assim. Desço para tomar o café da manhã, sirvo uma xícara de chá verde e tomo tudo de uma vez só, saio rápido e vou para o ponto de ônibus colocando meus fones e o volume no máximo para esperar a minha carona paga até a escola.

Já estou acostumado a tomar o café sozinho ir dormir sozinho e acordar sozinho, meus pais são médicos muito ocupados, mas porra! Não podem ligar ou mandar uma mensagem dizendo "boa noite" ou "bom dia", acho que isso faria com que minha vida não fosse tão deplorável.

Quem olha para a minha família pensa: "São médicos bem sucedidos, tem muito dinheiro e um filho inteligente!". Eles não sabem nem da metade do que realmente acontece, meus pais são perfeitos, mas eu não sou meus pais, e nem quero ser.

O ônibus chega e eu embarco, me sento na janela perto de uma senhorinha fofa, lanço um sorriso gentil para ela e olho em meu relógio. Faltam dez minutos para a aula começar, vou me atrasar, droga! Eu criei a máscara do garoto perfeito, gentil e amoroso, porém, acabei me perdendo no personagem e não sei se consigo me reencontrar, talvez nunca tenha me encontrado de verdade.

Não que eu não seja gentil e amoroso, mas estou cansado de ser só isso, quero ter medo de algo ou ser pego quebrando regras. O ônibus para e a velhinha desce. Logo depois segue rumo ao ponto perto da minha escola, pela janela vejo três garotos com a parte de cima do uniforme - o mesmo que eu estava usando - jaquetas jeans e calças rasgadas.

Aperto freneticamente o botão e desço do ônibus o mais rápido que posso, ando logo atrás dos garotos que vi pela janela, agora eles eram um quarteto. Assim que cheguei à frente da escola perdi os garotos de vista assim que notei que o portão já estava fechado, me desesperei internamente até ouvir algumas risadas vindo da rua ao lado.

Vejo o quarteto de antes pulando a cerca um por um e cuspindo no carro da diretora, preciso admitir, foi o máximo. Espero que entrem na escola e tento repetir o que fizeram, coloco o pé no capô, me impulsiono e salto, caindo desajeitadamente do outro lado da cerca.

Quando me ponho a olhar para cima, vejo um dos seguranças da escola me encarando, ele me puxa pela orelha até a sala da diretora, mesmo sabendo que vou me ferrar, esse foi um dos melhores momentos da minha vida.

Ela, a diretora, grita comigo, pensei que até que enfim seria expulso já que ela estava muito puta, mas me lembrei, eu sou o aluno modelo e ela é amiga de meus pais é obvio que ela está me xingando, acha que eu nunca faria algo assim.

Fiquei de detenção, a primeira detenção da minha vida, ela disse que não quer que isso se repita e juro que se não "tivesse" que preservar a minha imagem eu teria mandado um dedo para ela, só não o fiz por que ela disse que não contaria aos meus pais, mas eu não ligo se contar. Vão ser eu e os bad boys, já ouvi falar deles, são como a lenda da escola, sei que o mais velho do grupo está no terceiro ano B.

Subo até o terceiro andar e vou para a minha sala, entro e finjo que nada aconteceu. Ando até minha carteira e sento, Xiaojun me cutuca.

— Por que se atrasou? — ele diz parecendo surpreso e preocupado.

— Sei lá. — respondo sem olhar para ele.

— A sua calça está rasgada. — ele aponta para o meu joelho, onde a calça se rasgou e tinha um pouco de sangue — Acho melhor você lavar isso.

— Eu lavo antes da detenção. — falei um pouco alto, o que chamou a atenção da turma e fez eles cochicharem sobre mim — O que foi? Não posso pegar detenção, mas que porra!

Estava muito irritado e prestes a chorar, me deitei sobre o livro de inglês e pela primeira vez na minha vida dormi na aula, foi uma das melhores sensações que já senti, talvez este dia não seja tão ruim quanto os outro. Eu espero...

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