Capítulo 4

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Paula P.O.V.

Escuto um barulho ensurdecedor que parece explodir dentro da minha cabeça e logo identifico como sendo o toque do despertador de Mônica.

- Desliga isso logo, pelo amor de Deus! - Consigo balbuciar com dificuldade para minha irmã, que obedece.

Abro os olhos e a pouca claridade que entra pela janela entreaberta do quarto faz um ardor intenso persistir sobre aquela área. Tenho a sensação que minha cabeça vai explodir a qualquer momento com tanta pressão que estou sentindo. Droga, eu não acredito que estou de ressaca! Cubro meu rosto com o travesseiro, afim de tentar diminuir a ardência nos olhos pela claridade e a tontura que havia acabado de se iniciar e fecho os olhos.

Alguns minutos depois, ouço a porta do banheiro se abrindo e cada mínimo ruído que se faz presente no ambiente do meu quarto, parece chegar como um alto falante grudado nos meus ouvidos se transformando em um som quase ensurdecedor. E quando Mônica fala comigo, é como se ela estivesse gritando bem perto de mim:

- Paulinha, eu já terminei, viu? - Ela fala e tento abafar o som, apertando com ainda mais força o travesseiro sobre minha cabeça. Sinto as mãos de minha irmã, acariciando minhas costas. - Ôh, cê tá bem?

Eu balanço o dedo indicador de uma das mãos, respondendo sua pergunta e tudo que consigo ouvir é o riso dela. Não acredito que ela tá rindo da minha cara!

- Você tá de ressaca, meu Deus, eu vivi pra ver isso! Quem mandou beber tanto daquele jeito? Bem feito. - Mônica fala em um tom irônico e a raiva faz a pressão em minha cabeça aumentar.

- Carai, cala a boca, véi. Minha cabeça vai explodir. - Eu peço a Mônica, que ri ainda mais e mais alto. Ela não iria parar de me encher.

- Mano, cê é muito burra de beber daquele tanto em plena segunda-feira, mas como eu sou uma pessoa muito legal e uma irmã maravilhosa, vou pegar um remédio pra você e vou deixar cê descansar a manhã todinha aí. - Ela fala e eu levanto meu dedo do meio como resposta às suas implicâncias. - E é isso que eu recebo de agradecimento?! Morra também fi.

Eu me encontro totalmente sem forças e sem coragem pra responder minha irmã, mas sei que é só mais uma das nossas implicâncias. Fecho os olhos, tentando amenizar a dor de cabeça latejante e durmo por alguns minutos, até ser acordada novamente por Mônica que cutuca balança gentilmente meu pé pra me despertar.

- Anda, cabeçona, levanta pra tomar esses remédios aqui.

- Hmm? - Pergunto, totalmente sem vontade de me virar pra ela.

- Anda, Paulinha, vou acabar me atrasando. Já fechei a janela pra você, mas cê tem que tomar esses remédios pra passar a azia e a dor de cabeça. - Mônica fala impaciente e eu, relutantemente, me viro de barriga pra cima.

Deixo minha cabeça se acostumar com minha nova posição antes de me sentar na cama. Olho para cima e a impressão que eu tenho é que o teto do meu quarto está girando, fecho e abro os olhos diversas vezes até parar com a vertigem. Olho para o lado e minha irmã já está pronta pra ir pra aula e me olhando com um olhar preocupado. Logo, ela indica com a cabeça um copo com água e dois comprimidos na cômoda do lado da minha cama, que tomo fazendo cara feia. Odeio tomar remédio.

- Eu disse pra mãe e pro pai que você tá doente, mas não disse de quê, então talvez ela vai querer vir aqui de vez em quando, daí você inventa algum motivo pra essa sua derrubada aí. E a Nancy mandou avisar que está de folga do trabalho, qualquer coisa pode chamar por ela.

Mônica sempre me trata como se eu fosse filha dela em todas as situações da minha vida, principalmente quando eu estou "doente" e sou imensamente grata por toda ajuda que ela me dá sempre. É a melhor irmã do mundo, com certeza, melhor amiga da vida.

New Feelings - Pauriany Onde histórias criam vida. Descubra agora