Capitulo 24

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Hero


A luz externa invadiu o quarto e por mais que eu esteja totalmente fodido, nada importava já que a minha garota estava comigo. Seu doce cheiro nos lençóis e nossos momentos juntos me fazem sorrir. Abro os olhos lentamente e minha decepção é clara, ela não está lá. Levanto rapidamente e vou até o banheiro, mas ela também não está lá. Seu celular está na cômoda, então ela ainda estava em casa. Coloquei minha camiseta e desci as escadas tentando a encontrar, mas sem sucesso. Perguntei a Mary mas ela ainda não a viu, vou até a estufa e mais uma vez, não a encontro. Um desespero começa a se formar em meu peito, o receio que ela fuja igual o outro dia é nítido em meu rosto. Subo novamente e vou até meu quarto, ela não está lá. Só tem mais dois lugares possíveis, o quarto de Karen e o quarto de hóspedes onde Alex dormia. Vou até o quarto de Karen, vazio. Caminhei até o quarto de hóspedes no final do corredor, e por um segundo tive receio de abrir a porta e não encontrá-la. Girei a maçaneta e a vi, dormindo igual a um bebê. A sensação de alívio percorreu meu corpo, fechando a porta atrás de mim comecei a me aproximar dela. Tirei algumas mechas de cabelo que estavam em seu rosto e ela se remexeu um pouco, e logo após abrindo lentamente os olhos.

"Bom dia." ela diz com a voz rouca se espreguiçando

"Por que não dormiu comigo?" as palavras saíram da minha boca sem meu controle e vi o incomodo em seu olhos azuis acinzentados.

"Eu...Eu apenas não conseguia dormir." Sua voz era trêmula o que significa que estava mentindo ou omitindo algo.

"Por que não me acordou?" Seus olhos desviaram dos meus encarando a janela.

"Eu apenas estava com insônia... Não queria te acordar, você parecia exausto." Ela suspirou e começou a encarar seus dedos.

"Foi só isso?" levanto levemente seu queixo, fazendo com que ela me encare.

"Sim." tinha algo de diferente em seus olhos, e eu não fazia a mínima ideia do que seria. Tem uma coisa, mas ela não iria saber ainda. Vou lhe contar, mas preciso de tempo.

"Tudo bem." suspiro e lhe dou um leve selinho.

"Eu vou ir correr um pouco, preciso de ar." disse se levantando e indo em direção ao corredor sem esperar minha resposta. Levantei a seguindo e vi que seus passos eram largos até seu quarto, como se estivesse fugindo. Entrando no quarto ela foi rapidamente até o banheiro e trancou a porta.

"Eu posso ir com você se quiser." gritei para que ela ouvisse.

"Eu preciso ir sozinha. Me encontre lá na cozinha, eu já vou descer." gritou de volta. Suspirei passando as mãos pelo cabelo e desci. Os minutos eram dias quando eu estava a esperando, Mary falava sobre Karen estar com minha mãe e Alex, e que eles estavam bem. Ouvi passos na escada e logo à vi, estava com uma legging preta e uma jaqueta de moletom preta. Com seus fones de ouvido e celular, ela se sentou na mesa junto comigo. Ela conversou um pouco com Mary sobre algo qualquer e as poucas palavras que trocou comigo não olhou em meus olhos.

"Tem certeza que não quer que eu vá? eu já ia correr mesmo e..." Ela me interrompe.

"Tenho certeza, eu preciso ver algumas coisas." se levanta da mesa e vai até a porta pegando suas chaves. "Volto para o almoço." Gritou e ouvi a porta ser fechada.

Fiquei encarando a entrada da casa como se ela fosse voltar, mas isso não aconteceu. Passei a manhã inteira respondendo alguns emails, apenas algumas propostas de agências e coisas do tipo. Encaro o relógio e já são 01:23PM, e nada de Josephine voltar. Ligo em seu celular, mas ela não me atende. Desço para a cozinha e encontro Mary finalizando o almoço, que está obviamente com um cheiro incrível. Coloquei a lasanha no prato e sentei, dividindo meu olhar para três coisas. Meu celular, o prato e a porta. Na espera que Josephine chegasse a qualquer momento ou pelo menos me ligasse. O telefone da casa tocou e Mary foi atender.

"Oi menina, claro, o almoço ja está pronto, ok até logo." Desligou, levantei da cadeira e fui até Mary que se assustou comigo. "Que susto menino!" disse colocando as mãos no peito.

"Era ela? a Josephine? onde ela está? Por que ainda não chegou?" Mary me olhou e abriu um sorriso de canto.

"Era ela sim, ela disse que já esta chegando. Acabou perdendo a hora no parque." O alívio tomou conta de meu peito. E voltei a sentar para acabar minha refeição. Assim que terminei fui para a sala e fiquei esperando ansiosamente para que ela entrasse por aquela porta. Meu celular tocou e eu praticamente implorei para que fosse ela, tirei rapidamente do bolso e infelizmente o nome no visor era outro.

"Alô."
"Oi bebê." uma risada na outra linha, fechei meus olhos tentando manter a calma.
"Diga logo o que você quer." digo ríspido e mais uma risada.
"Nós queremos sua companhia."
"Eu já disse que não existe nós. Não vou assumir nada antes de um teste de paternidade Inanna."
"Só podemos fazer mais para frente, então por hora você terá que estar presente bebê." eu ia responder quando ouço um soluço atrás de mim, me amaldiçoei pois já sabia quem estava atrás de mim. Virei devagar a encarando e um aperto em meu peito.

"Então é isso...você...vai...ser...pai." Seus pequenos olhos azuis acinzentados agora estavam tomados por lágrimas. E a dor em meu peito apenas crescia, desliguei o celular e o joguei no sofá, caminhando e praticamente correndo em direção a garota magoada. A abracei e ela não retribuiu, as lágrimas não paravam de cair.

"Eu não...eu ia te contar...eu juro Josephine, por favor acredite em mim." eu a imploro mas ela me interrompe.

"Você mentiu...você mentiu igual a ele." eu ia responder mas ela foi mais rápida em sair do meu abraço.

"Eu nem sei se sou o pai, nós podemos passar por isso, por favor Josephine, eu juro..." ela me interrompe.

"Não prometa o que não poderá cumprir. Você fez o mesmo que ele. Você pegou meu coração e o quebrou novamente. Eu não posso te expulsar daqui, mas não quero que fale mais comigo." tento falar mas ela não deixa. "Falaremos apenas nas cenas do filme, apenas o que nos mandarem falar um com o outro." Ela subiu correndo para o quarto e a dor em meu peito era tão forte que não consegui ir atrás dela. Eu havia acabado de estragar o que estava me fazendo feliz. Acabei de perder a minha garota.

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