▪ DÍVIDA ▪

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Não somos livres nas nossas atitudes porque não somos livres nos nossos desejos, não conseguimos ir contra aquilo que está dentro de nós

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Não somos livres nas nossas atitudes porque não somos livres nos nossos desejos, não conseguimos ir contra aquilo que está dentro de nós.





— Por que não conversou comigo?

Papai havia acabado de chegar de sua caminhada diária. Estava suado e um pouco assustado. Carregava um envelope com um bom volume dentro. Ele me viu e estagnou no meu interrogatório sem título.

— Que conversa? — Tirou os sapatos e colocou o envelope sobre o sofá, sentando-se perto de mim.

— O reitor me chamou na sala dele, hoje. — Um gosto amargo se misturou na minha boca. Lembro da situação miserável que passei e meu corpo inteiro se repulsa. Papai ficou inquieto quando comecei a falar e se levantou do sofá. — Quase todo os pagamentos do semestre estão em atraso. O que mais está atrasado, papai? — O silencio dele me deixava preocupada. — Tudo, não é?

— Isso foi resolvido. — Tentou passar tranquilidade. — Paguei todas as dívidas. Não se preocupe, ainda temos mais dinheiro até o resultado do meu caso sair.

— Como foi resolvido? Então por que atrasou se tinha o dinheiro?

— Rose, só quero que se preocupe com os estudos e seu livro. Todo o resto eu resolvo, ok?

Se não estava pagando as mensalidades na data certa era porque não tinha o dinheiro. Se vai pagar só agora é que talvez tenha buscado um meio de conseguir dinheiro. Olhei para o envelope.

— Você não saiu para caminhar, você foi pegar dinheiro emprestado. — Sai do sofá irritada. — Que tipo de pessoa o senhor pediu dinheiro emprestado?

— Quanto menos você souber, melhor! — Ele fugiu de mim.

O segui.

— Papai?

— Estou tenso e casado, filha. Podemos falar sobre o assunto em outro momento, agora eu só quero um banho, agendar um horário com meu advogado sobre a audiência na minha aposentadoria e dormir.

Ele não esperou mais, entrou no quarto e se trancou lá.

Estava estressada e fui para meu quarto também. Liguei para Anna, mas ela não atendeu. Tomei um banho, troquei de roupa e passei pelo corredor avisando que sairia e voltaria antes de anoitecer.

Liguei para Anna novamente. Ela não atendeu. Disse que estaria em casa essa noite. Mas passei por lá, a chamei e ninguém atendeu. Dei a volta pela casa e todos os cômodos estavam escuros. Quando voltei para a rua de frente a casa, um carro preto parou, Anna saiu de lá com roupas que eu nunca tinha visto ela usar. Casaco com capuz preto e calça de moletom da mesma cor.

HELL | EM BREVE COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora