"Não era um sonho! Mas se tornou um pesadelo"...

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Dolorido e cheio de pequenos hematomas espalhados pelo torso, Milo agitou-se entre os lençóis amarrotados na tentativa frustrada de livrar-se deles, sua temperatura corporal parecia mais elevada mesmo naquela manhã de clima ameno, onde o sol brilhava de forma fraca no céu e o vento soprava num sussurro.

Despertou completamente quando pequenos focos de luz solar invadiram seu quarto e o aperto dos dedos em sua cintura se intensificou. Num movimento quase mecânico, ele girou cabeça lentamente para ver o rosto bonito do francês que ressonava baixinho ao seu lado, totalmente entregue ao sono.

Não era um sonho...

Seu corpo ainda experimentava uma leve sensação de torpor como resultado da noite surreal que tivera com sua grande paixão, da qual ele mal podia acreditar. Sobre a pele nua e arrepiada ele era capaz de sentir um doce formigamento onde o aquariano lhe tocara.

O estado de Camus não era melhor do que o dele próprio, mas pelo menos no ombro do aquariano não havia uma grande e arroxeada marca de mordida. Sorriu ao tocar o estigma deixado por ele num momento intimo de total prazer e entrega.

Em todas as fantasias das quais ele e Camus eram protagonistas em sua mente, Milo sempre o imaginou como um homem fervoroso, e acima de tudo apaixonado, muito diferente da usual fachada fria e reservada que ostentava. Comprovar que além de ser alguém de sangue quente, o francês se tornava uma pessoa voraz e ardente na cama era algo além de suas expectativas e surpreendente melhor.

Roçou o nariz e os lábios na pele macia repleta de sardas numa suave carícia, sentindo o outro se encolher e virar para o outro lado com um gemido baixo. Aquele gesto inconsciente foi suficiente para enviar ondas de calor para o seu baixo ventre.

Assisti-lo e tocá-lo, Milo poderia fazer aquilo o resto do dia e da noite sem ao menos se cansar, mas seu estômago roncou alto e ele foi tirado daquele momento de contemplação, e assim muito contrariado foi lidar com suas necessidades primeiro.

Estava morto de fome e era provável que Camus acordaria faminto também, então por que não surpreendê-lo com um belo café da manhã ao estilo grego? Era uma excelente oportunidade de exibir seus dotes culinários ao amante e, diga-se de passagem, quando inspirado o loiro cozinhava como ninguém.

Rumo à cozinha, Milo passou pela sala de estar e se deu conta do verdadeiro caos que o ambiente se encontrava. Algumas latas e garrafas vazias estavam espalhadas pelo chão e na pequena mesa de centro, tigelas e embalagens de salgados adornavam a superfície assim como o bolo de chocolate que Camus trouxera na noite passada.

O escorpiano coçou a cabeça ponderando sobre suas prioridades e desviou dos obstáculos pós-festa, mas acabou batendo a perna na quina da mesa e tombou no sofá com a dor.

Uma garrafa balançou e caiu no chão chamando a atenção dele.

"Eu não guardei isso ontem?"

Olhando-a com curiosidade por alguns instantes, tentou lembrar se realmente havia guardado aquele recipiente como imaginou. Com um esforço a mais um momento exato lhe veio à mente como um déjà-vu, ele a analisava exatamente como fazia agora quando Camus chegou e esqueceu-se de tudo.

Quando pegou a garrafa, Milo a soltou imediatamente como se tivesse levado um choque.

Seus olhos dobraram de tamanho ao perceber que ela estava vazia. Abriu a tampa e virou para baixo, nenhuma gota sequer. Verificou o recipiente mais uma vez e não tinha nada escrito, não havia como saber do que se tratava.

"Puta que pariu!"

Como um filme a noite anterior passou em flashes curtos em sua cabeça e pouco a pouco o escorpiano ficou pálido. A principio, Milo fingiu não acreditar no óbvio — Camus não bebeu aquilo e todo aquele fogo e viço era fruto de um desejo antigo do qual ele nunca verbalizou — no entanto, ao abrir os olhos depois de fecha-los com força viu a garrafa vazia no chão.

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⏰ Última atualização: Jun 06, 2019 ⏰

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