Os primeiros raios solares cruzaram tímidos á janela do quarto anunciando um novo dia, fazendo o corpo que repousava no grande leito se remexer entre os finos lençóis vermelhos. Os olhos claros abriram-se vagarosamente, incomodados pela luminosidade do dormitório e pela brisa matutina que fazia a cortina balançar suavemente.
Alongando-se feito um gato, Milo despertou após esticar os músculos rijos e dar um longo bocejo. Esfregou os olhos e ainda sonolento considerou a cama desfeita. Ainda era muito cedo e naquele dia em especial ele não teria que correr feito louco para pegar o trem, então não haveria problema nenhum dormir um pouco mais, certo? Nem sequer conseguia lembrar-se da ultima vez que passou o dia dormindo.
Por conta do trabalho, a palavra descanso havia sido praticamente abolida de seu dicionário. No entanto, quando as raras oportunidades apareciam em sua vida ele não poderia desperdiça-las, somente as abraçava confortavelmente.
Porém, mudou de ideia ao ver uma pilha de trabalhos inacabados que adornava sua pequena escrivaninha. Somente alguém com a mente tão "brilhante" levaria mais trabalho para casa.
Sacudiu a cabeça, a fim de espantar a preguiça e saltou para fora da cama.
Arrepiou-se quando se livrou da ultima peça de roupa que lhe cobria, lançando-a longe e foi em direção ao banheiro para tomar um banho e fazer sua higiene matinal.
Era seu aniversário de vinte e dois anos, e como todo jovem da idade estava radiante. Havia até recebido uma folga de bom grado!
Sem quaisquer compromissos sociais para aquele dia, exceto o que tinha com si mesmo de não fazer nada, apenas aproveitaria aquela manhã silenciosa para se jogar no sofá e assistir TV, mas o telefone tocava insistentemente o irritando de forma absurda.
Seus amigos ligavam para parabenizá-lo de cinco em cinco minutos e o grego foi tentado a lançar o aparelho pela janela. Sentia-se feliz e satisfeito por toda aquela atenção, sem duvida, mesmo num sábado as sete da manhã.
No entanto, eles nunca saberiam.
Mas de todos os telefonemas, mensagens e e-mails que havia recebido que não foram poucos, diga-se de passagem... Milo esperava apenas um. O mais especial e importante para ele, mas tinha a certeza de que não viria.
Talvez ele ao menos tivesse se lembrado.
Que gosto maldito eu tenho.
Aborrecido com sua própria constatação, atendeu ao último telefonema antes de puxar todos os fios da tomada. Do outro lado da linha, Afrodite cantava parabéns para você de forma animada fazendo o aniversariante irritadiço revirar os olhos.
Não precisaram trocar muitas palavras, pelo tom de voz azedo do amigo, Afrodite sabia que Milo estava em um dos seus episódios de mau humor matinal, mais recorrente quando o escorpiano se sentia frustrado, ou seja, com uma aguda dor de cotovelo.
Tendo em mente o provável e único causador de tudo, o sueco convidou-o para almoçar para lhe dar um presente especial.
Sem brechas para explicações, Afrodite jogou a isca para atiçar a curiosidade de Milo que mesmo desconfiado, aceitou de pronto o convite. Sem entender o porquê de tanto mistério por parte do mesmo, desligou rezando para que não fosse nada esotérico como uma bola de cristal ou uma pirâmide de cobre.
Como todo bom grego, Milo também tinha suas superstições e seus próprios amuletos da sorte.
Para ele, eram mais do que suficientes.
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A Magia do Amor
FanfictionCamus vem tendo sonhos um tanto quanto, inapropriados com seu melhor amigo, Milo. Desesperado e em busca de respostas para as perguntas que lhe tiram o sono, ele descobrira que a origem de seus pesadelos não ficaram só no mundo dos sonhos.