CAPÍTULO 5

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O azul melancólico dos olhos de Neville era atraído pelo entardecer como um imã. O laranja mesclava-se ao rosa na direção oeste, e tons de violeta ao leste. Era possível enxergar com exatidão o crepúsculo surgir no céu expressivo.

Catherina passara a tarde inteira lembrando-se de sua falta de sensibilidade, lembrando-se de sua postura errônea.

Se Adeline apenas sonhasse sobre o quão indelicada fora com a irmã mais nova de sua cunhada seria uma mulher morta com toda certeza.

Mas ali estava ela, encarando-se novamente pelo espelho com os lábios avermelhados retorcidos em desgosto.

Catherina fugia de qualquer contato profundo com quem quer que fosse, preferia estar presa dentro de um quarto silencioso sem ter que se entrosar ou trocar amabilidades.

Odiava o que via.

Odiava a mulher que havia se tornado. Tão infeliz e amargurada.

Há um ano somente lágrimas saíam de seus olhos cansados. Ela parecia uma praia cheia que jamais secava. Para Neville lágrimas só eram válidas se derramadas pela felicidade em abundância.

O que não era o seu caso.

Chorava pela desilusão, pelo amor não correspondido, pelo tempo gasto em se doar tanto para alguém que sempre amou uma outra pessoa. Valentinne havia se tornado seu ludíbrio.
 
E Brianna era tudo o que ela aprendeu a odiar.

Impertinente, mesquinha e mimada.

Céus, como era mimada!

A cor de seu cabelo parecia algo bastante irrelevante, mas a lembrava dela.

Annelise Brückner.

Toda sua frustração girava em torno deste maldito nome.  E mesmo que tentasse, não conseguia parar de odiar Annelise.

Brückner possuía o bem mais valioso de todos.

Família.

A família que teria formado com Valentinne se ela não houvesse estragado tudo.

Seus olhos inspecionaram o quarto de decoração perdulária com ceticismo. Mesmo dizendo para a duquesa que nenhum luxo era de forma alguma necessário, ela fingiu não ouvir aos seus protestos inúteis.

Batidas na porta de mogno fizeram Catherina arquejar. Era pedir muito um momento em paz?

__ Sei que está aí, Catherina.__ Timothèe forçou a maçaneta caindo para dentro do quarto.

As mechas louras domadas para trás davam a Timothèe um certo ar de aristocrata. O terno bem cortado estava passado e ajustava-se ao seu corpo atlético.

__ Mais atenção da próxima vez, irmão.__ Zombou ela deliciando-se com o descuido de seu irmão.

__ Até quando ficará assim?__ Timothèe parecia preocupado demais.

__ Acha que eu gosto disso? Por acaso lhe pareço uma masoquista?__ Catherina questionou verdadeiramente esgotada.

__ Deixe-a ir, Catherina. Deixa-a ir...

__ Você não entende!__ Ela chiou  deixando os braços penderem ao lado do corpo.

__ Isso está acabando com você. Precisa reagir, Catherina.

Não era como se ela não estivesse tentando.

Não era como se ela não estivesse tentando

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