CAPÍTULO 4

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Leves contornos começavam a preencher a tela em branco suspensa pelo cavalete de madeira. A sutileza dos traços mostrava experiência e esforço, Brianna nascera para a arte. Era notável em cada genuíno detalhe. No entanto, sua mente percorria caminhos perigosos, que ao seu ver eram assustadores demais para uma mulher com tão pouca experiência como ela.

Neville a fazia questionar sobre tudo o que tinha vivido até ali. Nunca havia saído das asas dos duques, vivera presa em sua bolha perfeita sem sentir a menor vontade de trilhar seus próprios caminhos ou conhecer outras verdades além de sua própria.

Brianna dificilmente sentia-se desprezada, na verdade, jamais havia sido até então. Era uma mulher interessante, abastada desde do berço, além de ser dona de uma inteligência invejada por muitos ao seu redor. Reconhecia os privilégios que possuía e orgulhava-se deles.

Mas a francesa quebrada com quem dividia o teto há um ano, fazia-a se sentir uma estúpida na maior parte do tempo. A ofendia mesmo quando não tinha intenção de tal feito, parecia natural.

Tolice, Catherina nem era tão bela assim. Era bastante comum. A não ser pelos cílios um tom mais escuro que seus cabelos. Eles eram longos e adornavam suas safiras.

Ah, e não podia esquecer de seu sorriso assimétrico. Neville possuía um sorriso de tirar o fôlego__ esse que não aparecia com frequência__ mas que era encanador demais para o seu próprio bem.

Ah, e os lábios cheios e avermelhados...

Deus, estava mesmo enumerando as particularidades de Catherina? Só podia estar enlouquecendo.

Mas ali estava na tela novamente.

O par de olhos mais azuis que já vira em toda sua vida. Eles assemelhavam-se ao mar azul num dia quente de verão, eram convidativos e faziam Brianna querer mergulhar em seus mistérios.

Contudo haviam vezes que o opaco tomava todo seu fascínio.

__ Deus, Brianna.__ Ela murmurou com raiva de si mesma transbordando de seus poros.

Brianna não sabia quando, onde ou como, mas os olhos de Catherina vinham assombrando seus sonhos nos últimos tempos.

E era enlouquecedor que, mesmo com o péssimo humor dela, e as palavras nada agradáveis que deixavam sua boca, Brianna não conseguisse parar de olhá-la quando dividiam o mesmo cômodo.

E era enlouquecedor que, mesmo com o péssimo humor dela, e as palavras nada agradáveis que deixavam sua boca, Brianna não conseguisse parar de olhá-la quando dividiam o mesmo cômodo

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Outra vez ali estava ela, fingindo não notar sua existência. Brianna segurava a xícara de chá observando a duquesa envolta numa conversa bastante agradável com sua hóspede.

Parecia uma intrusa sem noção alguma.

Catherina alisava o tecido de musselina rosa freneticamente, atraindo o verde dos olhos de Brianna inconscientemente. Nem sequer imaginava o que despertava na jovem aristocrata.

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