Capítulo 26

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A parte de baixo da minha roupa foi arrancada, o medico verificou várias vezes a minha dilatação, mas ao ver a sua expressão não era muito boa. Aparelhos foram ligados, o meu corpo tremia por inteiro e o meu desespero aumentou quando percebi que o aparelho que estava ligado a Sarang não apitava igual ao meu, eu sabia que os seus batimentos não estavam normal, eu havia os escutados outras vezes e pareciam mais fracos.

- Alexia. – O médico se aproximou tirando a minha atenção do monitor.

- O que está acontecendo?

- Vamos ter que fazer a cesárea agora.

O choque foi grande que eu apenas concordei, depois disso eu não ouvi mais nada, os procedimentos eram feitos e quando se preparam para fazer a cesária, me vi sozinha ali naquela sala e comecei a chorar mais uma vez.

- Você pode segurar a minha mão. – disse à enfermeira que estava ao meu lado monitorando o meu monitor. Ela ofereceu a sua mão e eu a segurei com força.

Estava me sentindo apavorada e angustiada, eu rezava para que acabasse logo e eu pegasse minha filha no colo.

Durante o parto, uma dor me tomava inteira, uma dor que eu lembrava de sentir do dia do acidente. Um turbilhão de sentimentos e lembranças daquele dia encheu a minha cabeça, mas a única coisa que eu pedia era para Deus manter a minha filha viva.

Quando a senti sendo tirada de dentro de mim, silêncio. Fiquei agoniada, eu só queria escuta-la chorando, mas tudo que ouvia era silêncio. Não tive coragem para me levantar e ver.

Meu coração se apertou e eu só soube chorar. Chorar como nunca havia chorado antes.

Perguntei o que estava acontecendo, pedi para segurar a minha menina, não houve resposta, apenas uma correria, eu vi eles levaram Sarang que era tão pequena para fora da sala de cirurgia e sumirem com ela nos corredores. Taekwoon estava do lado de fora, eu o vi correndo atrás e desaparecer junto e eu me senti mais sozinha do que nunca.

Entre lágrimas e soluços eu perguntava o que estava acontecendo? Por que levaram a minha filha para longe, por que eu não podia segura-la, se ela estava bem, mas sem respostas.

Nenhuma resposta.

Quando finalmente me levaram para o quarto, eu estava inquieta, mas não me movi muito já que os pontos em minha barriga doíam demais quando me mexia. A minha intuição dizia que algo ruim havia acontecido, o meu coração doía tanto que eu cheguei a dar alguns socos em meu peito tentando afastar aquela dor.

Meu coração apertou quando a porta se abriu, Taekwoon estava ali, ele estava muito bem arrumado e vestido, mas quando percebi os seus olhos, eu desabei. Com as mãos sob a minha boca tentei não deixar o meu choro fugir dos meus lábios.

Ele se sentou ao lado da cama e escondeu o seu rosto no colchão, ele chorava tanto quanto eu. Nunca o tinha visto chorar daquele jeito e eu acho que nem ele a mim. Segurando a minha mão com força, choramos por um longo tempo. Não precisou dizer nada que algo ruim havia acontecido.

- Como ela está? – Perguntei com dificuldade enquanto eu tentava controlar o meu choro.

A sua resposta foi um tiro em meu peito.

- Ela... – Ele gaguejou e apesar da dor, vi preocupação em seu rosto. O que tive tanto medo naqueles meses dela nascer com algum problema, doença, deficiência ou deformação havia acontecido? Taekwoon apertou a minha mão com mais força e procurava palavras, mas ele parecia não encontrar nenhuma.

- O que ela tem? – Estava tentando me preparar para o que quer que fosse.

- Ela se foi.

- O que? – Foi o que eu consegui dizer.

- Sinto muito.

Um grito agudo fugiu da minha garganta, estava me tremendo inteira, a dor que estava sentindo desapareceu naquele instante.

- Eu quero vê-la. – Soltei a mão dele e jogando o cobertor para longe, sai da cama pronta para correr onde quer que haviam levado a minha filha.

Taekwoon entrou na minha frente me impedindo de sair, ele me segurou nos braços e me abraçou.

- Eu quero vê-la. – Repeti e desabei no chão. Em silêncio ele continuou me abraçando. O meu mundo havia desabado, sentia-me sem chão, sem esperança, eu só sabia chorar, chorar e chorar. Um enfermeiro teve que vim injetar um tranquilizante para que me calmasse.

Dormi, dormi profundamente e eu não queria acordar mais.

Infelizmente o meu pedido não foi realizado, quando acordei estava ainda na cama do hospital. Estava ainda dopada, sentia-me mole e tonta ao mesmo tempo, não queria me mover.

Depois que acordei, Taekwoon e eu não trocamos uma palavra, a atmosfera ali estava tão pesada, tão triste que se ousasse dizer qualquer coisa que fosse sei que ambos chorariam mais, mesmo que toda nossas lágrimas tivessem se esgotado.

Para aproveitar que ainda estava sob o efeito dos remédios, o médico veio conversar e explicar tudo o que havia acontecido. Quando acertei as costas na mesa, a placenta descolou o que causou o sangramento, a minha pressão baixa e mais vários fatores que causaram o seu falecimento. Eu sinceramente não quis ouvir muito, então tentei manter a minha mente o mais distante de tudo.

Quando o médico partiu, tudo o que eu fiz foi me deitar e me perder completamente.

Deixei com que Taekwoon cuidasse de tudo, não quis pensar em nada. Fiquei naquela cama intercalando entre crises de choros e sonos pesados.

Uma parte dentro de mim estava morta, como poderia superar aquilo?

Apática, eu olhava para o lado de fora do hospital, constantemente os meus olhos observava o céu perguntando para Deus porque aquilo havia acontecido comigo.

Quando Taekwoon retornou para o quarto e tomou a cadeira a minha frente, eu o olhei.

- Ele já sabe?

- Quem? - Taekwoon tinha os seus olhos extremamente vermelhos e o rosto marcado de lágrimas.

- Hongbin.

- Não se preocupe com Jiyeon, ele já está atrás dela.

- Ele sabe que a filha dele morreu?

Whisper ✩ VIXXOnde histórias criam vida. Descubra agora