Boy Meets Evil

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  O pequeno Namjoon estava a diversos minutos esperando alguma notícia sobre a situação de sua mãe, ele sabia que era precária mas ainda restava esperança no menino. Finalmente escutou vozes através da cortina que o mantinha fora do local, chegou perto e encarou por uma fresta tentando ver e ouvir o que era dito para sua mãe.

– Saia daí. – Uma voz autoritária assustou o menino que deixou um pequeno ruído agudo escapar.

– De-de-desculpa senhor.

– O que está fazendo aí?

– Esperando a minha mãe. – Namjoon falava encarando seus pés.

– E seu pai? Onde está?

– Junto com ela. – O moço se afastou repentinamente e Namjoon se permitiu encarar suas costas, era Jeon Jiwon. – Medito. – Sussurrou para não correr risco daquele homem voltar.

– Nam... Sua mãe quer falar com você. – Seu pai o tocou no ombro fazendo uma pequena massagem. – Está tudo bem. – Ele se ajoelhou ficando da altura do pequeno de 5 anos – Ela está mal, muito mal. Apenas a deixe falar está bem? Tenha certeza de que vai falar o quanto você a ama e não chore, ela vai se chatear se te ver chorando.

Namjoon apenas acenou e andou os poucos metros até sua mãe, seus cabelos castanhos estavam tão sem vida o tornava seus fios em uma cor mais clara que o normal. Ela sorriu e então ele também mesmo que fosse a expressão contrária do que sentia. Namjoon se aproximou e abraçou o mais forte que podia, sua mãe o abraçou de volta com toda força que ainda retinha em seu ser.

– Eu te amo minha pequena coruja.– Sua mãe sempre lhe disse que seus olhos lembravam o de uma coruja. – Eu amo muito mesmo e não quero te deixar. Mas eu não tenho escolha. Eu sinto muito. – As mãos dela passaram pelos cabelos ralos do menino. – Me prometa que toda vez que pensar em mim vai se sentir amado, porque toda vez que pensar em mim serei eu te amando. – Namjoon escondeu seu rosto para que ela não pudesse ver suas lágrimas. – Promete?

– Eu prometo. Eu te amo mãe, muito.
– Disse e logo se retirou do recinto antes chorasse. 

Aquela foi sua última memoria dela.

                                X

Namjoon cresceu com seu pai sendo um homem solteiro. Ele entendia que para seu pai estar sozinho romanticamente enquanto todos ao seu redor tinham um núcleo familiar perfeito podia ser frustrante e por aquilo, ele entendeu quando seu pai e a senhora Jeon começaram a se encontrar, achava que faria bem para seu pai. Não imaginava que viveria como estava agora, vivendo em constante ameaça sobre perder a oportunidade de levar o nome de sua família adiante pois Jungkook que mesmo sendo mais novo conseguia elevar sua reputação por outros meios e sua respectiva mãe, a qual seu pai estava completamente apaixonado, estavam se tornando a família que Namjoon aparentemente não podia dar ao seu pai.

– Senhor Kim. Posso ajudá-lo com isso? – Namjoon observava de longe enquanto Jungkook tentava ajudar seu pai a cortar lenha, seriam dias frios e ter madeira para aquecer seria essencial.

– Me chame de Pai, acho que já está na hora.

Namjoon não queria ter escutado aquilo, mas não teve como evitar, seus cabelos negros estavam grandes então ele abaixou sua cabeça na esperança de que eles cobrissem as lágrimas que escapavam de seus olhos.

Sabia que seu pai nunca o viu como suficiente, mas aquilo era como se tentasse substituir Namjoon sem nem pensar duas vezes. Não era o filho mais atlético, mas era habilidoso com madeira, fazia esculturas e as trocava por comida ou tecidos. Namjoon mantinha sua família alimentada. Mas com a chegada de Jungkook e sua mãe, tudo estava mudando, seus esforços não valiam tanto quanto o dela que costurava ou de Jungkook que sabia caçar. Namjoon cada vez mais era desnecessário, se sentia desnecessário.

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