Meditando

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Comecei a andar pelo parque da Redenção pensando sobre os estranhos fatos que estavam ocorrendo. Percebi que havia chegado em uma praça que homenageia o Japão. Ali perto do lago vi a imagem do Buda. Então uma voz nítida permeou meu pensamento: "sente-se perto de uma árvore e medite como ele. Quem sabe as respostas que procura não chegarão mais facilmente?". Esgotado, sentei-me. Resolvi tentar a estranha prática da qual tantos falam.

Fechei meus olhos, e ouvia apenas o ruído do vento, com os carros ao longe. Comecei a relaxar de uma forma que nunca havia conseguido. Me sentia como em um sonho. Nesse momento fui puxado para o espaço e me vi dentro de uma massa densa e quente. Então tudo explodiu. Parecia que estava explodindo enquanto o universo se expandia. E a narrativa mental começou: "Imagine uma criança no ventre. O cérebro explode em massa. Tudo se espalha. Depois de algum tempo, se interconecta. A criança nasce e abre os olhos, mas é só depois dos primeiros anos que a criança se pergunta: O que sou eu?" Entre ser e se entender o que se é, existe um delay.

"Abra os olhos", disse a voz. Ainda sonhando, eu abri. Me vi em uma gruta. Ali estávamos eu e a mulher com a qual eu havia sonhado na noite anterior. Olhando-a firmemente percebi sua semelhança com a professora que conhecera há pouco. Então ela disse: "O Nada não era um inimigo. Não tinha força. Acreditava que tudo acontecia por nada. Então essa estranha ideia penetrou o coração das pessoas; elas passaram a pensar que, em vez de existir uma explicação, todo esse universo era obra do nada. Mas, para salvar fantasia, foi preciso encontrar um menino, aquele menino cujos olhos abrigam a sintonia do universo.
Encontrando esse menino, que segue obstinadamente a história de um livro sem fim, poderei finalmente me revelar. Sim, sou eu a imperatriz, e carrego em minhas mãos o último cristal que sobrou de fantasia. Peça para o cristal, Hórus! Peça para o cristal!".
Senti uma pancada na cabeça. Acordei da meditação e vi uma criança correndo em minha direção, recolhendo sua bola. Logo atrás, a linda professora grita: "Lucas, eu disse para você tomar cuidado! Acabou de acertar a cabeça do moço!"

Questionado, tonteei. Não. Digo, tonto, questionei: "Princesa?". Chacota, as crianças riram. "Prof., ele disse que você é a princesa?", perguntou uma. "Você não tinha nos falado que era uma princesa", disse outra, parecendo chateada pela possibilidade de descobrir ter convivido tanto tempo com uma realeza anônima. "Vocês não estão vendo que o moço ficou tonto com a bolada?! Está delirando o coitado", exclamou a professora.

O Enigma do Olho de Hórus - Renascer do FaraóOnde histórias criam vida. Descubra agora