A tese do Dr. da Peste

8 1 0
                                    

Acordei naquele lugar sai do quarto e podia ver dentro dos quarto o rosto da insanidade. O enfermeiro gritou: "hora do banho" e todos começaram a fazer fila no banheiro. Era inverno e o frio cortava a pele, pediram para que tirássemos a roupa, o fiz. Entrei no chuveiro e a água era fria. Não havia muita empatia por parte dos enfermeiros me deram uma roupa nova e um deles falou: "vistam-se e se dirijam a mesa para o lanche, após os psiquiatras irão atender vocês nos consultórios."

Me vesti e fui em direção a mesa havia café com leite e o pão tinha doce de morango no meio. Olhando bem percebi que o pão estava duro e mofado, olhei em direção a porta de saída e vi um cadeado, pensei "estou preso".

Um sentimento claustrofóbico me assolou e me peguei a rezar e enquanto fazia súplicas mentais um dos internos se virou e me perguntou: "você acredita em Deus?" Eu não falei nada e ele continuou com uma intimidação "eu odeio Deus."

Os olhares dos confinados eram de dar medo, contei o número de enfermeiros e o número de pacientes que não parava de aumentar estava visivelmente super lotado e se por acaso ocorresse um ataque físico possivelmente os enfermeiros não conseguiriam controlar. Eu estava realmente apavorado. Tudo havia passado tão rápido.

Chamaram o meu nome no consultório e eu entrei o médico me olhou como se fosse apenas mais um. Me sentei.

"Você ouve vozes? Tem alucinações? Sensação de clarividência?"

"Eu vejo códigos e parece que algumas pessoas falam comigo por telepatia"

"E dizem que você é o escolhido para uma missão?"

"Isso!"

"Você já ouviu falar em esquizofrenia?"

"Vi no filme uma mente brilhante onde o personagem via códigos em tudo e pensava fazer parte de uma conspiração e trabalhar para o governo. É parecido com isso?"

"Sim, o filme fala sobre o transtorno e agora você está ouvindo vozes?"

Ele não falou nada e me olhava, na minha cabeça como por telepatia, comecei a ouvir "estou falando com você e se quiser uma prova levantarei o braço esquerdo e colocarei a mão na cabeça" e de fato fez o gesto. Meu coração acelerou e senti medo. Ele falou " então, você está ouvindo vozes" e eu menti "não".

Na sequência ele falou comigo mentalmente outra vez "olhe para a minha mão. Esticou-a e pude ver o anel com o símbolo da maçonaria. E continuou a diálogo mental "estamos com você, não se preocupe, não tenha medo." Escreveu algumas coisas na receita e me disse: "esses medicamentos vão lhe ajudar. Pode sair, vou te avaliar na sequência." Eu estava saindo quando me perguntou: "aqui no teu prontuário diz que você é filósofo. Confere?" "Estou terminando a universidade" "e de que assunto você se ocupa." Fiquei com receio de falar e ele, mostrando sutilmente a mão com o anel, insistiu que eu falasse. Comecei a explicar receoso:

"Estudo filosofia oriental e Freud além de Jung."

"E quais as conclusões que chegou?"

"É um pouco complicado de explicar na verdade envolve a ideia de pecado da carne como sendo um problema no pensamento social"

"Como assim?"

"Todos viemos a terra através do sexo e essa me parece a fonte de energia vital. Imagina um computador e que você o programe para entender que a fonte de energia é nociva então quando você o colocar na tomada irá entrar em conflito lógico. Entende?"

"Nem só de pão vive o homem!"

" Como disse?"

"Pensei alto, continue, me parece interessante."

"Então quando se tem a ideia de que o sexo é um ato impuro que fere a divindade e o fazemos sentindo-nos culpado é como um distúrbio alimentar como comer se sentir culpado e vomitar."

"Entendi. E tem mais implicações?"

"Imagina uma cidade em que falta energia elétrica a opção dos governantes será a de desligar setores menos importantes mantendo funcionando somente os serviços básicos como hospitais, transporte e outros."

"E..."

"Assim funciona o nosso cérebro, a falta de energia vital faz com que funcione somente as operações mais básicas e isso em escala global, porque o pecado da carne é disseminado mundialmente e acaba causando um distúrbio global onde o cérebro das pessoas não funciona plenamente sendo a culpa pelas próprias vontades o motivo."

"E se a pessoa tiver plena o que acontece?"

"Acredito que funções extrasensoriais são ativadas como a telepatia por exemplo"

"Então o seu distúrbio pode ter relação com teu estudo?"

"É só uma teoria eu não sei se funciona na prática"

O ouvi mentalmente: "me coma e me beba! Parece que você está se lembrando peixinho."

Fiquei em silêncio.

"Pode sair agora Hórus, vamos fazer o possível para que você saia daqui o quanto antes."

O Enigma do Olho de Hórus - Renascer do FaraóOnde histórias criam vida. Descubra agora