• Capítulo VI • REPOSTAGEM

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Music: EPIC ROCK - Lions Inside

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DA ÁGUA, PARA O VINHO E ENTÃO TRANSFORMA-SE EM TEQUILA?!

LION • Lionel Walker

Acho graça em sua reação. Seu olhar volta lentamente para mim, encarando o meu rosto como se algo estivesse terrivelmente errado. É como se fosse totalmente surreal que eu cozinhasse. Engraçado, tentei, mas realmente não fui eu que fiz. Seus olhos verdes são quase infantis e brilhantes e me fitam por alguns segundos e se ela não fosse tão encrenqueira, tomaria isso como um silencioso obrigada. Mas ela é encrenqueira, seu olhar volta ao normal e se levanta do meu colo e foca-se em se recompor.

A fito e vejo tão empenhada em manter uma postura que gosta de impor. A mulher fatal, que não é tão fatal e a garota inconsequente mimada, no final é só uma garota. Não sei o que esperar dela ou quem quer ser. Talvez no fim, mas é possível que nem saiba. Por isso um sorriso de canto, nasce em meus lábios e apenas resolvo tranquilizá-la.

Alguém tem que levantar a bandeira branca, não é?

— É mentira — falo e ela volta seu olhar para mim, confusa e tentando entender. E então explico. — Não fui eu que fiz e sim, os funcionários do hotel. Apenas fiquei mexendo a panela.

Descruzo minhas penas e apoio no sofá. Ao ficar de pé, abaixo-me, pego o colete e a camisa. Visto-os rapidamente e arrumo a minha roupa devidamente. Ela segue os meus movimentos de forma silenciosa.

— Porquê? — questiona.

— Por quê o que, Jéssica? — indago, enquanto retomo minha postura de segurança. Pronto para eventualidades e os possíveis pontos de fuga. Percebo que cometi um erro, só tem uma saída nesta sala. Embora, saiba que o pessoal da cozinha está espiando por detrás da porta.

— Porquê você é assim? — indaga, não tão doce quanto ela poderia ser em uma conversa calma. — Você me ataca e cuida de mim. Poderia ter pedido para qualquer outra pessoa.

— A sua natureza mimada, egoísta e prepotente me irrita — admito sem meias voltas, e ela me olha abrindo a boca em um leve "o" e logo depois volta a fechá-la e erguer uma das sobrancelhas. Aquela veia sádica me faz querer rir da reação tão explícita e distinta dela — Contudo, Jéssica, sou homem o suficiente para saber assumir os meus erros e lidar com eles. Por isso, cuidei de você.

Ela me olha, fecha a boca e engole em seco. Concorda movendo a cabeça, arruma o cabelo jogando-o para o lado e em silêncio, passa por mim. Os sons dos seus sapatos ecoam enquanto deixa para trás o seu perfume.

Mulheres...

Suspiro e a sigo. Logo na minha frente passando pela cozinha, o seu quadril faz movimentos em que não posso ignorar. Assim como no início, na primeira vez que a vi e pensei em como ela é uma mulher atraente. Não sou apenas eu que contra a minha vontade presto atenção nisso, os demais funcionários da cozinha também e posso dizer que nem mesmo as mulheres podem negar o sex appeal dela.

Uma mulher como essa. Com a sua cintura fina, que bastaria um simples movimento para a envolver e puxar seu corpo contra o meu. Sentir essa bunda empinada e macia contra o meu pau que só de pensar nisto lateja. Percorreria a mão livre pela sua barriga subindo até o seu seio... Neste momento ela abre a porta da cozinha e o vento lá de fora me acorda do devaneio. Me repudio pela minha carência, que faz com que eu queira parcialmente voltar na minha palavra e ser mais antiprofissional do que já fui hoje.

Maldita mulher, me irrita e me excita. Se não abrisse a boca, seria a mulher perfeita!

Sorrio e conforme ela anda pelo restaurante percebo o Gabriel conversando com algumas pessoas. Ela vai em sua direção e as pessoas se espalham, voltando as suas funções. Ele se levanta para falar com ela e como está aos cuidados dele me mantenho a distância.

INIGUALÁVEL | REPOSTANDOOnde histórias criam vida. Descubra agora