Prólogo

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Harry não estava acostumado a encontros às cegas. E, honestamente, não era muito fã dos mesmos. Bem, mesmo que dissesse isso, ele estava ali, não estava? Esperando ansiosamente pelo momento em que a pessoa prometida entraria pela porta da Casa de Chá de Madame Puddifoot. Não poderia reclamar da situação se ele estava à mercê da mesma, em sua humilde opinião.

Tudo fora organizado por Hermione Granger, que conseguira achar tempo em meio ao seu trabalho no ministério para se preocupar com a vida amorosa de seu melhor amigo, Harry Potter; e Astoria Greengrass, uma mulher que trabalhava junto com a outra, e que, coincidentemente, estava tentando arranjar alguém para namorar um de seus parentes.

Hermione achara que seria uma ideia maravilhosa unir o útil ao agradável e arranjar um encontro às cegas com os dois, mesmo sem saber com quem Harry se encontraria.

Por ela mesma não saber com quem ele se encontraria, e por que a outra pessoa também não fazia ideia, Harry não tinha nem conhecimento se o ser em questão era um homem, ou uma mulher. De acordo com Hermione, ele não precisava se preocupar, já que independente disso, ele provavelmente se sentiria atraído por ela.

Harry achara aquilo muita sacanagem. Ele fora informado que a pessoa era muito atraente, mas ele gostaria de saber o que esperar, pelo menos. Não se importava tanto com a beleza externa, afinal de contas.

Ele suspirou, bebendo um pouco mais de seu chá de melissa. A pessoa estava atrasada uns dez minutos, e ele decidira que faria questão de reclamar daquilo quando encontrasse com as duas mulheres responsáveis por toda a situação.

O pior de tudo não era a pessoa estar atrasada, ou ele não saber quem era. O pior de tudo é que ele fora levado ali, ouvindo que estava muito solitário, e que precisava de uma companhia. O pior de tudo era que seu melhor amigo era o verdadeiro responsável por toda aquela confusão.

— Olha, como seu melhor amigo, eu me sinto só um pouco culpado, porque a ideia foi minha. — Ele dissera. — Mas você tem que seguir em frente, Harry.

Harry ficara indignado. E com toda a razão, em sua opinião.

Ele teve relacionamentos em sua vida. Teve Cho, sua primeira paixão, que não durara por muito tempo, porque os dois estavam muito abalados pela morte do Cedrico, e também por estarem no meio de uma guerra. Não deu certo, e ele seguiu em frente, depois de um tempo.

Havia também Gina. Que... bem, também não deu muito certo. Os dois eram simplesmente muito diferentes, tinham focos diferentes na vida. Harry não conseguia imaginá-los construindo uma vida juntos e sendo cem por cento felizes.

Balançou a cabeça, tentando afastar seus antigos amores de sua mente. Tinha que focar-se no agora, na pessoa que conheceria naquele momento.

Hermione, pelo menos, lhe dera uma descrição da pessoa. Anotara, até, para que ele não se esquecesse de nenhum detalhe.

Tirou o pergaminho do bolso.

Astoria disse que a pessoa é alguns centímetros maior do que você. Tem os olhos cinzentos e a pele branca, pálida, os cabelos curtos e loiros, sempre arrumados. Pelo combinado, essa pessoa estará usando um sobretudo preto, com um cachecol verde.

Harry não poderia negar que aquela pessoa parecia muito bonita. Os olhos cinzentos, combinado com os cabelos loiros curtos era interessante, para dizer o mínimo. Mas ele não poderia pular para conclusões, já que Hermione lhe dera uma descrição bem pobre da pessoa, não se preocupando em descrever seus traços (Seriam fortes? Seriam delicados?), ou a textura do cabelo (Seria cacheado? Liso?).

Harry, por sua vez, usava um casaco preto, que cobria um suéter que Molly Weasley havia tricotado para ele. Seu cachecol de seus tempos de Grifinória enfeitava o seu pescoço de maneira desleixada, e seus cabelos continuavam rebeldes como sempre foram.

Seus olhos esmeralda viajaram pelos rostos das pessoas na Casa de Chá de Madame Puddifoot. Ninguém que combinava com a descrição. Ninguém de pele branca e pálida, olhos cinzentos e cabelos loiros curtos.

— No instante em que eu vi esse cabelo e esse cachecol, eu soube que era você, Potter. — Ele ouviu uma voz familiar atrás de si.

Ali estava o sobretudo preto, cobrindo a figura esbelta e pálida parada à sua frente. O cachecol verde Sonserina estava amarrado meticulosamente em seu pescoço, e havia uma touca preta cobrindo os cabelos loiros e sedosos do homem.

Harry engasgou com seu chá.

Malfoy? — Harry perguntou, levantando-se. Não podia acreditar no que estava vendo. Ele era aquele com quem teria um encontro?

O loiro simplesmente o ignorou, sentando-se do outro lado da mesa. — Eu sabia que isso seria uma péssima ideia, principalmente quando Astoria me disse que não sabia quem ia se encontrar comigo. — Ele suspirou. — Mas eu prometi que não sairia correndo e eu não costumo não cumprir minhas promessas, então vamos acabar logo com isso.

— Você tem certeza que você está se encontrando com a pessoa certa? — Harry perguntou. Ele não tinha dúvidas de que Draco era a pessoa da descrição, mas será que Draco também esperava por alguém vestido como Harry?

O loiro tirou um pergaminho do bolso, e limpando a garganta, ele declarou:

— Cabelos negros e bagunçados, pele bronzeada. Olhos verdes. Estará vestindo um casaco preto e um suéter vermelho e amarelo, cores de sua casa de Hogwarts. Também estará usando um cachecol da Grifinória.

— Me surpreende que você tenha aceitado sair com alguém da Grifinória.

— O que posso dizer? Digamos que estou desesperado. — Draco sorriu, sem humor. Era incrível como ele continuava sem expressão mesmo quando sorria. — Vamos cortar a conversa fiada: eu tenho certeza que as pessoas que organizaram isso não sabiam quem estavam juntando. Mas agora que nós dois estamos aqui, eu quero propor um acordo.

Harry engoliu em seco.

— Que tipo de acordo?

Draco sorriu, dessa vez, maleficamente.

Quando viu aquele sorriso, Harry sabia que estava perdido. 

O seu léxicoWhere stories live. Discover now