C A P I T U L O ↔1

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Era isso que Marie queria,
só um recomeço, como se fosse um bebezinho acabado de nascer as zero horas.

Aquela garota do shopping central
lhe deixava transtornada.
Já passará tantas vezes ali, mas nunca teve coragem de chegar nela, na verdade nunca mais teve coragem de chegar em mulher nenhuma, desde a
primeira e última vez que fez isso e gaguejou, suou frio e nunca caiu de tão alto, justamente naqueles olhos azuis.

Apesar de estar saindo de um relacionamento hetero, nunca escondeu a sua atração sexual por mulheres -Na verdade o seu namorado, marido e agora de certa forma ex acabava uma vez lá e outra cá debatendo o que realmente lhes atraem em uma mulher, Marie adorava essa interatividade entre os dois. - Não sabes quando tudo começou a mudar.
Marie gostava do jeito brincalhão de Fernando, gostava de sua pegada, e de como a fazia rir por qualquer bobagem, ele estava sempre pronto para anima-la, reanima-lá e desperta-lá de seus pesadelos -sono profundo...
Até a garota do shopping central aparecer nunca tinha caído de tão alto antes.
Mergulhar por muito tempo nas profundezas daquele oceano, ao encontra-lá sorridente e apta a lhe atender.

Gerente do supermercado mais próximo, sempre que possível, desde que Fernando bateu o carro contra ribanceira, pegar o metrô no shopping, mas nunca tinha parado antes naquela loja de refeição, apenas direcionava o olhar procurando a menina com uniforme escuro e avental escocês. Ela tinha agilidade ao atender os clientes, com um sorriso largo, parecia carismática.

"Cardápio senhora?" Investigar a garçonete atenciosa.
A outra arquear as sobrancelhas, conter um sorriso de lado com chacota.
"Senhora!?"
Exclamar Marie surpresa, afinal não era tão velha assim!
"Me chamo Marie."
Informou.
"Perdão. É que tenho o hábito de chamar qualquer pessoa por senhora, é em sinal de respeito mesmo."

Rebateu a garçonete, jovem e aparentemente inocente.
"Qual o seu nome?"
Interrogar Marie aceitando o cardápio que a menina estava a lhe entregar.
A moça demorou a responder e quando voltou a abrir a boca soltou um: "O quê? " quase inaudível

"Seu nome?"
Marie Spinelli encarar o cardápio, se sentia nervosa, e não podia encarar aquela garota por muito tempo, aquele olhar lhe trazia recordações de uma humilhação no passado e ainda tinha pesadelos a noite com aquela submissão.
"Me chamo Rebeca. Você já vai fazer o pedido?"

Marie volta a lhe encarar e faz que sim com a cabeça.

Rebeca é apenas uma jovem de 24 anos, destemida apesar de aparentemente tímida, não pensa muito no futuro.
Vive um dia de cada vez, faz bem seu trabalho pensando em ganhar uma boa gorjeta para enfim gastar nas noitadas com amigos que também não tem muito apego no futuro. Não gosta de ser dependente e muito menos que dependem dela para qualquer coisa, amores são lindos em livros, mas na vida real pra ela é só uma noite de sexo a cada, com uma garota diferente, apesar de ser garotas interessantes repetir o prato não lhe é uma opção.
Marie pede um x-burguer e uma Coca-Cola para levar. Enquanto esperar o seu pedido, fica observando a menina a disfarçar, mexer no seu aparelho celular.

Ao receber seu pedido, paga, agradece e direciona-se ao metrô, antes de entrar da uma última olhada por cima do ombro, a outra ainda estava parada no mesmo lugar a lhe bisbilhotar.

Talvez Rebeca estivesse apenas curiosa pra saber um pouco mais sobre a mulher que não gosta de ser chamada de senhora.

Ao chegar em casa Marie deparar-se com Fernando dormindo no sofá,de uma maneira desajustado.
Sua filha Miranda, de apenas 12 aninhos estar no quarto a ouvir música.

Marie acordar cedo, acompanha a filha até à escola e as vezes vai de ônibus para o trabalho e hoje não foi diferente. Fernando e Marie não dividem mais o mesmo quarto, a mesma cama, e toda vez que ele a procura pedindo para que ela lhe ouça, tentar esquentar a relação, mas Marie estar mais fria do que gelo para com ele. Fernando tem um prazo de validade pra sair de casa e caso o contrário Marie diz que ela mesma procura um lugar pra ela e sua filha. Ele implora toda vez que ela toca no assunto, diz que estar desempregado e que precisa arrumar alguma coisa primeiro, pois não tem como se sustentar e não tem mais ninguém: "Marie você e Miranda é a minha família. Vamos lutar para reconstitui-lá. Quando foi que você mudou? Por que isso agora? Nós nos amamos!"
Marie tentou salvar seu casamento. Há um ano veio adiando o prazo, empurrando com a barriga, seu corpo não reagir mais aos toques do marido e tudo o que ele faz pra tentar lhe agradar não é suficiente. Ambos se conheceram ainda no terceiro ano do ensino médio e, foi um amor que fora sendo construído com o tempo, ele sempre diz: "te conquistei uma vez e vou te reconquistar novamente."

Marie chega por volta das 8horas no mercado, abrir/ verificar, gerenciar recursos, administrar, estruturar setores,
trabalhar em equipe. Essa última parte é a mais difícil pra ela, apesar de não gostar de se associar, desempenha seu trabalho muito bem.

O seu dia passa lentamente como sempre e de voltar pra casa pega um livro de dentro de sua bolsa e começa a folhear.
Fernando ficar responsável por Miranda após ela sair da escola.

Pensou em ir de metrô, mas pegou o primeiro ônibus com destino ao seu bairro, estava muito cansada para caminha até o metrô. Ao adentra-lo sentou-se ao lado da janela, colocou o fone nos ouvidos e deu play na sua playlist. O ônibus estava quase saindo quando Marie percebe o mesmo parar e ao abrir a porta. Entra uma senhora e logo em seguida a menina do Shopping Central ela acompanha a senhora que caminhar devagar até o seu assento.
Marie a observar por algum tempo, tempo este suficiente para seus olhares se cruzarem, desviar o olhar rapidamente para as páginas de seu livro.
A voz de Billie eilish adentra seus tímpanos, arrancando lhe recordações de um passado tão distante, suspirar, recostar a cabeça na vidraça da janela, ignorando a sua leitura.

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Sweet illusion  (CONTO LESBICO/ CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora