01 = LEVIATÃ

2.7K 269 223
                                    

🕇

Eu não sei nadar.

Em partes, foi aí que o meu problema começou.

Na realidade, eu sempre fui um grande problema, a personificação de confusão. Talvez ele estivesse certo cada vez que me dizia que eu era desumano.

Eu preciso voltar um pouco, antes disso tudo acontecer, antes da minha vida virar de cabeça para baixo, antes dele aparecer.

LUCIFER

"Jeon Jungkook, vamos perder a carona, céus"

Àquela altura do campeonato, eu só queria que a carona fosse uma agulha no palheiro, quem sabe eu não a encontrasse nunca mais.

Não dependia de mim, na realidade, mas da mulher teimosa e fofinha que eu carinhosamente chamava de mãe. Minha mãe sempre foi insistente ao ponto de fazer coisas pelas minhas costas caso eu não concordasse.

Um exemplo era aquela viagem.

Pouco antes de eu descobrir que iríamos a Busan, eu fui meio que pego fazendo coisas não permitidas por lei no Colégio, e isso ocasionou uma série de confusões. Mas foi tão tentador.

Um prazer tão carnal, a adrenalina correu nas minhas artérias como nunca antes, eu sentia meu coração palpitar a cada segundo indecente que se passava. Foi tão arriscado e ao mesmo tempo, tão gostoso.

Mas como eu disse, eu sou a personificação de confusão, e se não desse errado, então, provavelmente não seria eu.

Acaba que eu e meu melhor amigo, Min Yoongi, fomos pegos colando no simulado de Química e levamos uma baita bronca, além de perder os pontos da avaliação e sermos suspensos por uma semana.

Não foi um problema pra mim, até porque eu passei de série no segundo bimestre. Mas Yoongi estava precisando daquela nota, por isso eu quis ajudar meu amigo.

Infelizmente não deu muito certo, Yoongi e minha mãe ficaram furiosos comigo e agora, eu estou sendo obrigado ir para Busan porque segundo Jeon Jihyo, eu precisava de um pouco de paz.

Mas eu nunca tive paz, não havia paz com ela.

— Não vamos não. — Eu finalmente respondi minha mãe, e ouvi burburinhos. Nunca a julguei, naquela época eu era um pouco insuportável mesmo, eu também me odiaria. Mas, antes que a coisa ficasse ainda mais feia para o meu lado, eu terminei de enfiar minhas roupas na minha mochila velha e sai do meu quarto, procurando minha mãe pelos cantinhos. — Vamos?

— Você demorou um bocado, aish. — Jeon reclamou, emburradinha. Ela estava bem atrás de mim, não me lembro como ela foi parar lá, talvez eu nunca saiba. — Xô, para fora, eu convenci o vizinho a nos dar uma carona, e se você, mocinho, fazer comentários desagradáveis sobre a esposa dele de novo, vai levar um sarrafo. — Minha mãe nunca teve muita paciência comigo, por isso, eu saí de casa arrastado pela orelha e atravessei todo o Jardim da frente sentindo uma baita dor, até chegarmos no carro do besta do vizinho.

Sim, aquele homem era um besta.

Eu nunca fui de ter implicância com as pessoas, mas com aquele ali... Ele fedia a escrotidão, todos sabiam que ele era um péssimo pai e marido, mas Jihyo sempre viu "o lado bom" das pessoas, e eu o tolerava por isso. Por livre e espontânea pressão.

Se eu soubesse, eu não entraria no carro daquele porco, como fiz pouco depois de levar um tapa na nuca de minha mãe. O maldito ainda riu.

— Senhora Jeon. — Son Ogong, o vizinho, cumprimentou minha mae com um sorriso podre, logo depois se virando pra mim. Nojento. — Olá, Jungkook, como está?

Twister↬jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora