Capítulo 1: Misterioso caçador de respostas

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Estava nevando quando abri os meus olhos. Árvores cobertas por neve eram a minha paisagem. "Que lugar é esse?", Pensei comigo. O que me restara era descobrir.

Então caminhei pela floresta gélida, observando os arredores com cautela, afinal eu poderia ser a presa de algum animal nativo. Além disso meu sobretudo escuro não era muito útil contra o frio, nem mesmo as luvas de couro e as botas. Podia ver minha respiração sair de minhas narinas e meu corpo tremer sem meu consentimento. Isto não durou muito tempo, pois após exatos trinta minutos caminhando sem rumo, meu corpo decidiu que não iria suportar mais nenhum minuto, me fazendo cair inconsciente no chão nevado da floresta.

Mais uma vez abri meus olhos e o que eu enxergava foram meus pés e mãos amordaçados. Parecia estar em movimento, deitado em um piso de madeira. Poderia ser uma carruagem? Cogitei esta ideia. Olhei para os lados, percebi que estava junto a grandes sacos, provavelmente de alimentos. Que lástima ser tratado como carga de comércio. Sorte que não olharam minhas roupas. Dentro do sobretudo, nas duas laterais do peitoral, é onde escondo minhas lâminas. Fiz um esforço para pegar uma delas mesmo com as mãos amarradas. Consegui. Primeiro cortei os laços das mãos, seguido dos pés e me levantei.

Olhando com mais clareza, eu estava em um comprimento fechado, um pequeno estoque. Estaria completamente escuro se não fossem as rachaduras da madeira que permitiam a entrada da luz. Enfim, não gostaria de ficar ali por mais tempo. Chutei violentamente a porta, o que a abriu com facilidade. Caminhei para fora devagar para olhar com cuidado onde eu estava metido. Realmente me surpreendi…

O céu parecia mais próximo do que deveria estar. O vento, mais intenso. Antes cogitei estar em um navio após olhar as bordas de madeira e o piso, parecendo ser um convés. Porém este não tinha mastros nem velas, muito menos remos nas laterais. Confirmei a ideia de não ser o que eu pensava quando mais próximo da borda eu estava. Olhei para baixo esperando encontrar água apesar de tudo. Porém, nuvens as substituíram. Isso mesmo, eu estava no céu, o que reforçava a ideia de que eu não estava em casa.

Mesmo minha face inexpressiva não demonstrando, eu estava preocupado. Ao escutar gemidos de dor, retorno minha atenção para trás, de onde eu vim. Parecia que a porta destruída atingiu um homem que acabou ficando pressionado pelo peso dela. Acho que ele estava pedindo ajuda antes também, mas minha atenção estava sobre a borda mesmo.

Ouve-se passos brutos pelo "convés". Não demorou muito para os companheiros dele aparecerem. Só ali já conseguia contar vinte soldados, vestindo armaduras feitas de metais refletivos e brilhosos, tingidas de vermelho e enfeitadas com traços dourados nas linhas das bordas. Seus elmos vermelhos que cobriam apenas a testa e as bochechas chamavam a atenção pelo formato incomum. Seus escudos eram simetricamente redondos e suas espadas de tamanho médio pareciam estar afiadas.

ー Ei, Você! Porque está livre?!- pergunta aquele que parecia ser o líder do lugar. Apontava a espada para mim enquanto falava, demonstrava estar furioso.

ー Que lugar é esse?- pergunto curto e grosso, o encarando friamente, ignorando sua pergunta anterior. Os homens atrás dele haviam acabado de tirar a porta de cima do soldado.

ー Quanta insolência! Nós o salvamos e é assim que nos agradece?!- marrento como anteriormente, este fala gritando e irritado.

ー Não acho que amarrar e colocar uma pessoa no compartimento de carga sejam os atos certos para um salvamento. Se eu fosse dar um palpite, diria que queriam me vender. O uso, não tenho certeza. Afinal acabei de chegar.

Notável sua expressão de raiva, era previsível as próximas ordens do suposto líder. Precisava me preparar para uma luta difícil.

ー Ace. Ace, está me ouvindo?- dizia olhando fixamente para os soldados. Precisava da resposta rápido, pois eles já iriam me atacar a qualquer momento.

ー Já estava começando a pensar que havia se esquecido de mim.

Esta voz madura e debochada era do Ace. Os soldados não a escutaram por estarem sedentos de raiva. Naquele momento, já próximos de mim, um deles tenta me cortar numa tentativa falha com a lâmina na diagonal, pois já teria me deslocado para a esquerda, deixando a lâmina cortar outro idiota.

ー E eu achei que você estava danificado, já que é incomum você ficar calado por tanto tempo.

Enquanto falava, mais ataques violentos em minha direção que precisava da minha atenção. Desviava precisamente de cada um, apesar do espaço curto devido a quantidade de pessoas. Não poderia continuar na invasiva.

Então toquei meu colar azul, mais precisamente no pingente dracônico, o removendo da corrente. Segundos depois este brilha azul, como o céu da tarde mais clara, formando átomo por átomo uma espada de lâmina fina em um dos lados, com o símbolo do pingente próximo à empunhadura. Devo admitir que o Ace consegue ser uma bela espada. Seu azul era realmente esplêndido de se presenciar. Menos para os soldados inimigos, é claro. Estes sentiram o gosto na pele.

Logo no surgimento, cortei o braço de um, o estômago de outro, desviando e mutilando todos a minha frente. Foi um banquete de sangue para o piso, obrigado a suportar os corpos sem vida espalhados como pedras na terra. Eu realmente não sinto prazer nisso para ser sincero. Mas também não sinto nem um pingo de remorso ou pena deles. Quando se provoca um tigre faminto, também se responsabiliza pelo o que vier depois.

Com mais da metade dos soldados mortos, o suposto líder se vê trêmulo enquanto teme a própria morte. Este larga a espada e o escudo, seguido de seus poucos soldados restantes. Vendo Isso fiz o mesmo. A espada se torna o pingente, assim o coloquei novamente na ponta da corrente em meu pescoço. Caminhei devagar até o suposto líder, que receoso abaixa a cabeça.

ー Quero que me leve para a civilização mais próxima- digo ao lado dele, com os lábios paralelos ao ouvido direito, mas não próximo.

Ele balança a cabeça positivamente e então continuo o caminho. Os soldados saíam gradativamente da minha frente, uma atitude inteligente.

Dia confuso e agitado, este, mas que iniciou minha jornada neste mundo curioso e inovador. Quanto mais rápido eu conseguir respostas, mais rápido irei voltar para o meu objetivo principal. Porém não era naquele navio que eu iria ter minhas respostas, mas sim na famigerada Cidadela de Cristal.

Kanata DanjiOnde histórias criam vida. Descubra agora