Capítulo 5: Clérigos

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Não pensei que seria tão difícil ajudar essa garota. Tive que me arriscar demais e me desgastar até o limite suportado. Porém valeu a pena.

Abri meus olhos e me vi coberto por uma manta enquanto deitado sobre uma cama acolchoada por sacos de algodão e feita de madeira já desgastada. Não poderia se esperar mais de um alojamento para soldados de um rei que esconde as migalhas para si, em um veículo de transporte que só era belo para quem o via de fora.

Me levantei e já estranhei a ausência de Ace em meu pescoço, é raro ele se desgrudar de mim. Ao sair daquele quarto, pelo menos a vista era impressionável. Era reconfortante ver o céu tão de perto, me levando a ter a vontade de tocar.

Havia me aproximado da borda lateral, olhando ( mesmo não mudando minha face de costume) admirado as nuvens abaixo de tudo, quando ouvi a garota dizer meu nome:

ー Danji, que bom que acordou- falou enquanto caminhava até mim, mantendo suas mãos juntas atrás das costas. Tinha um sorriso doce e agradável em seu rosto e em seu pescoço estava o Ace.

ー A quanto tempo estive desacordado?- pergunto após fixar bem os olhos no colar azul e já estar olhando o horizonte.

ー Já faz meia hora. Estou impressionada que esteja tão bem assim, seus ferimentos eram horríveis- disse ela, já ao meu lado e apoiando seus antebraços na borda do navio enquanto olhava na mesma direção que eu.

ー Meu corpo é diferente do das pessoas comuns.

ー Er, foi o que o Ace me disse. Por isso não me preocupei em te tratar, ele pediu para te deixar sozinho.

ー Você não me engana, Ace. Sei que só está com ela por ela ser mulher- Falava com o tom de voz de sempre, não tirando os olhos das nuvens brancas abaixo de nós.

ー O pescoço dela é gostoso, você devia experimentar também- diz Ace, com seu bom humor exagerado e brincadeiras contendo mensagens diretas para mim.

Apenas fiquei calado, já havia entendido o que ele quis dizer. Elisabeth ficou com as bochechas vermelhas e sorriu sem graça, acredito que ela também tenha entendido. Estava prestes a retirar o colar quando eu a interrompi:

ー Não precisa me devolver agora. Pode usar.

ー T-tudo bem.

Pensei ser o momento certo para fazer meus questionamentos, então não perdi tempo:

ー Elisabeth, vamos ao que interessa. Me fale o que eu preciso saber.

Ela sentiu a tensão que aquele momento propôs. Acredito que minha forma considerada fria e assustadora de falar pode ter contribuído para isso:

ー Tá, me fala o que você precisa- naquele momento já havíamos virado um frente para o outro. Enquanto eu a olhava com minha expressão fria, olhos levemente cerrados juntamente com as sobrancelhas, ela mantém seus olhos doces, porém com expressão confiante. Notei mudança em sua postura em comparação aos dias anteriores, essa garota começava a me mostrar sua força e disposição.

ー Estou procurando duas pessoas em específico: O primeiro é um homem branco, pouco menor do que eu, tem cabelos castanhos escuros e chama atenção pelo seu bigode ridiculamente fino. Da última vez que o vi ele estava vestindo roupas pretas com as pequenas faixas em verde, e usava uma boina escura com uma pena enfeitando o lado esquerdo. Não sei como está agora, mas ele sempre carrega consigo um arco que mede metade de seu tamanho. A segunda é uma mulher de pele parda e cabelo cacheado. Tem a mesma altura do homem e da última vez que a vi ela estava vestindo uma roupa esquisita que cobria só o busto, deixando a barriga à mostra, e uma calça longa.

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⏰ Última atualização: Oct 19, 2019 ⏰

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Kanata DanjiOnde histórias criam vida. Descubra agora