Capítulo 3: Preparação

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A garota nova e eu saímos com um acordo da Cidadela de Cristal. Caminhamos dali pela trilha da estrada principal até anoitecer, enfrentando a neve e o frio no processo. Mesmo com essas dificuldades, nenhum de nós proferiu nenhuma palavra ao outro. Da minha parte, eu sou silencioso mesmo. Já a dela acredito que esteja com vergonha, pois notei que ela olhava disfarçado para mim em alguns pontos da caminhada. Ela mantia seus cabelos e orelhas cobertos pelo capuz do seu traje e sua boca escondida atrás de um tecido branco, muito provável que seja para a proteção do frio. Seus trajes também me chamaram a atenção. Ela vestia uma calça longa e apertada, de cor escura, blusa adaptada para o frio, sendo de manga larga e longa, de cor branco-gelo, com o capuz da mesma cor e luvas escuras, sem contar as botas. Também presumo que tenha alguma camisa por baixo. Não pude confirmar, já que a parte da frente estava fechada por um zipper. Estaria mentindo se dissesse que seu corpo também não chamou minha atenção. Não entenda mal, eu não sou um pervertido e sei por minha mente a frente dos meus desejos sexuais. Eu quis dizer que, mesmo sendo de baixa estatura, medindo um e sessenta e dois eu presumido, suas curvas e busto chamavam a atenção, mesmo naquela roupa. Sobre seu rosto, tudo que pude ver foram seus olhos azuis como o mar, seu nariz fino e boca pequena, tingida em vermelho. Sua voz era macia de se escutar, mesmo este ser o padrão de voz feminino, ela se diferencia pela forma empoderada de se pronunciar. Essas informações não são úteis para mim, mas pelo menos me dão alguma referência caso ela fuja e eu precise rastrear.

Em todo caso já anoiteceu, teríamos que interromper a viagem por algum tempo.

ー Vamos descansar aqui até o amanhecer- disse a ela, após parar frente a uma árvore, a que estava menos "molhada". Ela acenou positivamente com a cabeça e tentou aquecer seu corpo fazendo pressão com as mãos nos ombros e braços.- Fique aqui, eu volto logo.

Então andei mais fundo na floresta. Precisava de abrigo e calor para suportar o frio até o dia seguinte. Tudo de aproveitável na floresta era madeira e folhagem, teria que ser engenhoso naquele momento.

Passados vinte minutos retornei para frente à árvore escolhida trazendo em meu ombro esquerdo (com a mesma mão na lateral para apoiar o conjunto) vários galhos empilhados juntos com algumas folhagens, e na mão direita uma tocha. Vi que a garota esperava sentada abraçando seus joelhos, encostada na árvore. Ela me olhou surpresa, o que me deixou curioso:

ー Por que me olha assim?- pergunto mantendo minha face de sempre.

ー É que… sei lá, você demorou. Achei que não voltaria- fala tentando manter a postura empoderada enquanto desvia o olhar para frente, porém senti que em suas palavras angústia e desconfiança. Talvez já tenham feito isso com ela.

ー Eu disse que voltaria.

Deixei os galhos no chão, metade fiz uma fogueira e a outra metade utilizei junto às folhagens para criar um recanto coberto para dormir. Após isso me sentei frente a fogueira para esquentar o corpo antes de ir dormir. A garota sentou à frente da fogueira paralela a mim, tirou as luvas, abaixou a máscara que cobria sua boca e parte do nariz, e finalmente seu capuz, revelando seus cabelos. Não eram pequenos aliás, suas mechas passavam pouco dos ombros e sua cor é amarela clara, eram belos cabelos. Consegui analisar seu perfil, agora tenho medidas precavidas caso tenha um contratempo.

ー Ei...- disse tímida, tirando minha atenção do fogo, fazendo meus olhos se direcionar diretamente a ela.- Ah… Posso saber o seu nome?

ー Danji- respondo curto e grosso, não tinha motivos para esconder minha identidade.

ー Muito prazer, eu sou Elisabeth Noctis, pode me chamar de Elisa- diz forçando um sorriso, ela queria ter alguma aproximação de mim para se sentir mais segura, era notório. Eu não compartilhava o mesmo desejo, afinal não preciso confiar em ninguém para garantir o cumprimento da tarefa, eu sozinho já é o suficiente. Bom, eu tinha que mudar essa concepção por algum tempo, pois aquele não era meu território. Naquele momento eu precisava de alguém  nativo para me passar o detalhes do lugar, para que assim eu conseguisse sair dele e retomar ao meu objetivo principal. Então naquele momento eu tive que ceder:

Kanata DanjiOnde histórias criam vida. Descubra agora