Promise • YoonMin

Canivete

Os pacientes do dia entram e saem, mas nada de Min Yoongi aparecer na hora de sua consulta, deixando Park Jimin ansioso e nervoso.

- Moonbyul, poderia ligar para o Sr. Min e perguntar se virá para a consulta? Se ele não vier, encerrarei meu dia de trabalho...

- Farei isso agora mesmo... - ela responde antes de o médico entrar na sala.

A secretária procura o número de Min Yoongi na agenda de seu celular, própria para contatos dos pacientes. Quando finalmente achou, viu alguém se aproximar do balcão.

- E aí, boneca? Mexendo no celular em horário de trabalho?

Yoongi sorri e faz um leve "não" com a cabeça, entrando na sala do médico sem avisar, assustando o mesmo.

- Já vai começar a por aparelhos em mim? - o inteiro de preto se senta na cadeira.

Jimin logo se recupera do susto e sorri.

- Boa tarde, Suga, que bom que apareceu... - guarda os papéis que estava vendo antes e encara o rosto de seu paciente. - Na verdade, gostaria de te conhecer melhor hoje. Escolha um assunto qualquer de sua preferência e vamos conversar.

- Tudo o que aconteceu na minha vida tá na ficha, criança! - o outro levanta da cadeira e senta no sofá. - Você no fundo apenas quer saber se fui eu que matei a menininha e o irmão dela, certo? Se te deixa melhor em saber, sim, fui eu. E não, eu não me arrependo! - fala, de olhos fechados. Fica um tempinho esperando uma resposta, e como não a obtém, pergunta: - Temos duas horas, e já é meio-dia. Já comeu?

- Eu não quero saber o que aconteceu pra você chegar aqui. Quero apenas conversar, de amigo para amigo. Se é que somos isso, o que acredito que não, mas você entendeu... E eu já sabia que tinha sido você, e sei mais ainda que não se arrepende... - o psicólogo levanta e se espreguiça, parando em frente ao seu paciente. - Na verdade, não comi nada ainda... Você já comeu algo? Posso pedir pra minha secretária trazer algo, se desejar... - coça a nuca e suspira antes de sentar na outra ponta do sofá e segurar a cabeça entre as mãos. - Se não quiser conversar, tudo bem...

Depois de um tempo em silêncio, Yoongi declara:

- Não fui eu quem estuprou ela, nem quem espancou. Se isso te conforta, ela não sentiu nenhum tipo de dor. Ela pediu que cantasse pra ela, e fiz isso... - ele oculta o nome da música, pois era uma composição sua chamada "So Far Away". - Não queria que ela se tornasse alguém como eu, então fiz isso. Mas o irmão dela sofreu, implorou, chorou e gritou. Assim como a irmãzinha fazia quando ele abusava dela... - fala, sorrindo ao lembrar da morte do cara.

- Depois do que acabou de me contar, você ainda acha que não sente nada? - Jimin levanta a cabeça e olha pra ele, com uma expressão triste. - Fez da sua maneira, mesmo que errada, mas "ajudou" uma criança... E ainda me diz que não tem sentimentos...? - uma lágrima escorre por seu rosto, mas ele a limpa com força. Desculpe-me, tenho que ser indiferente com você e não demonstrar meus sentimentos... Mas é difícil fazer isso, ainda mais em casos assim... - enterra a cabeça nas mãos novamente.

- Está chorando? - Yoongi olha pra ele sem entender. - Não disse que não sentia nada, o que disse antes é que não acredito que exista amor de verdade... Tenho consciência do que faço e sei que isso é errado, mas por gostar de fazer mesmo assim é que sou considerado um psicopata... - suspira. - "Ajudei" a menininha principalmente porque ela lembrava muito alguém do passado... - ele se senta e encara Jimin. - Por que está chorando? E por que diz que precisa ser indiferente comigo?

- Faz parte do meu trabalho, Suga... Não posso demonstrar meus sentimentos, por mais torturante que isso seja... - levanta o rosto e dá de ombros. - Acho que isso não importa pra você, já que nem queria estar aqui... Sei que não se preocupa nem um pouco comigo também, mas estava chorando por você, por essa situação toda, por agonia em querer ajudar mais de alguma forma ou só estar presente, mostrar que alguém se importa com você... No fundo, acho que é isso que te falta... Alguém que realmente se importe... - olha pro outro e sorri fraco, com os olhos ainda lacrimejando um pouco. - Mas faz parte do meu trabalho e, como disse antes, sei que não se importa de verdade... - levanta do sofá e abre a porta do consultório. - Vou pedir algo pra gente...