Um bom mentiroso

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- Tá - fala Min Yoongi, sem encarar Park Jimin e esbarrando no mesmo ao entrar na sala. - Vamos começar logo com isso, não tenho o dia todo. Sabe que minha ficha veio da polícia, certo?

- Sim, inclusive estava analisando ela antes de te chamar... Sente-se - pede, indo até a sua própria cadeira e sentando na mesma. - Sou o doutor Park Jimin, é um prazer ter você como meu paciente. Gostaria que se apresentasse, por favor...

- Se estava vendo minha ficha, deve saber que me chamo Min Yoongi, não? - pergunta, finalmente olhando para o médico. - Humm... Você parece uma criança de três anos...

Jimin não consegue evitar e começa a rir.

- Eu sei que pareço... - sorri para Yoongi, pois finalmente conseguiu com que fizessem contato visual. - E eu sei também que seu nome é Min Yoongi. Mas eu quero que se apresente brevemente, contando um pouquinho da sua história, além do que eu li em sua ficha...

Min sorri de canto.

- Como irei te falar sobre minha vida se sei que posso acabar sendo preso ou colocado em um manicômio por sua causa? - argumenta, e passa a encarar o psicólogo de maneira fria. - Por que que deveria falar? O que iriam fazer? - ele finalmente senta e continua. - Será exatamente nada.

- Está duvidando do meu desempenho como médico, Sr. Min? - pergunta, cruzando os braços sobre a mesa. - Se está, então por que veio neste consultório?

- Primeiro: não acho que você tenha qualquer competência para ser um bom psicólogo. Segundo: não estou aqui de livre e espontânea vontade, tenho uma judicial para você, não tá vendo? - ele sorri e levanta, ficando parado em frente ao médico. - Sr. Park, apenas ligue para o juiz e diga que não tem competência pra isso.

O doutor também levanta e suspira.

- Você sabe tão bem quanto eu que não posso fazer isso. Além de ser contra a lei, eu levo meu trabalho bem a sério. Você não tem escolha a não ser vir às suas sessões comigo, ou será preso.

- Eu não vou precisar vir às suas sessões se algo acontecer, né? Tipo, algo bem ruim... - ele sorri de canto de novo. - Vamos lá, Sr. Park, é um jovem bonito. Tem namorada?

- Não tenho namorada, e sou assumidamente gay - Jimin encara o rosto de Yoongi. - E o quê de tão ruim poderia acontecer? - pergunta, desviando dele e indo até os aparelhos. - Por favor, sente-se aqui, Sr. Min.

Yoongi ri, quase gargalhando.

- Okay, menininha! - fala, zombando do mesmo e indo até ele. - É o passivo ou o ativo, boneca?

- Não sei o que é tão engraçado, mas que bom que te fiz rir, muito melhor do que aquela carranca... - Yoongi volta com ela e senta, fazendo o psicólogo rir. - Acho que isso não é da sua conta, "machão"... - diz, no mesmo tom que Yoongi usou para zoar, colocando os fios na cabeça e no rosto dele.

Min o encara.

- Mal-educado! - replica, sentindo a respiração do outro em seu rosto, fazendo questão em se aproximar mais. - Então, Jimin... Pra quê serve isso?

Park encara os olhos dele por um tempo, mas logo se afasta.

- É um aparelho que irá medir seus sinais vitais e como está a atividade em seu cérebro. Apenas um "exame"... Com licença - pede, colocando as mãos por dentro de sua camiseta e colando os eletrodos em seu peito.

- São cicatrizes - Yoongi diz ao notar a expressão do outro. - Quer que eu tire a camiseta?

- Não precisa, apenas tente se mover o menos possível para que os eletrodos não descolem... - responde, desviando o olhar do rosto dele. - Terei que fazer algumas perguntas desagradáveis, por favor não leve para o lado pessoal...

- Relaxa, loirinho. Pode fazer, e se eu puder responderei - fala, sem se mover.

- Tudo bem... - Jimin termina de ajustar tudo e começa: - Quando pensa em sua família, o que sente?

- Humm... Acho que algo como vontade de voltar no tempo só pra ver todos eles mortos de novo! Parece divertido.

A calma que transparece na voz do assassino não bate com o que a máquina mostra ao psicólogo. Os batimentos cardíacos estão acelerados demais para alguém calmo. Mesmo assim, ele responde o mais neutro que consegue:

- Entendi... Tem alguém que ame?

- O que você acha? - ele sorri e continua, sem esperar a resposta: - Não existe amor, loirinho. Tudo é questão de dinheiro, sexo ou algo inconveniente. Eu não me amo e não amo ninguém.

Os batimentos acalmaram, mas agora sua mente está dando vários sinais de atividade, o que significa que ele está pensando muito, revivendo memórias e, talvez, arquitetando mentiras...

- Você se considera um bom mentiroso?

- Se policiais e psicólogos nunca descobriram tudo sobre o meu passado, ou foram enganados em várias situações, eu sou considerado um bom mentiroso? - ele faz uma pausa e depois conclui: - Talvez não...

Park analisa os detalhes finais da máquina e para em frente a Yoongi, os rostos próximos, encarando os olhos escuros do outro.

- Um último teste... - esclarece baixinho.

As pupilas de Min estão dilatadas, indicando um leve nervosismo. Talvez por estar ou ter mentido...

- Okay... - o médico se afasta e começa a tirar os eletrodos. Ao terminar, se afasta para guardá-los, e Yoongi levanta.

- Bom, até amanhã no mesmo horário, loirinho! - diz, saindo com as mãos nos bolsos.

- Até - Jimin responde simplesmente, mesmo sabendo que o tempo da consulta ainda não acabou, teoricamente... Vai até a máquina e imprime os exames, desligando-a em seguida.

[...]

Depois do seu último paciente do dia, Park Jimin vai para seu apartamento quando já está quase anoitecendo. Mesmo depois, já deitado em sua cama, continua pensando no caso de Min Yoongi, pois o mesmo é muito grave... Por estar frio, puxa o cobertor e se enrosca no mesmo, adormecendo pouco depois.

Também em seu apartamento, às 02h00 da manhã, Yoongi analisa sua próxima vítima em seu diário. Pensa um pouco e se troca, saindo de seu apartamento em seguida e indo pra rua. Estava tudo escuro e não tinha ninguém nas ruas, como gosta.     Após andar um pouco, vê sua vítima andando em sua direção. O mesmo sorri para Jung Wheein.

Promise • YoonMinOnde histórias criam vida. Descubra agora