.Sweet Child O' Mine.

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Eu acho, sinceramente, que se desse para matar uma pessoa mentalmente, eu já não teria mais vizinho.

Na realidade eu acho que vocês ficariam surpresos com a capacidade que aquele ser humano tem em, sem muito esforço, conseguir fazer com que a pessoa mais paciente desse planeta — no caso, eu — desenvolva um ódio mortal por ele.

Sem brincadeira, era a porcaria da quinta vez que eu estava passando por essa merda. Ah, corrigindo: a quinta vez nesta semana. Confesso que talvez eu não devesse ter comemorado nos dois primeiros dias em que vim morar aqui.

Resumindo o começo da história em uma frase: meu vizinho é gostoso, mas é um barulhento de merda. Quando bati em sua porta pela primeira vez, para me apresentar, fui atendido por um garoto de cabelos cinzas, tão lindo que chegou a ser perigoso, com um sorriso no rosto e a pele dourada brilhando por estar um pouco suado. Não vou mentir, a minha imaginação já tinha ido pra marte... Os plot das fanfics já vieram, comecei a organizar os diálogos que teríamos nos próximos cinco anos de namoro, até o dia que eu o pediria em casamento.

Esperei pra encontrar ele pelos corredores por dois dias, na esperança de acontecer algum momento digno das fanfic de One Direction que eu tanto finjo que nunca li. Mas a vontade que eu tinha de trombar com ele pelos corredores minúsculo daquele prédio velho simplesmente sumiu; junto com as minhas noites de sono, diga-se de passagem. Exatos dois dias depois de me mudar, a dondoca do meu vizinho decidiu que seria muito legal da parte dele começar a tocar guitarra depois da meia noite.

E não, eu não estou dizendo isso por ser uma pessoa chata que se incomoda com qualquer coisa. Na realidade eu tolero muita coisa. O problema é que a guitarra do desgraçado sempre está ligada nas alturas e, como se já não bastasse, ele faz questão de tocá-la perto da janela, que está sempre aberta.

Nossas janelas são muito próximas uma da outra, afinal os apartamentos não foram feitos para dois corpos — você se chocaria com o tamanho desse cubículo —, o que só complica minha pobre vida, pois não dá para simplesmente fechar a minha janela.

É uma decisão muito difícil: dormir ou morrer sufocado no calor mais infernal já presenciado pela pessoa chamada eu nessa merda de vida.

De bônus, — porque nada tão ruim que não possa piorar — sequer consigo reclamar com ele. No caso, eu consigo berrar, implorar, reclamar, mas nada nunca adianta, porque o que esse desgraçado tem de bonito e de gostoso ele tem também de egoísmo.

Mas é ao som de Sweet Child O' Mine, na guitarra e na doce voz vizinha, que eu me levanto da cama decidido, caminhando rapidamente à porta ao lado, batendo fortemente contra ela algumas vezes. Mas é só quando o refrão acaba que posso ouvir os passos do de cabelos cinzentos se aproximando da porta.

E é quando ela finalmente é aberta que eu percebo não ter mais palavras em minha boca. Não consigo raciocinar uma única reclamação; não para uma obra de arte, tão bem esculpida e pintada; não com aquele maldito vizinho bem na minha frente, com a guitarra pendurada no pescoço, passando a mão pelas madeixas de seu cabelo que outrora grudavam em sua testa. Posando na minha frente, apenas com aquela cueca boxer preta, me olhando com aquele maldito olhar presunçoso de quem já notou meu olhar perdido sobre seu corpo.

— Sim? — Ele fala suavemente, mas sua voz me faz delirar antes que eu pudesse me tocar que precisava dizer algo. — O gato comeu sua língua?

Queria que você tivesse comido ela. — O som. 'Ta muito alto.

— E? — Ele provoca e eu já não sei se soco sua cara ou se o beijo sua boca com força.

— Eu queria dormir. — Eu digo, mas confesso que meus olhos não conseguem se desprender de seu corpo.

— É... 'Ta tarde, seria bom eu ir dormir também. — Ele comenta se apoiando na batente da porta. — Mas sabe, meu apartamento 'ta tão quente que não dá nem vontade.

Hoje meu pai. Ele não pode jogar uma dessas pra um fanfiqueiro de merda que nem eu. A minha mente viaja com algo assim, chega a ser injusto. E eu noto, também, que ele parece se divertir com a cara de palerma que eu provavelmente estou fazendo agora.

Ele revira os olhos enquanto dá uma risada meio sem jeito, e se ajeita na minha frente, colocando o braço apoiado na sua porta. — A gente podia se ajudar então, Markie. — Ok, esse apelido foi golpe baixo, eu acho que minhas pernas ficaram bambas. — Eu paro de tocar guitarra, e você pode me levar para dormir no seu ap. Contigo. Soa ótimo, não acha?

Eu acho, sinceramente, que se desse para matar uma pessoa com insinuações, eu já não taria mais vivo, graças ao meu vizinho.

— Ah... Acho uma ideia ótima. — Eu digo e noto como soei ridículo, meu pai o que eu to fazendo da minha vida, são duas da manhã e eu tenho aula em algumas horas.

— Isso é ótimo, Markie. Vamos fazer assim, eu vou tomar um banho bem rapidinho e já já eu apareço na sua porta. Feito? — Eu concordo e o garoto me da uma piscadinha traiçoeira antes de fechar a porta de novo.

Eu odeio o meu vizinho, mas confesso que no momento isso não é uma reclamação.

Claro que amanhã, quando eu tiver que sair da cama e simplesmente não querer mais ou estiver demasiado cansado para sair da cama, eu certamente usarei essa frase novamente, mas em um total e pleno tom de reclamação. Afinal, isso é cem por cento culpa dele.

Culpa dele ser tão desgraçadamente lindo e tirar todos os sentidos que eu necessito para dar respostas decentes e não me colocar em situações em que sei que irei me arrepender depois. Culpa dele ser tão fudidamente barulhento e impedir com que todos os seus vizinhos não acostumados com barulho, no caso eu, dormam em paz. Culpa dele por mexer tanto comigo sem nem fazer nada de verdade. E olha que eu estou aqui faz apenas um mês.

Não 'tá tendo condições de continuar com essa patifaria não, pode ir parando.

E é claro que nesse momento eu estou deitado na minha cama tentando de todas as formas tirar esses pensamentos impuros e fanfiqueiros do que irá acontecer nesta noite. Eu não consigo negar o quanto estou ficando nervoso, mesmo sendo apenas o vizinho irritante que estou xingando há semanas. Mas é com o som de duas batidas na minha porta que eu me levanto assustado e vejo tudo escurecer, demorando um pouco para me recompor e apressadamente abrir a maldita porta.

E pronto. Eu paraliso novamente, — noto, também, que venho paralisando muitas vezes em menos de meia hora, isso não deve ser saudável...— porque Lee Donghyuck, também chamado de vizinhança dos infernos, não se deu o trabalho de pôr alguma roupa antes de vir até aqui. Porque este maldito ser humano, esculpido pelos deuses, resolveu aparecer na minha porta apenas com uma cueca boxer vermelha que combinava perfeitamente com sua pele morena. Passou por mim com um sorrisinho indecifrável para o meu chulo olhar, logo se jogando em minha cama e indicando, com alguns tapinhas no colchão, que me chamava para deitar junto a si.

Ok. Se esse menino não 'tá tentando me matar, eu tenho medo do dia que ele decidir fazer isso.

Mas eu sigo até minha cama e me deito de frente para os olhos presunçosos daquela peste. Eles são ainda mais lindos de perto e sinto como se estivessem jogando algum feitiço em mim; não quero mais dormir, não quero mais ir para a aula amanhã; não mais que essa maldição de vizinho saia de perto de mim.

Ai papai que que esse moleque fez comigo...


--| FIM DO CAP 1|--

hmkkk oie, então essa fanfic é baseada em um plot que eu vi no twitter (a garota doou o plot pra mim hehe), mas a au dela n abre mais e eu to achando q ela deletou o twt, mas o @ dela é @artljk (pelo menos é oq aparece pra mim). Enfim, eu ia fazer uma oneshot mas tava ficando mto grande e eu preferi fazer em capitulos. Não sei quando vou att de novo :/ espero q gostem.

até o proximo cap, comentem e favoritem se gostaram <3

Guitar Player ✧ MarkhyuckWhere stories live. Discover now