Marcando Território

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Pov Laura

A luz do sol invadia timidamente a janela do avião, anunciando o nosso destino. Minha mãe me cutucou, trazendo-me de volta à realidade.

- Laura, acorda, já chegamos. - Disse ela, suavemente. Abri os olhos ainda sonolenta.

- É sério?! Não achei que conseguiria dormir, a poltrona é muito desconfortável, estou com dores no pescoço - Comentei enquanto bocejava. - Agora só me falta um café para acordar de verdade.

Minha mãe pareceu compartilhar do mesmo sentimento. - Eu quase não dormi também. Estou muito acabada, ele vai pedir para eu voltar para o buraco de onde eu sai, quando me ver. - Disse ela com uma expressão de desespero. A insegurança dela me arrancou uma risada sincera. Era como se uma adolescente habitasse o corpo de uma mulher adulta.

- Não exagera, você está ótima - Tentei confortá-la com um sorriso tranquilizador. - Só precisa... de um cochilo?

Depois de pegarmos nossas malas do avião, esperamos por um longo tempo pelo André, que já deveria estar aqui para nos receber. Minha mãe, em puro estado de ansiedade.

- Amor, já está chegando? Estamos te esperando aqui na área de desembarque - Ela murmurava em meio à tensão.

Aproveitei a demora para uma rápida visita ao banheiro, uma tentativa de recuperar a aparência de quem não passou a noite encolhida numa poltrona de avião. Fiz mímicas sutis informando minha mãe de que iria ao banheiro, e recebi um "joinha" confirmando a compreensão.

O espelho no banheiro revelou a imagem de alguém que se assemelhava a um náufrago recém-resgatado. Olheiras marcavam minha pele pálida, e a expressão sonolenta era um testemunho da batalha noturna contra a poltrona. Eu estava capenga, derrotada, decidi dar uma arrumada rápida, aplicando uma boa dose de maquiagem para disfarçar o cansaço. Enquanto me arrumava, verifiquei a hora no meu relógio de pulso e percebi que havia demorado mais do que o planejado. Dei uma última olhada no espelho, não estava perfeita, mas me contentei com o resultado. Saí do banheiro rapidamente em busca da minha mãe, certa de que ela devia estar impaciente com a minha demora. Dizem que a pressa é inimiga da perfeição, mas acho que ela gosta menos ainda de mim, pois acabei esbarrando acidentalmente em uma garota, derramando todo o café que ela segurava, em sua roupa.

- Sua idiota, você não olha por onde anda? Manchou toda a minha roupa! - A fúria dela transbordou em palavras acusatórias.

- Desculpe, eu... eu não vi você - Murmurei, sem saber como reagir. - Foi um acidente.

- Jura? Eu não tinha percebido. Presta mais atenção por onde anda, sua morta.

- Do que você me...? - Antes que eu pudesse responder, ela simplesmente saiu andando sem me dar a chance de retrucar suas ofensas. Bufo de frustração, ponderando sobre sua grosseria desmedida. Era compreensível que estivesse chateada, mas será que precisava exagerar na dose? Já havia pedido desculpas. Respirei fundo, repetindo mentalmente um mantra: "Vou ignorar e não deixar que isso arruíne meu dia".

Depois do incidente, a vontade de tomar café desapareceu completamente.

Ao retornar ao encontro de minha mãe, encontrei-a conversando animadamente com André. Avancei na direção deles, e minha presença foi notada. Minha mãe assumiu a frente, apresentando-nos formalmente, embora eu já o conhecesse. Era como se buscasse legitimar o nosso encontro.

- Oi, Laurinha, tudo bem? Como foi de viagem? - André me cumprimentou com um abraço caloroso, seu sorriso irradiando gentileza.

- Oi, André, estou ótima. A viagem foi tranquila, obrigada - Respondi com um sorriso simpático, correspondendo ao dele.

Enfim, VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora