Just Love - Capítulo 1

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Já era noite, fim de festa. Todos haviam se recolhido, porém Can estava inquieto. Tinha se despedido de Sanem e ido até a casa de seu pai que ficava ao lado, tão perto que ele só conseguia pensar quantos metros o afastava do amor de sua vida e do quanto gostaria de poder passar a noite ao lado dela observando as estrelas, como não faziam há muito tempo. Decidido, resolveu voltar ao jardim disposto a encontra-la e falar sobre os seus pensamentos, até que a viu em sua rede, tão linda, em um sono tranquilo.

Vendo Sanem ali, tão plena, todos os problemas pareciam ter sumido e Can só queria tê-la em seus braços, poder acariciar seus cabelos e sentir seu cheiro, enquanto ela se aventura no mundo dos sonhos. Ele nota que ela está descoberta e busca uma manta, apesar de não estar tão frio. Se lembra quando ela lhe confidenciou sobre ter pesadelos quando não está coberta e, então, quando faz menção de cobri-la, percebe algo pequeno e brilhante sobre o vestido branco dela e, automaticamente, um sorriso se abre em seu rosto, incrédulo e doce. Ele conhece muito bem aquele objeto preso ao colar que Sanem carrega 24h consigo. O anel. Ela cumpriu a promessa de leva-lo sempre com ela, haja o que houvesse.

Can se aproxima ainda mais da rede, agora agachado, intercalando seu olhar do anel para o rosto angelical de Sanem, ainda com o sorriso discreto em seu rosto. Pega o anel, ainda preso a corrente, trazendo-o para si e o observa enquanto milhares de lembranças rodeiam a sua mente. Tantas histórias presentes naquele pequeno objeto, tão valioso e significativo para eles. Seus pensamentos são interrompidos quando ele percebe que Sanem se movimenta despertando e como se acordasse de um transe solta o anel rapidamente, mantendo a cabeça apoiada na rede e admirando o rosto agora virado em sua direção.

Sanem havia se assustado, mas sua confusão alternou para felicidade assim que percebeu quem estava a observando. Can estava ali, com um olhar carinhoso, observando ela dormir. Sentiu uma leve nostalgia tomar conta de si ao se lembrar das noites que passaram juntos. Ele estava ali, ao seu lado, e ela queria estar em seus braços, dormir e acordar ao lado dele. Após um tempo apenas trocando olhares e sorrisos, Can resolve tomar a iniciativa de um diálogo. Ela não havia fugido dele, aquilo era bom. - Posso deitar com você? - A resposta veio em forma de um aceno de cabeça.

Sanem não podia conter a felicidade que preenchia o seu peito, estava tão imersa ao momento que nem se deu conta de que o seu colar estava exposto, exibindo o objeto que ela mantinha durante 1 ano próximo ao coração. Ela deu espaço para Can deitar ao seu lado na pequena rede, deixando que ele passasse os braços por trás da sua cabeça, a apoiando nos ombros largos dele, enquanto sentia que um de seus braços másculos se acomodava ao redor de seu corpo e o outro se dobrava como um travesseiro acomodando a cabeça de Can.

Ele suspirou sentindo a paz inundar seu corpo, inalando o perfume de flores silvestres que ele tanto amava desde a primeira vez que o sentiu, sentindo seu corpo aquecido e preenchido. Se sentia completo. Poderia passar o resto de sua vida daquela forma. Fechou os olhos aproveitando aquele momento, queria eternizá-lo, sabia que não duraria muito, não tanto quanto gostaria, então só queria ficar ali e sentir, nada mais.

Sanem também havia fechado os olhos. Os dois embalados pelo silêncio de suas vozes, mas acompanhados dos sons de suas respirações e das batidas de seus corações. Ela pôde ouvir o coração dele quase saltando do peito e sabia que o dela não estava em um estado muito diferente. Sorriu ao pensar o quanto um simples toque de Can podia causar diferentes sensações em seu corpo, nenhum outro homem era capaz deixa-la sentindo borboletas no estômago. Sentiu o toque suave dele em seus cabelos e aquilo era como um sonífero.

Parecia que ela estava cada vez mais distante, há muito tempo não se sentia tão leve. O encarou. Queria guardar na memória cada movimento que ele fizesse. Encontrou seu olhar, um olhar de saudade que a fez desviar o olhar, pois sabia que, se continuasse, as lágrimas rolariam por seu rosto involuntariamente, não queria se entregar à tristeza de saber que não o teria mais como ela queria, não queria que eles tivessem uma conversa triste ou falassem sobre qualquer coisa que pudesse estragar aquele momento.

Can beija sua testa e acaricia seus braços com o intuito de fazê-la dormir. Queria prolongar aquela noite e seria melhor evitar discussões. Percebeu Sanem relaxando em seus braços novamente e logo estava em seu sono tranquilo como antes dele despertá-la. Tinha sido um dia agitado. Ele sorriu. Ela parecia um anjo. Conseguia ser encantadora até mesmo quando o deixava louco. Relaxou admirando as estrelas, aquilo parecia um sonho e ele não queria acordar. Em meio a pensamentos, apagou.

*****

Abrindo os olhos lentamente pela claridade que atingia sua visão, Can aos poucos se localizava percebendo o que havia acontecido e deixando que um sorriso largo ganhasse forma em seu rosto. Ele havia dormido ali, no jardim da Sanem com ela em seus braços. Ela ainda estava num sono profundo e ele resolveu não fazer movimentos bruscos. Queria aproveitar mais um pouco aquele momento. Sentiu o anel encostando em seu ombro e flashs da noite passada vieram a sua memória. Não podia deixar de sorrir.

Uma ideia surgiu em sua mente. Sabia que a deixaria desesperada, mas não podia perder a oportunidade. Eles se amavam e ele iria reconquistá-la. Com cuidado abriu o fecho do colar que estava preso ao pescoço de Sanem, fechando assim que o tirou por completo de seu pescoço. Colou em seu bolso antes que ela o pegasse no flagra e todos os seus planos fossem por água abaixo. Não havia outra forma de conseguir aquele anel de volta e ele iria precisar num futuro próximo. Enquanto ele estava preso em seus pensamentos, Sanem acordou.

Seus olhos se cruzaram e sorriram cúmplices pelo momento que haviam compartilhado. Ambos ansiavam por aquilo e nada seria capaz de estragar o dia deles tamanha era a felicidade que corria por suas veias naquele momento. - Günaydın - Com a voz meio rouca Sanem disse em meio ao sorriso que estampava o seu rosto, ela não conseguia disfarçar o que estava sentindo e, no fundo, não queria. Can respondeu ao günaydın com um sorriso tão largo quanto o dela, mas logo os seus braços reclamaram pela falta de Sanem que agora se levantava da rede.

- Acho que precisamos ir. Daqui a pouco todos chegam. - Sanem disse, percebendo o olhar triste de Can ao notar que ela havia escapado do seu abraço.

- A agência. - ele reforçou como se quisesse convencer a si mesmo de que era mesmo necessário interromper aquele momento. Levantou, meio contra sua vontade enquanto era observado pela Sanem, atenta, já em pé ao seu lado. Resolveu se despedir dela, iria em casa tomar um banho e se trocar enquanto a fazenda ainda estava vazia. Eles tinham muito trabalho a fazer, os pedidos de cremes eram extensos e toda a equipe iria se dedicar não só a divulgação publicitária como a produção, já que a Sanem sozinha não daria conta da demanda de pedidos. Além disso, ela precisava escrever. Não podia dedicar 100% do seu tempo ao creme, por mais que aquilo fosse um prazer para ela.

Sanem não queria que ele fosse embora. Podiam tomar chá juntos enquanto ela contava alguma de suas histórias que sempre o faziam rir. Ela adorava vê-lo sorrir. Era raro, mas quando o fazia era mágico. Ela sempre amou ver as pessoas ao seu redor felizes e, por isso, estava sempre fazendo graça e animando a todos. Sempre foi alto astral, sonhadora, inquieta e curiosa, desde criança. Era algo natural dela. E ele amava. Com todas as suas loucuras e desastres, ele a amava e ela adorava isso nele. Fazê-lo sorrir era uma das suas coisas favoritas na vida.

Ela o observou partir em direção a casa de seu pai e acordou de seu devaneio quando ouviu vozes agitadas se aproximando. Sabia muito bem a quem pertenciam e sorriu se virando para encarar o grupo que se aproximava dela. Ceycey, Muzzo, Deren, Deniz e Bulut haviam chegado e ela estava feliz por eles estarem ali. Por mais que eles a deixassem louca boa parte do tempo, gostava de como a sua casa se enchia de vida quando seus amigos estavam ao redor dela. Não conseguia parar de sorrir e não sabia se era exatamente pela presença deles ou pela noite que havia tido. Afastou os pensamentos que insistiam em leva-la a Can e resolveu seguir os seus amigos até o espaço que haviam delimitado como a agência focando apenas no longo dia que teriam pela frente.

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