Just Love - Capítulo 3

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Sanem apenas o olhou rapidamente, mas logo desviou o seu olhar ao horizonte novamente. Se sentia culpada por ter perdido o anel e não sabia como dizer a ele, se é que deveria. Tantas questões rodeavam sua mente... Tudo que ela precisava era apenas ficar sozinha. Abaixou a cabeça mirando os seus pés balançarem sobre a água numa tentativa falha de espantar os seus pensamentos.

İncomodado com aquele silêncio entre eles e o desconforto perceptível dela, Can iniciou o diálogo. Não queria vê-la triste. Aquilo destruía ele por dentro. - Você vai me contar? - Sanem virou o rosto en sua direção, confusa por não entender a sua pergunta. - O quê? - indagou, dessa vez o olhando nos olhos, ainda com o semblante confuso. Estava tão óbvio assim? - Você está agitada desde cedo, Sanem. Acha que ninguém percebeu? Quer me contar o que aconteceu? - Sanem respirou fundo, olhando novamente em direção aos pés e ao movimento das ondas que a água em contraste com o vento formavam.

Can ainda a encarava esperando uma resposta e Sanem podia sentir seu olhar sobre ela, resolveu responder, ele não iria desistir mesmo. - Eu perdi uma coisa. Você pode me ajudar? - tinha voltado seu olhar para o dele e soltou como um jato as palavras movida pelo medo de se arrepender. Can sorriu. - Se você me disser o que é, talvez eu possa. - notou que Sanem lutava contra si mesma pra falar, ele queria que ela continuasse. Por algum motivo ele não queria acabar com aquele jogo assim, tão rápido entregando tudo a ela. Que tivesse fim, mas de uma forma inesquecível.

Em meio ao impasse de Sanem e a espera de Can que, para ele, parecia infinita, seu celular tocou. Era Deren. Sanem respirou aliviada por ter encontrado uma saída. Can resolveu atender, Deren não o ligaria para nada. Mevkibe estava na fazenda atrás da filha mais nova e já tinha ligado inúmeras vezes, porém não havia obtido resposta. O que estava se tornando uma rotina e isso a deixava muito irritada e preocupada. Sanem não estava com o celular em mãos, por isso não respondeu as chamadas, ela nunca foi tão presa a tecnologia. Can passou o recado de Deren, se levantou e a ajudou a fazer o mesmo. Eles precisavam voltar a fazenda. Sanem estava com um péssimo humor naquele dia, o que não era típico dela. Distante, pensativa. Ele observava durante o percurso de volta.

Quando já estavam próximos a entrada notou ela se recompor e tentar demonstrar um semblante melhor, não queria preocupar a sua mãe, ele sabia. Trocou algumas palavras com Can sobre como o dia estava bonito e do quanto gostava daquele lugar. Passaram pela rede e Sanem sorriu, olhando em seguida para Can que ainda tinha os seus olhos direcionados para onde os seus miravam anteriormente. - Poderíamos fazer isso todas as noites, não acha? - Sanem arregalou os olhos. Ele e essa mania de ser sempre direto. No fundo ela adorava, mas sempre ficava sem resposta para suas investidas. Ele falou como amigo? Ele ainda acredita que temos chances? E se ele me perguntar o que eu fiz com o anel? Droga, Sanem! - Podemos? Podemos, claro. Podemos. Nós podemos. Evet - estava nervosa. Mas antes que Can pudesse responder, Mevkibe foi em direção a eles com o olhar atento a todos os movimentos de ambos.

- ANNEM - Sanem falou mais alto do que deveria e com os olhos arregalados como criança quando é pegada no flagra. Sua mãe agora a fuzilava e a questionava com os olhos o que estava fazendo sozinha com o Can. Sanem sabia que ela iria lhe matar quando estivessem a sós. Mevkibe cumprimentou Can educada recebendo a resposta e, logo em seguida, puxou Sanem em direção a sala da casa a chamando para tomar chá. O interrogatório viria.

Assim que entraram no cômodo Mevkibe a bombardeou de perguntas. - Garota, o que é isso? Vocês voltaram? Por que estavam sozinhos? Sanem, ele te disse alguma coisa, filha? E você? - Sanem já não aguentava mais tantas perguntas, logo hoje, olhou para o teto e respirou enquanto sua mãe tagarelava coisas que ela já não conseguia mais entender, até que resolveu interromper. - ANNE. BİR DAKİKA. Sim, anne, nós conversamos. Não, nós não voltamos, porém estamos bem um com o outro. Ele me pediu desculpas, eu o pedi desculpa. Agora somos sócios e convivemos como dois adultos civilizados. Ele estava comigo porque eu perdi algo e estava triste, resolvi me afastar para pensar e ele percebeu, foi até lá me fazer companhia. Só. Nada mais. - Mevkibe parecia aliviada e parecia ter se contentado com as respostas sobre Can. Sanem estava prestes a mudar de assunto quando ele, de repente, apareceu na porta pedindo permissão para entrar.

Sanem permitiu, sem entender o que ele queria ali de tão urgente. Viu Can se aproximar do sofá e pedir a sua mãe um momento com ela. Sobre o que ele quer conversar? Sua vontade era de sair correndo dali. Ela sentiu o nervoso tomar conta do seu corpo e a sua mãe se alinhar no sofá, assumindo uma nova postura e acenando para Can sentar a sua frente. Sanem só queria que um buraco surgisse naquele sofá e ela pudesse afundar junto com ele naquele momento.

Com a posição ereta, Mevkibe estava atenta, aguardando o que viria pela frente daquele rapaz que ela amava como um filho, mas a magoou tanto quando partiu o coração de sua filha que, só de lembrar daquele 1 ano que viveu, tinha vontade de arrancar os cabelos do jovem a sua frente. Para depois abraça-lo. Não podia negar que ele é especial e que havia uma conexão muito forte entre eles.

Can arqueou seu corpo mais para frente na tentativa de se aproximar e pegando a mão da senhora que o olhava atentamente iniciou tudo que estava preso dentro de si desde que chegara. Ele precisa se desculpar, lhe explicar o que se passava pela sua cabeça, pedir perdão pelo dano que havia causado a sua filha e a sua família. Tinha um carinho muito grande por todos eles e os pais de Sanem sempre o receberam de braços abertos, desde o início. Ele não poderia deixar esse nó solto. Sanem estava incrédula com a cena que via. Um misto de felicidade e anseio pela reação de sua mãe. Mevkibe ouvia Can atentamente e hora ou outra o questionava sobre dúvidas que estavam guardadas em si e a machucavam. Sentia como se sua alma fosse lavada, ela não havia se enganado sobre ele e a maior prova disso era ele estar ali a sua frente tentando amenizar a dor que causou e mostrando o seu ponto de vista.

Sanem já chorava sem sequer perceber e pôde notar os olhos de Can mareados. Estava orgulhosa dele. Ele não era um homem de compartilhar os seus sentimentos e sempre foi muito seletivo sobre as pessoas ao seu redor, estabelecendo limites, se afastando, nunca confiando 100%. Com os pais de Sanem era diferente, desde o primeiro momento eles haviam se entendido. Can se sentia acolhido e amado como um filho, podia ser ele mesmo quando estavam juntos, eram pessoas simples e que só queriam em troca dele a sua felicidade, isso bastava. Era tudo que ele mais admirava: simplicidade. Aquela família tinha mudado a sua vida e ele não poderia ser mais grato.

Depois de um longo abraço que selava a paz entre ambos e enchia o peito de Sanem de felicidade ao ver aquela cena, eles se despediram. Mevkibe estava radiante, sorrindo e repetindo diversas vezes que cozinharia a travessa de sarma que ele tanto ama. Levaria em breve e seria apenas para ele. Recebeu uma resposta ciumenta de Sanem, fazendo os dois rirem da situação. Mesmo com a cara emburrada, eles sabiam que ela estava feliz por tudo estar voltando aos eixos e por eles, finalmente, se entenderem e terem deixado o passado para trás. Sua mãe partiu e eles seguiram em direção aos amigos ainda rindo feito bobos. O humor dela tinha melhorado, aquilo era bom, Can pensou. Talvez ela não o matasse quando descobrisse que ele estava todo aquele tempo em posse do anel que ela tanto procurava.

O clima de romance entre eles estava ainda mais aflorado, troca de olhares e toques discretos durante a reunião com os demais integrantes da agência, a ansiedade para que a noite chegasse e eles pudessem estar juntos novamente, a sós. Talvez até dormirem juntos como na noite anterior. Ambos se sentiam como adolescentes vivendo seu primeiro romance de escola. Aquilo parecia bobo, mas era mágico. Todo esse tempo e nada foi capaz de apagar o que sentiam um pelo outro, nem mesmo as dores, nem a distância. O amor deles era inatingível. Esses pensamentos só encorajavam Can ainda mais. Ele estava determinado a colocar o seu plano em prática. Sabia que ela o amava, quais as chances de dar errado?

Seu celular tocou. E no movimento de tirá-lo do bolso o anel subiu junto com o outro objeto, ficando amostra. Por descuido, ele acabou guardando o celular no mesmo lugar do anel após usá-lo no píer. Can percebeu e tratou de corrigir o ato falho rapidamente ao mesmo tempo que atendia a ligação, se certificando de que Sanem não o observava naquele momento. Ela parecia não ter notado.

Era Metin, provavelmente com algo novo relacionado a patente dos cremes. Se afastou do grupo para ouvir melhor a ligação e resolver o que fosse necessário da melhor forma, tentando não se preocupar com o fato anterior. Mas não deixava de repetir mentalmente: Ela teria reagido, é a Sanem, ela não sabe disfarçar. Ela não viu nada, Can. Relaxa. Depois de tudo resolvido, guardou o celular devidamente e se dirigiu de volta a mesa, com os olhos grudados aos movimentos da mulher mais doce que conhecera em toda a sua vida, mas que poderia se transformar numa leoa a qualquer momento. Sorriu com a possibilidade. Queria que ela o atacasse, ah como queria!

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