Chapter Five

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Acabei dormindo também. Depois de um tempo, acordo meio desorientado, sem saber onde estava mas logo reconheço o sorriso que estava em minha frente.
-Elídio... - não deixo de sorrir também.
-Pode me chamar de Lico ou, se quiser, Lili.
-Que horas são...Lili?
-22 horas. Dormimos um pouco demais - ele ri e pequenas ruguinhas surgem no canto de seus olhos. Como é lindo...
-Eu preciso ir para casa. Agradeço o abrigo que me deu.
-Fica... Por favor. J-já está tarde, pode ser perigoso.
-Mas eu...
-Por favor, Dani...
-Está bem eu fi... -antes que pudesse completar a frase, recebo um dos abraços mais aconchegantes que um dia já recebi e retribuo.
Sinto um aroma doce de chocolate. Percebo que ele também e se levanta sorrindo.
-Eu preparei um bolo de chocolate. Deve estar pronto.
-Você me carregou até o quarto enquanto eu dormia? - Ele concorda com a cabeça - Mas você parece, sem querer ofender tão frágil e delicado... Como conseguiu?
-Assim. -Ele me pega no colo e me leva até a mesa de jantar - Preciso tirar o bolo do forno. - Dá uma piscadinha e segue para a cozinha.
Ele põe o bolo desenformado na mesa e leva um potinho com calda de chocolate. Pego um pedaço do bolo e coloco a calda no mesmo.
-Hmm.. Nossa Lico... está divino - fecho meus olhos para apreciar o sabor do bolo e de repente, sinto um beijo em meus lábios.
Abro os olhos e vejo um Elídio completamente corado.
-M-me p-perdoe... E-eu não s-sei o que...
-Acalme-se... Está tudo bem. Eu gostei.
-S-sério?
Deposito outro beijo calmo em seus lábios.
Ele sorri para mim e comemos o bolo. Depois, ajudo-o a lavar a louça e assistimos a um filme daqueles bem clichês.
-Lili...- ele olha para mim - Você já é assumido? -ele acena concordando - Foi muito difícil?
-Mais ou menos... Eu meio que sabia que era diferente, mas nunca me dei conta do que era exatamente. Sempre fui diferente dos outros rapazes. Meus "amigos" sempre me enchiam por isso... Até que um dia eu contei para os meus pais. Eles me deram todo o apoio, mas logo esses "amigos" descobriram. -Ele para de contar e fecha os olhos, respirando fundo mas logo continua - Eu tomei uma surra. Madeira, corda e até ferro eles usaram. Eu fiquei internado no hospital e quase não andei mais... -Limpo uma lágrima que escorreu de seu olho -Mas tá tudo bem agora, Dani...
Fico cabisbaixo.
-Desculpa ter feito você se lembrar disso... Eu não queria te fazer chorar.
-Como eu disse... Tá tudo bem.
-Você acha que pode acontecer comigo? -Encolho-me um pouco
-Hoje ainda existe a intolerância, mas eu acredito que nada vai te acontecer. - ele beija minha testa suavemente e eu selo nossos lábios - eu prometo que vou te proteger...Sempre.
-E eu prometo te proteger... Sempre.
Deito em seu peitoral e ele faz carinho em minha cabeça. Dou play no filme e continuamos assistindo.
***
Acordamos no sofá e confiro as horas.
-Bom dia, Dani.
-Bom dia, Lico... Como você está?
-Bem... Pela sua carinha você precisa ir, não é? - ele diz desanimado
-Eu preciso trabalhar...  Eu não nasci rico, infelizmente. Podemos nos encontrar no fim do meu expediente e depois darmos um passeio... Eu trabalho na livraria no centro.
-Combinado... Que horas?
-17 horas.
Ele me dá um selinho, eu retribuo e saio em direção a minha casa para me arrumar e comer alguma coisa.
Depois daquela noite, eu sinto que minha vida vai mudar para melhor.
***
Passo o dia ansioso para vê-lo novamente...
Então isso é estar apaixonado? E querer passar cada segundo com o outro e morrer de saudade quando fica longe por algumas horas?
Ouço a porta da loja se abrir e meus olhos brilham ao vê-lo cruzar a porta. Ele trazia uma flor na mão esquerda e a entrega a mim.
-Você é um sonho ou existe mesmo?
-Bem... Acho que existo mesmo. - sorri fazendo aquelas ruguinhas aparecerem.
Pego minhas coisas e fecho a loja. Na rua, olho em seus olhos e, sorrindo, digo:
-Eu te amo - e dou-lhe um beijo apaixonado

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⏰ Última atualização: Jun 21, 2019 ⏰

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