Red like Heart

Chapter Three

Ligação On

-Alô?

-A-alô...

-Quem é?

-O Daniel...

-Oi Daniel! Fiquei feliz que ligou.

-Daniel, er... Eu gostei muito do pouco que conversamos e... Estava pensando em quem sabe, nos encontrarmos de novo.

-Onde? Quando?

-Que tal o parquinho? Quando você quiser...

-Perfeito! Pode ser amanhã?

-Combinado! Às 17 horas

-Beijinho... Tchau

-T-tchau!

Ligação Off

Não consigo inibir um sorriso e abraço o celular.

O que está acontecendo comigo? Trocamos apenas poucas palavras, mas sinto como se nos conhecêssemos há décadas... O que está acontecendo comigo? Meu coração acelera só de ouvir sua voz... O que está acontecendo comigo? Acho que me apaixonei... Mas eu não sou... O que está acontecendo comigo?

***

Acordo mais ou menos às 9 da manhã, ajeito minha cama e olho-me no espelho.

Um reflexo com a barba meio cheia e o cabelo desarrumado surge quando meu olhar toca o espelho. Faço minha barba, deixando apenas uma barbicha no queixo e penteio os cachos que começam a se formar em meu cabelo não mais tão curto como um dia já fora.

Tic tac, tic tac, tic tac...

Cada batida do ponteiro me angustia, as horas pareciam passar lentamente e o horário marcado parecia nunca chegar.

Olho para o relógio... 16 horas e 10 minutos... Falta pouco. Tomo um banho quente e visto um sobretudo bordô e ponho minha boina. Respiro fundo e abro a porta o vento carrega as folhas secas amareladas pelo jardim. Pego uma maçã vermelha e sigo em direção ao local previamente combinado.

Um pássaro canta alegremente exalçando o céu azul, no galho de uma árvore já sem folhas, ele amaina suas asinhas e sinto que esbarrei em alguém por voltar minha atenção ao pássaro.

-M-me desculpe... - levanto minha cabeça.

-D-Daniel?

Sinto minhas bochechas ficando novamente coradas ao ver seus olhos pardos e brilhantes fitando-me. Ele toca em minha mão e eu afasto-a, mas deixo que ele segure-a. Vejo seu sorriso ao perceber minha pequena insegurança e sorrio timidamente de volta, quando ele põe minha boina que havia caído em minha cabeça.

-Estava caindo - ele ri como da primeira vez que nos vimos.

-Estamos no parque, mas o parquinho fica  do outro lado... Vamos?

-Vamos. -Ele pega uma folha no chão e me entrega.

-Uma folha?

-Esta folha é de uma árvore especial. As folhas desta árvore nunca se rasgam. Interessante, né? Todas as folhas murcham, caem e morrem, mas esta permanece viva. Olha como ainda é verde, como se estivéssemos na primavera. A natureza é perfeita.

-Você sabe por que ela é assim?

-Não. Mas isso é que a torna mais especial... O mistério de sua história.

Olho para a folha e guardo-a em meu bolso.

Seguimos caminhando até o parquinho. Em um momento ou outro, ele tenta segurar minha mão, mas sempre recuo.

Até que em certo momento, me deixo levar pelo momento e seguro sua mão.

Ele sorri e quando vê o balanço, sai correndo como uma criança.

-Me balança, Dani?

Sorrio e corro atrás dele. Empurro o balanço que ele estava e ficamos brincando como dois amiguinhos no playground da escolinha.