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- 25 de Fevereiro, 2019. Meses depois do acidente.

Jungkook havia acabado de chegar na escola. A mochila nas costas era tão leve quanto sua mente e corpo. Estava tão realizado consigo mesmo, que era difícil não caminhar para a sala de aula reservada com um suspiro satisfeito deixando-lhes o lábios.

Foram sete meses de reabilitação. Nos primeiros dias, após saber que passaria por todos aqueles dias preso em um centro para menores de idade, arrependeu-se. A ideia de ficar trancado em um lugar por tanto tempo o deixou atordoado. A voz surgiu para culpá-lo por pensar aquilo, deixando-o com ainda mais temor.

Entretanto, uma visita inesperada de Taehyung o fez tirar aquela idéia da cabeça. Assim que ele teve alta, foi chamado para reconhecer o suposto acusado que havia ido confessar ser o causador do acidente. Taehyung o olhou com atenção por segundos, que para si, pareceram horas. E depois, sorriu. Sorriu para Jungkook.

Quando Taehyung foi embora, a informação chegou a Jungkook. Seus meses de detenção haviam sido reduzidos. A vítima afirmara que ele não tinha intenção de machucá-lo, além de ter sido ele a prestar ajuda.

Mal acreditou, mas usou todo o acontecido para organizar seus próprios pensamentos. Focou-se e manteve em mente que assumiria seus erros e arcaria com as punições por tais.

E seguiu daquele modo.

O rapaz que lhe mostrava as verdades mais dolorosas já não aparecia mais desde que aceitara sua punição. Lembrava de tê-lo visto sorrir para si antes de sumir. E nunca mais havia retornado.

Seus pais o visitavam, prestavam apoio. Além de prometerem estar mais presentes na vida do filho. Não o deixariam sair sem saberem exatamente para onde e com quem. Atitudes que se arrependiam amargamente de não terem tido antes.

E além daquilo, Taehyung também o fazia.

O mês passava rápido porque ansiava pelo retorno do mais velho. E quando o via tão bem a cada novo mês, lhe transmitindo paz e confiança, sentia seu coração bater com ousadia, alegre, satisfeito.

A cada novo mês, um sentimento que crescia mais. Lembrava do que Taehyung lhe dissera. "Eu gostava de você." Numa daquelas visitas, ousou perguntar o que significava. A resposta fez, pela primeira vez, as borboletas voarem em seu estômago, incessantes e sem controle.

Percebeu que sentia o mesmo. Que também gostava dele. Porque vê-lo sorrir novamente era mais importante do que sua falsa liberdade caso o tivesse deixado arcar com tamanho peso das consequências sozinho.

No dia de sua saída, Taehyung estava lá, o esperando. Pela primeira vez, um abraço. Firme e intenso. Longo e verdadeiro. Um apoio recíproco que buscavam um no outro. O pedido de desculpas que ainda insistia em sair surgira entre eles, o perdão que era dado sem remorsos, também. Taehyung sempre lhe dizia que não precisava lamentar por um passado a qual já havia o desculpado. Jungkook também foi a vítima. De pessoas que manipulavam, destruíam as boas primeiras sensações de se sentir importante.

O primeiro beijo veio logo depois. Casto e cheio de sentimentos guardados. O primeiro beijo de Jungkook. O primeiro de Taehyung. Aquele gesto íntimo compartilhado com quem ocupava seus corações apaixonados.

Quando retornou para casa, explicou tudo novamente aos pais. Um encontro entre eles e os pais de Taehyung aconteceu posteriormente. Pedidos de desculpas quanto aos descuidos, agradecimentos verdadeiros pelo apoio e responsabilidade.

E por fim, a aceitação do que ambos já percebiam entre os filhos. Um amor regado de atenção e prosperidade que vinha crescendo cada vez mais entre os mais novos. Um sentimento para proteger.

SORTILÉGIO | taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora