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04.09.2009

Querido diário, eu ganhei você no verão passado

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Querido diário, eu ganhei você no verão passado. Porém, me sinto decepcionada, já que só consegui escrever em você agora. Sinto muito por isso. Eu estava esperando algo relevante acontecer em minha vida e fiquei a mercê disso, baixei as minhas expectativas no processo.

Acho que a coisa mais legal e interessante que eu fiz desde o ano passado pra cá, foi ter gravado todas as letras das músicas de Camp Rock. Eu já posso até ser contratada como uma espécie de sósia da Demi Lovato, a minha voz é tão especial quanto a dela, – é o que a vovó me diz.

O ponto é que, por mais que eu queira relatar tudo em mínimos detalhes que se passa na minha vida, nunca vou poder achar palavras pra descrever. Não sou muito boa na escrita, por isso estou fazendo aulas de literatura às terças-feiras, mamãe me garantiu que eu aprenderia novas palavras se participasse do tal Clube da Leitura. Não posso negar que aprendi palavras novas, como exuberante e indubitável, algumas tiradas de páginas e mais páginas do universo mágico de Harry Potter.

Com o tempo, vou colocando aqui todas as palavras novas que eu conseguir aprender, e vou me forçar a lembrar de todas elas. Eu gosto de pagar de inteligente perto da Déborah e da Amanda, elas são gêmeas idênticas e adoram livros também. Porém, só gostam de contos de fadas clichês como se não existissem outros gêneros que envolvam romance ou princesas sendo resgatadas por príncipes.

Mamãe disse que sou feminista por pensar assim. Quer saber? Se pensar que eu posso muito bem me virar descendo de uma torre sozinha ou construir um restaurante sozinha sem a ajuda de um príncipe idiota me torna feminista, sou com orgulho e posso até gritar a plenos pulmões isso. Fiz referências a Rapunzel e A Princesa e o Sapo, se você não entendeu.

Eu tenho sete anos e sou muito esperta, é o que dizem. Sou mais esperta que a maioria das crianças, e escrevo muito mais do que elas costumam escrever na minha idade. Me orgulho imensamente disso. Está vendo? Vai aí uma palavra difícil.

Hoje foi um daqueles dias em que me senti mais do que esperta na escola, tinha um garoto asiático chamado Kazuo. Ele não era tão inteligente assim. Na verdade, acho que ele era desprovido de qualquer inteligência humana que fosse, porque as ações dele tornavam ele muito burro e idiota.

Espero que a mamãe não leia esses xingamentos. Ela me mataria.

Voltando ao início, Kazuo me abordou logo na entrada da escola, atrapalhando o meu diálogo com Déborah e Amanda, a conversa que estávamos tendo era muito importante. Elas me perguntavam se eu preferia os quadrinhos da Marvel ou os da DC.

Fala sério, quem é que gostava mais da Marvel? Não tinha nexo.

— O que você quer? - eu encarei ele com raiva. Mas eu tinha motivos óbvios pra isso.

Kazuo tinha dificuldades na leitura e interpretação, o que era compreensível já que só tínhamos sete anos. Eu que era evoluída demais. Eu e as gêmeas.

P.s.: Amo Você - Série DesajustesOnde histórias criam vida. Descubra agora