Melanie Mendes tem um diário, onde relata tudo o que acontece em sua vida desde os seus sete anos de idade.
Melanie acha que a sua vida amorosa é toda confusa por causa de uma pessoa em específico: Kazuo Ao. Além de achá-lo insuportável e, vezes ou...
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— Eu te avisei! – Kazuo exclama enquanto encarava o celular, fiquei sem entender, o observando.
— Avisou? Avisou o que?
— Sobre o filme que lançou no cinema hoje! – ele me mostra o seu celular com o pôster. — Eu quero assistir. Quero muito.
Olhei ele com uma cara de quem pergunta "E daí?"
Kazuo deita a cabeça no braço do sofá, observando o seu próprio celular e respirando fundo. Já já ele começaria o seu método de cachorrinho abandonado, ele sempre tentava me persuadir com uma carinha de pena.
— Se lançou agora, o cinema deve estar lotado – começo a dizer. Deadwood, por ser no fim do mundo, tem apenas um cinema, e a maioria da cidade vai lá aos fins de semana. Com isso, tínhamos que garantir os nossos ingressos antes do dia de algum lançamento.
— Vamos à noite, então – contrapôs. — Se não der para assistir o filme que eu quero, podemos assistir o remake de Frankenstein. É em francês, mas tem legenda.
O olhei, Kazuo estava sentado bem ao meu lado, olhando o seu celular e com os lábios em linha reta. O cabelo, naturalmente jogado para o lado e um pouco bagunçado, estava quase que me implorando para ser tocado. Mas se eu tocar Kazuo Ao, mesmo que casualmente, sinto que outras coisas podem acontecer. Como ele me beijar, tal como fez no Parque de Diversões. Eu não estou preparada mentalmente para beijá-lo, primeiro eu quero nutrir sentimentos verdadeiros por ele, e não o deixar na ilusão.
— Vai ser um encontro? – perguntei, comendo um biscoito que a Vovó fez. Os olhos dele se encontram com os meus, e meu coração vacila, tamanha a intensidade a qual ele me encarava.
— Você vai querer que seja um? – perguntou de volta. A sua voz tinha um quê de diversão e sinceridade. Mordo o biscoito, mastigando-o e acenando com a cabeça. Os olhos de Kazuo brilham em expectativa. — Hoje ou amanhã?
Fiquei com medo. Seria o meu segundoencontro. O primeiro, mesmo que eu quisesse negar na época, foi com ele. E eu não posso dizer que não gostei, já que gostei bastante.
— Pode ser amanhã.
Fiquei ansiando por isso.
Kazuo se aproxima de mim, tirando o meu cabelo do rosto e sorrindo.
— Enfim está acontecendo? – diz em uma voz vacilante.
O encarei confusa.
— Como assim?
— Você e eu – Kazuo aproxima-se mais de mim, as minhas pernas parecem adormecidas. Eu não conseguia me movimentar e muito menos dizer algo. Então... ele estava certo? Estava acontecendo mesmo?
Sempre me pareceu um sonho distante estar com Kazuo, como algo que nunca fosse acontecer. Só achava que seríamos bons amigos pelo resto da vida. Mas tudo se tornou diferente depois das últimas semanas e os seus acontecimentos, parece que as coisas ficaram mais claras.
