• Capítulo 41 •

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Dezesseis anos depois

Vitória🐚

Quando esperávamos por uma vida melhor e longa, deparamos com a triste realidade.

Estou à três anos praticamente mãe solteira, à três anos é só eu, Jasmine e Kauã.

Henrique acabou sendo preso numa invasão do Bope aqui no morro, eu me desesperei. Ele tá comprindo a pena de vinte anos de prisão.

Mas como os meninos disseram: "Vamos fazer uma fulga bem planejada, relaxa".

Eu tenho medo, Kauã também agora está no tráfico e pode se dar mal.

Jasmine também é fascinada pelo o que o pai e o irmão fazem.

Estou pior do que eu poderia imaginar, meu marido longe de mim sofrendo. Meu filho no tráfico também e minha filha também com desejo de ser uma traficante.

Está tudo perdido.

Jasmine: Desculpa mãe...não queria te magoar, mas eu não vou, odeio lugar assim e tipo. Tem muita lição de casa para fazer.

Vitória: Ok, quando seu pai morrer tu vai dar valor.

Jasmine: Para de drama mãezinha, eu prometo que na próxima visita eu vou, prometo de verdade.

Vitória: Tá né, avisa pro teu irmão que devo voltar daqui umas quatro horas.

Jasmine: Beijinhos.

Beijei sua testa e peguei minha bolsa saindo do seu quarto.

Peguei a chave do meu carro e fui até a garagem, entrei no mesmo e sai da garagem e do morro indo para a prisão em que ele está.

A mesma é muito longe, é a duas horas daqui do morro.

É praticamente sempre uma viajem daqui até lá e de lá até aqui. Mas vale a pena, só para ver ele.

Chegando guardei meu carro num estacionamento que fica ali perto mesmo.

Enquanto eu acompanhava a policial eu pensava em tudo que tínhamos passado tá ligado, e aqui estamos. Eu indo visita-lo numa cadeia nacional.

Ela apontou para um cara sentado no banco do pátio e era ele.

Sorri forçado e fui até ele.

Me sentei do seu lado e ele me olhou, um brilho nos meus olhos, ele abrindo aquele sorriso malandro de sempre.

Lobão: Minha gata- ele me abraçou fortemente e só senti minhas lágrimas molharem meu rosto.

Vitória: Que saudades meu amor...

Lobão: Eaí como tu tá? Kauã, Jasmine...Minha mãe, a galera?

Vitória: Tudo no devido lugar, eu acho, Jasmine tá querendo entrar pro tráfico. Seu filho fuma e chega drogado em casa quase direto. Sua mãe ainda tá namorando, sua irmã descobriu que tá grávida. É o suficiente?

Lobão: Caralho, aconteceu isso tudo? Me sinto malzão por não tá lá com vocês.

Vitória: Você não tem culpa.

Lobão: E outra, não tem essa de, "seu filho", é nosso filho. Tu é mãe dele, tenta pelo menos colocar juízo enquanto eu não saio daqui, porque quando eu sair eu acabo com ele.

Vitória: Eu não sei se sou capaz de cuidar do Kauã. Até porque ele já é maior, sabe das coisas, ele já é adulto.

Lobão: Mas ainda mora de baixo do nosso teto, até aí quem manda nele é a gente. Quando ele ter a própria casa, casar, ter os herdeiros ele faz o que quiser.

Vitória: Eu sei, mas mudando de assunto... Eu trouxe algumas fotos deles, faz tempo que você não vê eles.

Peguei minha bolsa tirando dali de dentro umas fotos deles.

Entreguei para ele que abriu um sorriso enorme, enxuguei minhas lágrimas, porque eu sei que ele não gosta que eu chore.

Lobão: Caraí minha menor tá enorme fi, gatona que nem a mãe- sorri e beijei seu rosto.- Ela não veio por quê?

Vitória: Você sabe, ela é que nem tua mãe, odeia vir em lugares assim. Mas ela também tem muita lição para fazer, mas na próxima vez ela vem.

Lobão: Tô ligado, eu vou sair daqui, e vou voltar pra casa pra cuidar dos meus tesouros, falô? Eu prometo.

Vitória: Eu tenho medo Henrique, vai que essa fulga dê errado...

Lobão: Shiu...- olhou para os cantos- Vai dar tudo certo, os menor tão organizando tudo, ainda esse mês eu saio.

Vitória: Mas e depois? Vai que eles ficam mais em cima de você depois que você fugir, eu não quero que aconteça nada contigo.

Lobão: Não vai acontecer, fica mec.

Eu assenti sentindo seu beijo em meu rosto indo até meus lábios, soltei da sua boca e chamaram todos.

Lobão: Melhor tu ir, semana que vem tu vem.

Vitória: Ok...fica bem.

Ele assentiu e selei nossos lábios mais uma vez, peguei minhas coisas e sai dali com um aperto no coração.

Aquele lugar é sombrio e horrível, nunca imaginei Henrique ali.

Quero muito que ele saia daquela prisão e volte para casa. Mas não quero que seja uma saída complicada, quero ele bem...

Amanda: Amiga!- me chamou, olhei trancando meu carro.- Eaí, como foi lá?

Vitória: Horrível, não gosto de vê-lo lá, preso. Queria que ele estivesse aqui, com a gente, comigo.

Amanda: Os meninos vão conseguir tirar ele de lá.

Vitória: Me preocupa muito, os meninos arriscarem tudo e eles também se prejudicarem. Seria tão mais fácil se ele saísse de lá com a fixa limpa, mas é doloroso saber que vou ter que esperar mais 16 anos.

Amanda: Temos que ter fé amiga, fé.

Sorri e ela me abraçou.

Vitória: Bora entrar.

Amanda: Beleza, Tainá vai levando as bolsas e depois vai buscar tua irmã na escola.

Tainá: Beleza, falô aí tia.

Sorri dando tchau para ela, entramos em casa fomos diretamente para a cozinha, peguei o café e sentamos na mesa.

Ficamos conversando a tarde inteira. Depois Kauã chegou em casa um pouco alterado, as plena 17h, eu mereço. Ele subiu para o quarto sem falar nada comigo. Ultimamente ele me ignora, eu não gosto de estar assim com ele.

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