Capítulo 24 - O Vegetarianismo da Depressão

2 3 2
                                    

Se Lucas ficou arrasado, Malu ficou ainda mais. Depois de tanto dilema para se permitir envolver em um namoro, ela recebe tamanha decepção?

Se Malu não era aberta ao amor, depois dessa experiência ruim com Lucas ela ficou menos ainda. Mas o pior é que ela ainda gostava do menino, mesmo não querendo aceitar. Ele não saía de sua cabeça.

Malu pediu ao Fernando para que a levasse em sua casa imediatamente. Fernando ficou super contente por dentro, mas não demonstrou nada para Malu. Ele simplesmente a levou até em casa sem comentar nada. Contrariar Malu era a última coisa que ele queria naquele momento.

Malu chegou em casa e foi correndo chorar para os ombros da mãe.

Lena: filha, o que houve?

Malu: eu e o Lucas terminamos.

Lena: vocês terminar? Mas por quê? Eu gostava tanto do Lucas.

Malu: não dá para namorar um cínico que compactua com a indústria dos matadouros.

Lena: que isso, filha. Pare de ser radical. Vocês terminaram por conta de uma besteira dessa?

Malu: a senhora não está entendendo. Ele não estava simplesmente consumindo carne. Ele estava trabalhando numa churrascaria.

Malu: só de pensar nisso, me dói o coração.

Malu: Por quê? Meu Deus, por quê?

Malu: e o ruim é que eu ainda amo aquele cafajeste.

Lena: minha filha, se você ainda o ama, porque você não volta para ele?
Você acha que vale a pena terminar tudo por conta de uma bobagem?

Lena: você está sendo muito orgulhosa, Malu.

Malu: ficar apaixonada é ruim demais. Só faz a gente sofrer, se iludir.

Lena: o que te faz sofrer não é o amor. É o orgulho.

Lena: e tem mais. Você ainda não sabe o que é sofrer por amor. Você estaria sofrendo ainda muito mais se fosse ele quem tivesse terminado com você.

Depois dessa conversa, Malu foi chorar no seu quarto.

Lena pegou o tênis que Lucas tinha esquecido naquele dia em que ele foi acidentado.

Lena: já que você e o Lucas terminaram, eu acho justo você, pelo menos devolver o tênis dele.

Malu: os tênis dele ainda estão aqui?

E Malu aproximou os tênis de seu rosto e inalou profundamente seu odor.

Malu: Me desculpa, mas eu não consigo resistir ao cheiro que emana deles.

Malu: é o mesmo cheiro do perfume que o Lucas sempre usava. Me faz lembrar dos momentos bons que tivemos juntos.

Lena: pois é. E eu fiquei toda constrangida aquele dia em que você falou sobre o mal cheiro dos tênis do coitado.

Lena: ele deve ter se sentido super mal achando que tinha chulé. Sendo que o tênis dele estava em bom estado de conservação e não tinha mal cheiro coisa nenhuma.

Malu: Ah, mãe, como a senhora é boba. Eu falei aquilo só para poder ficar sentindo o perfume daquele ordinário.

Malu: enquanto a senhora estava aplicando acupuntura, eu estava me delirando no perfume das roupas dele.

Lena: Ah, sua danada!

E Lena achou melhor deiar Malu no quarto sozinha.

Em seguida, o celular de Malu começou a tocar. Era Lucas. Malu simplesmente o bloqueou. Depois ela foi checar as mensagens.

Lucas: Malu, precisamos conversar.

Lucas: Malu, não faz isso comigo não! Tenha piedade!

Lucas: volta para mim, amor! Vai ser doloroso demais ficar longe de você.

A cada mensagem que Malu lia, mais dor e amargura ela sentia em seu coração. A sua vontade era voltar imediatamente para Lucas. Mas namorar com alguém que trabalhava numa churrascaria era inaceitável para ela.

Foi com muito pesar e muita dor no peito que ela bloqueou Lucas de todos os aplicativos de seu celular.

EntropiaOnde histórias criam vida. Descubra agora