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11°

Assim que virei no corredor vi Andrew pegando suas coisas no chão, "então foi com ele que Peter esbarrou" conclui. Me abaixei o ajudando a pegar suas coisas, pude ver uma das minhas fotos no meio de um livro, não disse nada, guardei ela no mesmo lugar e me levantei.

-Então sua sina é esbarrar nas pessoas?- perguntei, e assim que percebeu quem era And riu, uma risada gostosa.

-Pois é né, pelo menos dessa vez não foi em você, não que eu não quisesse esbarrar em você ... Eu só ...- abaixou a cabeça e me olhou de soslaio - to fazendo de novo né? - perguntou sem graça e eu só balancei a cabeça - desculpa, quer dizer... É que ...- viu minha cara de reprovação - deixa pra la.

Ele tinha todo esse jeito tímido, tão lindo. Parecia uma criança com medo de um estranho, eu o achava tão fofo, esse jeito dele era um contraste ao seu físico.

-Ta indo pra biblioteca?- ele apenas balançou a cabeça afirmando- então vem comigo. Não to afim de ficar sozinha.

Ele me seguiu até a sala reservada onde estava meus matérias, antes de entrarmos ele passou na área reservada das crianças e pegou um espécie de cochao que estava enrolado e levou consigo.

Assim que entramos ele virou a mesa de modo que ela não ocupasse todo o espaço da cabine, jogou o colchão no chão e se sentou.

-Parece estar estudando muito, se eu tocar baixinho não vai te atrapalhar?

-Desde de que não cante desafinado por mim tudo bem.

Ele sorriu e eu percebi que seus olhos sumiam quando isso acontecia.

Começou a dedilhar algumas notas no que eu reconheci como ukelele, eram árcades baixos e suaves, reconheci a musicas pela introdução. Era Arctic Monkeys, ele não cantou como eu havia pedido, eu estava fazendo um dever de química orgânica quando chegou ao refrão, não resisti e comecei a cantarolar baixinho.

Maybe i just wanna be yours

Wanna be yours

Pude perceber que ele tentava tocar o mais baixo possível para escutar minha voz.

Wanna be you vacum cleaner

Ele me interrompeu pigarreando, eu o olhei e sorri.

-Então Chloe, eu não te conheço, e nós estamos sozinhos em uma sala com revestimento acústico, isso é um pouco estranho.

-Ta com medo Andrew? - falei seu nome de uma maneira bem seria e pude ver sua íris aumentando gradativamente de tamanho, não conti o riso.

-Ah para vai, qual é? Não tem graça, eu só quis dizer que não sei nada sobre você, e essa é uma boa oportunidade pra me contar um pouco sobre você, não da pra te tirar da cabeça - assim que disse isso ficou visivelmente corado - é que desde que o ano começou você se tornou o assunto dos corredores.

-Cara, hoje é o primeiro dia de aula.

-Escuto seu nome dês do ano passado, todo mundo dizia que estava chegando o dia que você voltaria, não sei porque, mas parece que tem algo a ver com a escola de artes que vai abrir.

- And, meus pais são donos da escola de artes, eu estava a três anos viajando pra exposição de abertura da escola dos meus pais. Pronto, agora sabe um pouco sobre mim.

- Eu quero mais - disse, mas logo depois pareceu se arrepender - se você quiser me contar lógico.

- Primeiro quero que me conte de você.

- Bem, meu nome é Andrew, não tenho nenhuma história de aventura, meus pais?- falou pensativo- minha mãe é astrônoma e meu pai é músico, ele toca todos instrumentos que colocarem na sua mão, é meio estranho, mas eu gosto. Sou filho único, pretendo fazer letras, sou fissurado pelo significado das coisas...-o interrompi.

-Como assim?

-Seu nome por exemplo, significa verde, esmeralda ou florescente. Seu nome tem a ver com esperança, trás calmaria, você é introspectiva, mas também comunicativa, o que me deixa confuso, seu nome tem origem grega e não tem muitas variações,na verdade só tem uma outra forma que seria sem o H, mas particularmente prefiro do jeito que seu nome é, me soa melhor mesmo não tendo interferência na maneira de pronunciar.

Fiquei um pouco sem jeito com tudo que ele disse, como sabia tanto assim sobre meu nome? Afinal meu nome não era assim tão comum.

-Mas as vezes os significados não se aplicam em todo mundo, pode ter também outros significados que eu não saiba.

-É ... Eu...- parei e olhei pra ele- acho que esse significado diz muito sobre mim sim.

Vi seus olhos fecharem enquanto sorria e me senti confortável.

-Ta bom, vou te contar mais sobre minha vida - dei um longo suspiro e olhei pro teto, também era pintado para parecer o céu, agradeci mentalmente - eu sou tímida como você disse, mas sei me comunicar. Sou apaixonada por música e fotografia, eu respiro fotografia, talvez tenha herdado isso dos meus pais, quando estou atoa gosto de desenhar e escrever coisas, sem um significado maior, simplesmente pra me destrair. Não tenho muitos amigos, na verdade só tinha uma de verdade, mas ela faleceu - dei uma pausa longa e antes que pudesse recomeçar ele me interrompeu.

-Você era amiga da Alicia Elliot?

-Sim, como a conhece?

-Ela é a aluna mais elogiada dessa escola, o novo auditório se chama Licia em sua homenagem, e todo ano quando temos aqueles concursos ridículos de talento sempre fazem uma encenação pra ela, ano passado foi o musical do Peter Pan, era o preferido dela - ele disse de cabeça baixa um pouco sem jeito.

-Ela era diferente de todo mundo sabe, mesmo antes de descobrir que tinha lupus, ela se preocupava com os outros, ela dizia ser sua missão, que todos tínhamos um objetivo aqui na terra, ela levava isso muito a sério.

-Já ouvi histórias parecidas, sobre cada um ter uma missão e permanecer aqui enquanto não a comprisse, se for isso mesmo será que Alicia cumpriu sua missão? Qual seria a missão dela?

Ele estava de fato interessado nessa história, e não só por ser um mistério ele parecia se importar, isso e lembrou Alicia.

-Seja lá qual for a missão dela deve ter feito e muito bem, pois segundo ela Deus a deu até um bonus.

Ele ficou pensativo e derrepente fez uma cara de quem tinha acabado de descobrir um antídoto pra fome no mundo.

-Chloe, eu tava tentando lembra algo sobre esse nome, Alicia - ele me olhou como quem pedia permissão pra continuar, eu me sentei ao seu lado e coloquei minha cabeça em seu ombro, pude senti-lo arfar - esse nome também é de origem grega como o seu, não sei ao certo, mas está ligado a verdade, isso pode significar que ela é uma pessoa realista. Pessoas que tem o nome ligado a verdade normalmente são criativas, responsáveis e muito teimosas. Me da um minuto que vou ver uma coisa.

Disse e se afastou de modo que tive de recolher minha cabeça que estava em seu ombro, pude vê-lo pegando uma pasta, ele tirou uma folha de dentro dela e pediu meu lápis emprestado, ele parecia estar fazendo uma conta literária, vi ele fazendo várias junções com letras e olhando algo que não pude ver em sua pasta, ele a fechou bruscamente com um sorriso triunfante no rosto.

-Quer saber qual a "missão" de Liz - apenas balancei a cabeça para que continuasse- unir as pessoas.

-Como você descobriu isso?

-Eu vi o significado em grego de cada sílaba, fui fazendo junções e cheguei a conclusão, que UNIR, HARMONIA e PRÓXIMO significa isso, minha mãe me ensinou, acho que herdei isso dela.

Ele voltou a dedilhar seu ukelele e eu cantei junto ao som harmonioso. Estávamos a um tempo em silêncio, até que resolvi falar.

-Posso te perguntar um coisa?

-Claro

-Porque guardou uma de minhas fotos com você?