Capítulo 3

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Cléo


Desliguei o telefone e caí no pranto. As lágrimas que eu segurei enquanto falava com Leone, agora desciam livres em meu rosto. Ouvir sua voz mexeu demais com meus sentimentos. Meu coração disparou apaixonado. Eu sabia que não deveria atender, que era melhor ignorar, mas não pude. O que eu sentia por Leone era mais forte do que eu. Mas eu ainda estava muito magoada. Tudo o que aconteceu entre a gente, os bons e os piores momentos, não saíam da minha cabeça. Sentimentos confusos duelavam em mim.

Precisava fazer alguma coisa para começar a esquecê-lo. Então, sequei as lágrimas e enviei uma mensagem para Gustavo. Conversamos um pouco e ele me convidou para sair. Ele não disse o lugar que nós iríamos, apenas falou que haveria um show de um cantor famoso em um bar. Gustavo conseguiu os convites para a gente. Aceitei na hora. Amanhã mesmo eu começaria a tirar de vez Leone do meu coração e da minha vida. Era necessário!

***

A sexta à noite finalmente chegou. Eu estava terminando de me arrumar para sair com Gustavo. Hoje eu optei por um vestido reto branco e sandálias igualmente brancas. Prendi o cabelo em um coque no alto da cabeça e me maquiei. Carreguei na sombra e preferi usar um batom claro. Passei o meu perfume e me olhei no espelho. Gostei do que vi.

Instantes depois, eu descia e encontrava com Gustavo na entrada do meu prédio.

— Uau! Que gata! — ele exclamou me comendo com os olhos.

— Obrigada. — Eu o cumprimentei com dois beijinhos no rosto.

Gustavo fazia jus ao apelido que Paulinha deu: Gustavo-gato. Ele era bonito e hoje estava muito sensual, vestindo uma camiseta colada que deixava em evidência seu peitoral definido, calça jeans escura e sapato. O cabelo castanho claro estava arrepiado, cheio de gel e ele cheirava muito bem. Cheiro de perfume caro. Embora eu o achasse um gato, eu não me sentia atraída por ele. E isso me deixava muito frustrada.

Gustavo chamou um táxi e saímos. Chegando ao local, eu me dei conta de que o bar era o mesmo que eu estive com Paulinha e Leandro, comemorando a minha aprovação na primeira etapa do processo seletivo. Lembrei-me que encontrei Leone ali naquela noite, acompanhado de uma mulher. E se ele estivesse ali agora? Como eu reagiria? Fiquei um pouco nervosa.

— Gustavo, é esse o bar que você havia falado? — perguntei ao descer do táxi.

— Sim, gata. Hoje tem show privado do Safadão. — Ele piscou um olho dando o braço para mim.

Dei um sorrisinho amarelo e enlacei meu braço ao dele. Nós entramos e Gustavo apresentou os convites. O recepcionista assentiu, nos conduzindo até uma mesa, que ficava em um dos camarotes do bar. Nós nos sentamos e eu olhei ao redor, apreensiva. Não queria ver Leone, embora meu coração dissesse outra coisa. Mas eu rezava que ele não estivesse ali.

Um barman se aproximou e nos serviu. Gustavo preferiu cerveja e eu uma dose de martini. Beberiquei a bebida e olhei ao redor. No camarote só tinha pessoas bonitas e da alta sociedade. Gente rica, pelo que eu pude perceber. Mulheres exuberantes, com corpos esculturais, pele bem cuidada, vestindo roupas de marca e usando joias. Homens malhados, do mesmo estilo das garotas.

Olhei para mim mesma e fiz uma careta. Eu havia perdido um pouco de peso. Não era mais aquela Cléo cheia de curvas. Depois do que aconteceu na minha vida pessoal e profissional, eu quase não comia. Passei algumas semanas sem apetite, sem ânimo para nada. Sacudi a cabeça. Não gostava de pensar nisso.

— Eu já disse que você tá gata, né, Cléo?

A voz de Gustavo me despertou. Girei a cabeça e encontrei seus olhos castanhos esverdeados fixos em mim. Dei um meio sorriso.

Manual de um cafajeste - regras de amorOnde histórias criam vida. Descubra agora