Capítulo 4

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Cléo


Assim que cheguei, eu fui à luta. Comecei a deixar meu currículo em várias empresas, mas as respostas não foram muito animadoras. O mercado de trabalho estava em crise e eram poucas as firmas que estavam contratando. Fiquei desanimada. Até que um dia, o porteiro do meu prédio me contou que uma empresa concorrente do Leone no ramo de confecções precisava de uma secretária. O currículo não exigia muito, já que a firma trabalhava no ramo de confecções de cama, mesa e banho. Não era o emprego dos sonhos, mas como eu tinha que pagar minhas contas atrasadas, eu fui até lá.

— Parabéns pelo seu currículo, Cléo! — Hélio, o chefe, sorriu para mim.

— Obrigada!

— Gostei tanto que vou contratá-la em regime de experiência de sessenta dias. Se você corresponder às nossas expectativas, a gente efetiva você.

— Muito obrigada! — agradeci contente. — Quando eu começo?

— Amanhã. Mas hoje você virá comigo ao departamento pessoal. Vamos fazer seu cadastro.

Saí radiante. Finalmente eu consegui um emprego para pagar minhas contas, para viver. Era complicado recomeçar tudo de novo. Ainda mais com o coração espezinhado por causa de um amor não correspondido, por causa de uma armadilha feita por Ariane. Seria difícil, mas eu superaria.

***

Uma semana depois...

Eram quase 18h quando cheguei em casa. Entrei e me deparei com um buquê de rosas vermelhas em cima da mesinha de centro. Estremeci. Não podia ser do Leone. Eu deixei claro para a Paulinha que era para ela jogar as flores no lixo. Talvez o Leandro tenha dado para a namorada, já que eles reataram e estavam falando até em se casar. Só podia ser um presente do Leandro.

Deixei a chave no console e fui até a cozinha. Estava me servindo de um copo de água gelada quando a Paulinha chegou. Ela acabara de sair do banho usando uma toalha na cabeça, short e regata.

— Cléo, você viu as flores?

— Sim! São lindas! Parabéns! Lê é um homem de bom gosto — falei bebericando a água.

— Elas não são para mim. São para você!

— Para mim?! — exclamei pasma.

— Sim... São do Leone. Eu li o cartão. Desculpe, mas tive que assinar a encomenda.

Quase engasguei com a água. Meu coração deu um salto mortal e as borboletas ficaram assanhadas. Pare com isso, Cléo! Não se iluda! Leone só quer limpar a barra com você!

Fui até a sala. As rosas eram lindas e cheirosas. Junto, estava um cartão. Com os dedos trêmulos, eu abri e li a mensagem:

"Cléo, por favor, me perdoe. Volte para minha vida. Eu sinto tanto sua falta. Estou perdido sem você. Por favor, volte para mim!

Leone"

Engoli em seco. Fechei os olhos. Senti uma fisgada no meu peito. Eu também sentia saudade dele. Muita! Demais! Mas não podia voltar para a vida de um homem que não acreditava na minha palavra, que duvidou do meu caráter e que tinha em seu caderninho de regras de como seduzir uma mulher, o meu nome escrito. Várias vezes. Regras exclusivas feitas para mim. Isso me feria demais.

Abri os olhos. Voltei para a cozinha e joguei as flores no lixo. Paulinha me encarou de olhos arregalados, perplexa. Ela abriu a boca. Fechou. Abriu de novo. Parecia um peixe. Eu sabia que ela torcia para que eu perdoasse Leone e voltasse com ele, mas isso não aconteceria.

Manual de um cafajeste - regras de amorOnde histórias criam vida. Descubra agora