Capítulo 5

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Cléo


A sexta à noite finalmente chegou. Eu estava terminando de me arrumar para sair com Gustavo. Hoje eu optei por um vestido reto branco e sandálias igualmente brancas. Prendi o cabelo em um coque no alto da cabeça e me maquiei. Carreguei na sombra e preferi usar um batom claro. Passei o meu perfume e me olhei no espelho. Gostei do que vi.

Instantes depois, eu descia e encontrava com Gustavo na entrada do meu prédio.

— Uau! Que gata! — ele exclamou me comendo com os olhos.

— Obrigada. — Eu o cumprimentei com dois beijinhos no rosto.

Gustavo fazia jus ao apelido que Paulinha deu: Gustavo-gato. Ele era bonito e hoje estava muito sensual, vestindo uma camiseta colada que deixava em evidência seu peitoral definido, calça jeans escura e sapato. O cabelo castanho claro estava arrepiado, cheio de gel e ele cheirava muito bem. Cheiro de perfume caro. Embora eu o achasse um gato, eu não me sentia atraída por ele. E isso me deixava muito frustrada.

Gustavo chamou um táxi e saímos. Chegando ao local, eu me dei conta de que o bar era o mesmo que eu estive com Paulinha e Leandro, comemorando a minha aprovação na primeira etapa do processo seletivo. Lembrei-me que encontrei Leone ali naquela noite, acompanhado de uma mulher. E se ele estivesse ali agora? Como eu reagiria? Fiquei um pouco nervosa.

— Gustavo, é esse o bar que você havia falado? — perguntei ao descer do táxi.

— Sim, gata. Hoje tem show privado do Safadão. — Ele piscou um olho dando o braço para mim.

Dei um sorrisinho amarelo e enlacei meu braço ao dele. Nós entramos e Gustavo apresentou os convites. O recepcionista assentiu, nos conduzindo até uma mesa, que ficava em um dos camarotes do bar. Nós nos sentamos e eu olhei ao redor, apreensiva. Não queria ver Leone, embora meu coração dissesse outra coisa. Mas eu rezava que ele não estivesse ali.

Um barman se aproximou e nos serviu. Gustavo preferiu cerveja e eu uma dose de martini. Beberiquei a bebida e olhei ao redor. No camarote só tinha pessoas bonitas e da alta sociedade. Gente rica, pelo que eu pude perceber. Mulheres exuberantes, com corpos esculturais, pele bem cuidada, vestindo roupas de marca e usando joias. Homens malhados, do mesmo estilo das garotas.

Olhei para mim mesma e fiz uma careta. Eu havia perdido um pouco de peso. Não era mais aquela Cléo cheia de curvas. Depois do que aconteceu na minha vida pessoal e profissional, eu quase não comia. Passei algumas semanas sem apetite, sem ânimo para nada. Sacudi a cabeça. Não gostava de pensar nisso.

— Eu já disse que você tá gata, né, Cléo?

A voz de Gustavo me despertou. Girei a cabeça e encontrei seus olhos castanhos esverdeados fixos em mim. Dei um meio sorriso.

— Sim... Você já disse.

— Uma gata como você... É difícil de acreditar que ainda esteja solteira. — Seus olhos passearam em meu corpo.

— Pois é... É uma opção minha — disfarcei o leve incômodo e dei um gole no martini.

— Ah, mas isso vai acabar hoje. Tenho planos para a gente, depois do show. — Ele deu uma piscadinha maliciosa para mim.

A maneira como ele me olhava era a de um predador que espreita sua caça. Não serei sua presa, Gustavo-gato. Nem morta!

— Eu estou um pouco cansada. Acho que depois do show, eu vou direto para casa. — Dei uma desculpa.

— Que é isso, Cléo?! A noite é uma criança. — Ele abriu um largo sorriso enquanto bebia sua cerveja.

Não me importei com seu jeito safado. Um homem subiu ao palco e chamou o cantor Wesley Safadão, que entrou ao som de gritos, assobios e uma salva de palmas. Nós nos levantamos e o show começou. Gustavo parecia animado cantando versos das músicas do Safadão. Ele me olhou e seus olhos brilharam, cheios de segundas intenções. Quando dei por mim, Gustavo me puxou e nós começamos a nos mover ao som da música.

Manual de um cafajeste - regras de amorOnde histórias criam vida. Descubra agora