Capítulo quatro: Confiando.

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Os pesadelos haviam tomado conta de mim naquela madrugada fria, eu acordei suando e com lágrimas brotando no canto dos olhos, estava ofegante, tentando fugir da minha realidade. O relógio preso na parede da cozinha indicava quatro e meia da manhã, como sempre, eu não conseguia dormir sem ser atormentado nos sonhos.

É horrível se sentir sufocado. Ora, não me digam que sou o único, afinal sei que não sou. Não sou o único que no meio de uma crise existencial se isola no quarto e chora até não poder mais. Não sou o único que se sente estúpido demais para merecer tal vida que tenho. Mas aí que está: eu não mereço, e o que eu mais quero é merecer. As pessoas tentam me ajudar e adivinha o que eu faço? As afasto. Por que? Por que sou um tremendo idiota. Todo santo dia eu fico sufocado com meus próprios pensamentos horríveis, com minhas paranoias. Eu faria algum comentário cômico para aliviar toda essa minha tensão, mas eu não estou conseguindo.

Por que nada sai como eu planejo? Por que tudo dá errado? Por que sou tão burro? Eu posso jurar que ouço meu subconsciente nesse exato momento gritando: "Merda, Park Jimin! Faça algo direito uma vez na vida! Realize a porra das suas vontades!" Mas, sabe... Não consigo. Não agora, porque nesse momento eu não sei mais se quero estar vivo, ou se quero morrer quando outro ano vier.

Abri o armário do banheiro e peguei os diversos frascos de remédio com as mãos trêmulas, engoli todos aqueles que eu vi de uma vez, isso teria que acabar de alguma forma. Me apoiei na pia e limpei o suor da testa com as costas da mão.

— Hyung? – o sussurro de JungKook atrás de mim fez meu coração acelerar, e eu estava em dúvida se era pelo susto.

Dei um suspiro profundo.

— ​Sabe, hyung, ultimamente você não tem visto as estrelas... O que está havendo?

Mordi o lábio para não chorar, mas mesmo assim eu deixei que uma lágrima descesse pelo meu rosto.

— Eu não acho que elas queiram me ver, JungKook – sussurrei e me virei pra ele, a sua expressão preocupada foi a última coisa que eu vi.

Então é essa a sensação de se estar morrendo?

. . .

Abri os olhos devagar, já que a claridade estava praticamente me cegando, olhei em volta. Estava sozinho, de novo, e dessa vez era deitado numa cama de hospital com uma agulha conectada ao meu braço, e ao meu lado uma bolsa de soro pendurada, pingando lentamente. Sem nada para fazer aqui, eu observava cada gotinha e suspirava num intervalo curto que cada uma tinha. Passaram-se duas horas assim e eu já estava mofando ali em cima.

Nem para cometer suicídio você serve, Jimin.

— Park Jimin? – ouvi uma voz desconhecida, parei de fitar a bolsa de soro e olhei para a porta. Um homem bem alto, de voz grossa e vestindo um jaleco, estava me olhando enquanto segurava uma prancheta.

— Sim?

— Sou Park Chanyeol, seu médico – sorriu — Como você se sente?

— Fisicamente ou emocionalmente? – perguntei.

— Hm, fisicamente.

— Fisicamente é como se um caminhão tivesse passado por cima de mim, mas acho que eu estou bem, pelo menos estou vivo. Ou então isso aqui é tipo o purgatório ou uma amostra grátis do inferno.

Ele riu.

— A boa notícia é que você está vivo.

— Boa só para você né, que tá ganhando dinheiro enquanto cuida de mim – soltei um som de deboche e desviei o olhar.

366 Dias | jikook [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora