"E porta-te bem, se puderes HAHAHA", estas foram as ultimas palavras do pai antes de se ausentar do comboio depois do aviso prévio feito pelo mesmo que iria fechar as portas dentro de momentos, para que Ema pudesse partir em viagem, assim como todos os outros passageiros alí presentes.
Ema, que acabara de descobrir o seu lugar entre pessoas estranhas, era uma rapariga alta, de olhos de um tom azul safira, com uma pele clara e pálida, fazendo lembrar flocos de neve e com o cabelo de uma cor tão radiante como raios de sol, tinha completado recentemente dezasseis anos mas na sua expressão sã e adulta parecia uma pessoa madura para a idade, no entanto esta era a sua primeira viagem de comboio, entre muitas já feitas até então, em que viajava sozinha.
E embora fosse a sua primeira viagem sozinha, Ema tinha plena noção que já tinha feito aquele trajecto milhentas vezes como seu pai, que estava naquele momento, fora do comboio, acenando freneticamente para o vidro, de onde se via a imagem da filha, que parecia divertida com a sua preocupação e imaginava que devia estar a pensar algo parecido como "parece que foi ontem que tinhas dois anos e feito a tua primeira viagem para cá".
Os pais de Ema eram separados e, embora mantivessem uma boa relação de amizade,esta vivia só com a mãe, mas a todos os anos, duas vezes por ano, apanhava o avião e ia passar tempo com o seu pai e com o resto da sua família da parte paterna. Ema não tinha nenhuma memória dos pais juntos e por vezes brincava com isso dizendo que tinha sido um milagre ela ter nascido mas sabia que estes tinham se conhecido numa viagem feita por ambos, onde o destino os tinha acabado por fazerem-se cruzar e Ema sempre fazia várias histórias na sua cabeça sobre esse encontro e pensava na sorte que tinha por ter aqueles pais.
Aterrando das suas ideias e pensamentos verificou que o comboio se começava a movimentar e, olhando para a janela acenou para o pai que ia sendo deixado para trás enquanto o comboio ganhava movimento e começava a correr. "Bem, agora tenho que pensar no que vou fazer nestas quatro horas de viagem" disse para si mesma, enquanto tirava as suas opções da mochila: ler um livro de Harry Potter : Monstros fantásticos e onde encontá-los, escrever sobre os dias passados com o seu pai no seu caderno de viagens, ver uma série na netflix com o seu telemóvel ou simplesmente mandar mensagens aos amigos a contar a viagem até alí.
Foi enquanto pensava nas suas sugestões de viagem que reparou, desviando o seu olhar para a diagonal, num rapaz que olhava para ela e, sentindo que os seus olhares se cruzaram por muitos segundos, desviou o olhar, envergonhado. O rapaz era alto e bem constituído, tinha os olhos de um tom verde claro que contrastavam com o seu cabelo curto,encaracolado e de um preto quase petróleo, tinha tal como Ema, a pele branca e pálida que se encontrava agora com a face avermelhada devido aquela troca de olhares.
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o rapaz do comboio
RomanceDOIS adolescentes de países diferentes UMA viagem com um destino igual e UM romance por acontecer