o rapaz do comboio

Ema

Não se tinham passado nem duas horas de viagem e Emma já se sentia aborrecida por estar sentada naquele comboio sem fazer nada e a olhar para a paisagem lá fora que mal se via devido à velocidade e que parecia sempre igual . Já tinha feito todas as suas opções e até tinha gasto dinheiro em comida que serviam no comboio,sentia-se até aborrecida a ler o seu livro de uma escritora que tanto admirava e em que sonhava um dia poder conhecer, nada mais que JK Rowling, que sempre a surpreendia com os seus fantásticos livros de Harry Potter e agora com a continuação da saga com montros fantásticos, e agora só lhe restava esperar que a viagem continuasse enquanto inventava sugestões novas ou fazia apenas o básico : falar no seu telemóvel com os amigos enquanto a viagem decorria e apanhar uma enorme seca, pensando que se nada fizesse acabaria por criar raízes naquele banco.

Por vezes, quando se cansava de pensar, de escrever, de olhar para a paisagem monótona ou de fazer alguma das suas opções, começava a admirar o rapaz misterioso da sua diagonal, pensando qual a razão de, sempre que os seus olhares se cruzavam, este desviar os olhos envergonhado. Já tinha até inventado inúmeras opções para isso estar a acontecer.

Na sua cabeça havia várias razões possíveis e entretinha-se a pensar nelas no decorrer da viagem, para passar o tempo ou talvez por motivos maiores que não sabia ainda explicar :a primeira e a que ela achava um pouco provável era que o rapaz poderia gostar dela e estava a ver se ela lhe dizia alguma coisa ou se ganhava a coragem para ele mesmo dizer qualquer coisa , a segunda e a que a preocupava um pouco embora não admitisse, era que o rapaz tivesse apenas a olhar por olhar e não quisesse saber dela, a última e não a menos provável para Emma era de ter sido um mero acaso o primeiro olhar envergonhado e ele nem querer saber dela.

Também reparava no jogo de cartas que este estava a fazer com a mãe e a irmã e ria-se das brincadeiras que fazia com ambas, enquanto este se ria ao ver Ema interessanda, tentando não parecer totalmente apaixonado por ela, embora esta ainda nem sequer desconfiasse. Entretanto também reparara que o rapaz escrevera ou desenhara qualquer coisa num papelinho e Ema estava longe de esperar ou pensar que aquele papel fosse tão importante e mudasse tudo até alí.

Quando faltava apenas uma hora para a sua viagem terminar, o comboio parou para uma última paragem antes da sua. Era a paragem do rapaz da sua diagonal. Emma observou o rapaz a preparar calmamente as coisas para sair e pensou em como nunca iria falar com ele e algo dentro dela a fez entristecer . Ema estava quase a perder as esperanças de alguma vez saber o seu nome quando finalmente uma coisa aconteceu.

Antes do rapaz se ir embora e, aproveitando o facto de a sua família ir a frente e não estar a olhar para ele, este ganhou coragem e deitou um papel a Ema,o papel que tinha estado a escrever e que Ema tanto ansiava em ver . Ema, atónita e apanhada desprevenida fica a olhar para o rapaz até ele se ir embora como quem não percebe o que acaba de acontecer.

Assim que se apercebe que ele foi, Emma, tentando sair das vistas das pessoas ao ser redor que tinham visto aquele papel sobrevoar sobre a perna dela, e que estavam a cochichar com o parceiro do lado curiosos para saber se estes tinham alguma ideia do que era ou se achavam que era a ideia deles, abriu o papel, que na verdade era um bilhetinho, no qual dizia: "Olá. O meu nome é Lucas. Embora não tenha falado contigo nesta viagem por falta de coragem, adorava conhecer-te melhor e tinha uma coisa importante para te dizer. Sei que nem sabes quem eu sou e se podes confiar em mim mas pedias que mandasses mensagem para o número *********" Emma, sorrindo para si mesma,curiosa de saber o que o rapaz tanto lhe queria dizer, marcou o número no seu telemóvel e, depois de muito pensar, ganhou coragem e mandou uma mensagem de "olá" que levou ao inicio desta história.